No nosso décimo aniversário de casamento, preparei o jantar preferido do meu marido, Pedro. Bife mal passado, exatamente como ele gostava. Mas ele não apareceu. O telefone tocou incessantemente. Quando ele finalmente atendeu, não foi a voz dele que ouvi. "Olá? Quem fala?", uma voz sonolenta e familiar perguntou. Era Sofia, a sua assistente. E então, ela chamou-o de "querido". Ele esqueceu-se. Não só do nosso aniversário, mas de mim. Ligou-me na cara, chamando-me de dramática, enquanto a sua amante estava no mesmo quarto, talvez na mesma cama. No dia seguinte, na empresa, vi a cena com os meus próprios olhos: o olhar dele para ela, o pânico quando nos viu, e a forma como a Sofia, com um sorriso cínico, insistiu que almoçassem todos juntos. Ouvir a Sofia em sussurro, perguntar: "Ela sabe?", e a resposta dele, ainda mais baixa, "Acho que sim," partiu-me o coração. Mas foi a pior parte. Chegou a casa e admitiu tudo, pedindo mais uma chance, dizendo que me amava. Mas quando pedi o divórcio, ele, o homem que jurei amar, recusou-se a assinar os papéis. Ele estava a contestar a divisão dos bens, a alegar que eu não merecia quase nada. Ele, que disse amar-me, queria ver-me sem um tostão, inclusive ameaçando a herança do meu pai. O vazio deu lugar à raiva fria. Ele quer uma luta? Ele vai ter uma.