O envelope pardo pousado na mesa da cozinha quebrou a rotina de Ana Lúcia. Dentro, um acordo de divórcio, assinado por Marcos, seu marido, datado de seis meses atrás. Seis meses de beijos, "bom dia" e noites na mesma cama, tudo uma farsa. A traição a atingiu como um golpe físico, roubando-lhe o ar e a memória das promessas de "nunca te deixarei". A vida que ela pensava ter era uma mentira cruel. Naquela noite, escondida na escuridão, Ana Lúcia ouviu a voz de Marcos sussurrando para Isabela: "Ela não suspeita de nada... O médico disse que o estado dela ainda é frágil, qualquer choque pode ser perigoso... Não, claro que não a amo. Ela é uma obrigação, um fardo que logo vou me livrar." A dor se transformou em uma fúria fria e cortante. Ela, um fardo frágil? Ele e a amante a subestimaram. Ana Lúcia não chorou, não rasgou o papel; com uma calma aterrorizante, guardou-o como uma declaração de guerra. Ela desapareceria, mas não como a vítima que ele imaginava. Ele a faria se arrepender de cada mentira, de cada toque falso, de cada palavra de amor envenenada, e a vingança seria sua única companhia.