A tela do tablet brilhava no escuro do apartamento, revelando a manchete que selaria meu destino. "Jovem Talento Pedro Revela Projeto Inovador e Garante Estágio com a Renomada Arquiteta Dona Clara." Abaixo da foto sorridente do calouro Pedro, estava o MEU projeto, o fruto de três anos da minha vida, e meu nome, um mero "assistente de pesquisa" em letras minúsculas. Minha noiva, Ana, lixava as unhas sentada na cama, indiferente à bomba que acabara de explodir em minhas mãos. "O que é isso, Ana? O MEU projeto?" explodi, mas ela me olhou com uma calma irritante, como se eu fosse uma criança fazendo birra. "É só um projeto, Miguel. Você é talentoso, pode fazer outro," ela disse, as palavras me atingindo como pedras. A fúria subiu. Não era "só um projeto". Era meu sonho, minha chance de trabalhar com Dona Clara – e ela o entregou a outro, dizendo que era "para ajudar alguém que precisava mais". A manipulação em sua voz, as mentiras que começavam a se desvendar, o projeto estraçalhado em minhas mãos após jogá-lo contra a parede. Então a voz dela: "Eu amo o Pedro!" Essa confissão foi o golpe final. A traição era profunda demais para ser curada. Meu coração se quebrou, mas a raiva, que antes me cegava, agora me impulsionava. Não era apenas meu projeto, era minha alma que ela tentava apagar. Eu não era mais o tolo apaixonado. Estava pronto para lutar. Eu peguei meu telefone, meus dedos tremendo enquanto discava o número do meu pai.