Minha vida estava prestes a virar de cabeça para baixo, mas eu ainda não sabia. Se alguém me dissesse que no nosso aniversário de casamento, eu encontraria meu marido, Pedro, rindo com a ex-amante dele e nossa filha, Ana, em um jantar de luxo, eu teria rido na cara dessa pessoa. Mas a verdade é que o castelo de cartas que eu chamava de lar desabou de uma vez. Pior que a traição sexual ou financeira que eu já suspeitava, foi a crueldade. Ana, minha filha, que eu criei com tanto amor, revelou com um sorriso zombeteiro o "ingrediente especial" do ensopado que estavam comendo. Era Fofinho, meu coelhinho de estimação. Aquele bichinho indefeso, meu único consolo, foi brutalmente assassinado e servido na mesa deles, com a cumplicidade da minha própria filha. A dor da traição se misturou ao horror mais profundo. Como eles puderam ser tão monstruosos? Minha filha, a pessoa por quem eu sacrifiquei tudo, ria da minha dor e ajudava a me destruir. Em meio ao caos do restaurante, com os olhos vidrados de fúria e o coração em pedaços, eu joguei um copo de água no rosto da amante de Pedro. E então, com uma voz que eu não reconhecia, mas que era mais firme do que nunca, eu disse: "Pedro, eu quero o divórcio." Ele ainda não entendia. Ele achou que era só por causa do coelho. Mas era por tudo. Era a descoberta de que eu vivia com monstros. E essa noite, o jogo deles mudaria para sempre.