A festa de noivado deveria ser meu coroamento. João Carlos, o imperador do Carnaval, prometeu-me o mundo, o título de Rainha da Unidos de Vila Rica. Eu, Maria, a Folha de Lótus, flutuava em um sonho de luxo e amor. Então, Sofia irrompeu, uma mulher em prantos, balbuciando sobre promessas e um filho. "Eu sou a mãe do seu filho!", ela gritava. O sorriso dele sumiu, e ele, meu noivo, rasgou o vestido dela, humilhando-a publicamente. Mas o horror apenas começara. João Carlos, então se virou para mim, seus olhos frios me analisando como se eu fosse um objeto. "Você não será mais a Rainha, o seu lugar não é no topo, você será a madrinha de bateria, um prêmio de consolação", ele cuspiu. A humilhação me atingiu como uma onda, roubando meu ar. Naquela mesma noite, ele me empurrou contra a parede e ordenou a seus seguranças: "Ela precisa aprender uma lição sobre respeito, mostrem a ela." Um tapa, seguido pela dor e pela visão turva. Sofia, a ex-noiva, se aproximou, com um falso ar de preocupação, seus olhos brilhavam de triunfo. Ela me manipulava, me vendo sofrer, e então vi, perto do olho dela... uma marca de nascença vermelha, idêntica à minha. Essa coincidência gelou minha espinha, mas a dor e a raiva eram mais fortes. Eu não precisava de sua pena. Eu era a peça principal de um sacrifício orquestrado. Eles pensaram que me quebraram, mas apenas despertaram a mulher que eu não sabia que existia. A Folha de Lótus estava morta. Maria nascia das cinzas, pronta para a guerra.