O mundo desabou quando o médico disse que a perna do meu filho, Leo, precisaria ser amputada. Em pânico, liguei para o meu marido, Miguel, que mal se dignou a atender. A voz dele, irritada, veio do outro lado: "Estou ocupado, não vês o caos? A Sofia está em pânico, o gato dela, o Mimo, desapareceu!" Ele estava a ajudar a irmã com um gato perdido, enquanto o nosso filho jazia sedado, a sua perna esmagada. A minha mão tremia enquanto ele gritava ao telefone, defendendo o tempo gasto com a irmã "frágil". Mas então, a voz trémula da minha cunhada, Sofia, chegou claramente pelo telefone: "Pedro, Miguel, muito obrigada. Se não fossem vocês, eu não sei o que faria." Fiquei ali, em choque. E o meu sogro, Pedro, que sempre desprezou o meu filho, ligou-me depois, a repreender-me: "Helena! Como é que educaste o teu filho para ser tão fraco? Os homens aguentam a dor! Ele está a fazer um drama por nada!" O meu filho de sete anos ia perder uma perna, e o avô chamava a isso "drama por nada"? Como o meu marido e a sua família podiam ser tão cegos e desumanos, priorizando uma mulher adulta e um gato a uma criança de sete anos que perdeu um membro? A revelação mais chocante veio da minha sogra: Miguel não estava a ajudar a irmã por causa de um gato, mas para encobrir um caso sórdido e proteger a "honra" da família. Naquela noite, olhei para o meu filho e soube: a guerra tinha começado. Eu me divorciaria, enfrentaria o inferno, e protegeria o Leo de uma família que valia menos do que a perna que ele perdera. Aquele hospital seria o nosso refúgio. E a minha vingança seria construir uma nova vida de paz e sucesso para nós dois.