A dor aguda no meu ventre, um eco fantasma de uma vida que se esvaía, me despertou. Abri os olhos, o cheiro familiar de sândalo preenchendo o quarto, mas por um instante, não soube onde estava. Então, a memória me atingiu como uma onda violenta: a poção amarga que Clara me forçou a beber, o sangue manchando minhas coxas, a vida do meu filho se desvanecendo junto com a minha. As últimas palavras dela ecoaram, cheias de desprezo: "Como posso deixar uma bastarda me dominar?" Eu estava morta, lembrava-me do frio, da escuridão. Mas agora, estava viva! Minhas mãos não eram esqueléticas, minha barriga estava lisa, mas com uma sutil pulsação de vida. Era o dia em que o médico da corte confirmou minha gravidez. Eu havia renascido. Uma risada seca escapou dos meus lábios, misto de soluço e alívio. A dor, a raiva, a traição – tudo ainda queimava em mim, mas junto à agonia, surgiu uma determinação fria e cortante. Desta vez, as coisas seriam diferentes. Clara, minha irmã adotiva, a quem eu ingenuamente amei e confiei, me roubou tudo na vida passada: meu marido, meu filho, minha vida. Lucas, meu marido, o Quarto Príncipe, viu-me apenas como um recipiente para seu herdeiro, e sua afeição foi facilmente desviada pela manipulação de Clara. Eu fui uma tola, acreditando que o amor solidificaria nosso casamento. Minha felicidade foi o gatilho para a inveja dela, o início do meu fim. Eles me destruíram, e eu morri acreditando em sua bondade, sem saber da teia de mentiras e traições. Em meio ao desespero, fui incapaz de lutar, de entender por que tanto ódio. Mas agora, a sabedoria da morte me trouxe de volta. Este não seria um conto de vítimas, mas de vingança. Com um sorriso gelado e um plano meticuloso, prometi a mim mesma que os faria pagar. Desta vez, eu protegeria meu filho. Eu seria a manipuladora, a estrategista. O jogo havia apenas começado. E o primeiro movimento seria mandar uma mensagem para Clara: "Tenho ótimas notícias e quero compartilhá-las com você primeiro."