Meu nome é Sofia Almeida, e nasci com um coração que não deveria me permitir amar tão intensamente. Para salvar Lucas, o homem que eu amava e que estava preso a uma cadeira de rodas por uma doença degenerativa, sacrifiquei minha própria vida, gota a gota do meu sangue, para curá-lo. Mas a cura dele trouxe uma doença para a nossa relação. No dia em que Lucas voltou a andar, ele me chutou para fora de casa, trocando todas as minhas noites em claro por uma frieza que eu jamais imaginei que existiria nele. Um mês depois, ele me convidou para uma festa de gala. Era a celebração de sua "recuperação milagrosa". Mal eu sabia, era a minha humilhação pública. Diante de todos, ele insinuou que eu era uma fraude, que minhas criações eram uma farsa, e então, em um jogo cruel, ele me obrigou a tentar identificar meus próprios protótipos entre cem cópias e peças genéricas. Para cada erro, uma das minhas criações seria destruída. Meu coração gritava à medida que minhas obras de arte, meus "filhos" nascidos da dor, eram rasgados e queimados por ele e sua irmã, Mariana, a quem ele chamava de "mártir". Eles copiaram minha assinatura secreta, uma pequena estrela que eu bordava em cada peça, para me confundir. O jogo era armado para que eu nunca vencesse. Desesperada para proteger a última peça, o vestido de noiva que eu havia sonhado em usar com ele, confessei a mentira que eles queriam ouvir. "Sim," eu disse, a palavra rasgando minha garganta. "Eu menti sobre tudo." Quando ele tentou me forçar a comer os restos do meu vestido destruído, uma dor lancinante atingiu meu peito, e meu coração parou. Mas, de alguma forma, isso ativou a conexão que nos unia, e Lucas desabou, agonizando com a mesma dor, revivendo todas as minhas memórias de sacrifício e traição. Foi então que meu pai e irmã chegaram. Encenamos minha morte. Lucas, agora em um surto de loucura e desespero, me roubou dos braços do meu pai, me embalou e fugiu. A perseguição terminou em um acidente fatal. Ele se foi, levando com ele uma dor que eu não sentia mais. Eu, Sofia, renasci. Não em um sonho, mas na verdade. Longe do veneno, do sofrimento. Lembro-me dele, não com ódio, mas com a calma de quem sobreviveu. Vivo e crio em paz, deixando o passado para trás.