Eu acordei com o cheiro de café fresco, na minha cozinha familiar, mas algo estava terrivelmente errado. Minhas mãos eram jovens, sem as marcas de uma vida que eu me lembrava ter vivido. Então, veio como um raio: o fogo, o carro retorcido. A imagem do meu marido, Rafael, destruído no tribunal. E eu, pulando daquela ponte, com o ódio da internet ecoando em meus ouvidos. Eu morri. Mas agora, eu estava viva. Na minha cozinha. No dia em que tudo começou. Na minha vida passada, este era o dia em que Beatriz, uma influenciadora de "empoderamento feminino" obcecada por um produtor musical chamado Carlos, me filmou e me rotulou de "esposa submissa". Começou com um vídeo inocente do café da manhã e terminou com minha vida virada de cabeça para baixo. Contratos cancelados, assédio à minha família, a saúde do meu pai se esvaiu. Rafael tentou lutar, mas a justiça foi lenta e a internet cruel. Perdemos tudo. Eu fui apenas um dano colateral na guerra pessoal dela. Eu não entendia por que tanto ódio. Como um simples vídeo pôde destruir tudo o que eu amava? Parecia uma piada cruel do destino. Mas desta vez, não haveria um fim trágico. Não iria chorar. Não iria processar. Eu transformaria o rótulo de "esposa ideal" na minha maior arma, e lhes daria um espetáculo. E Carlos e Beatriz iriam pagar.