No primeiro aniversário da morte do meu filho Lucas, eu estava no cemitério, em frente à sua pequena lápide. O meu marido, Tiago, ligou, e a sua voz estava cheia de pânico e... impaciência. Ele gritou, acusando-me de ser egoísta por estar ali, enquanto a minha sobrinha Sofía precisava de ajuda. "Já perdeste um filho, queres perder a tua sobrinha também?", disse ele, com um tom que me fez sentir a pior pessoa do mundo. Até a minha mãe ligou, a ecoar as mesmas acusações, a chamar-me insensível, a dizer para eu "seguir em frente". Ela defendeu o Tiago, dizendo que ele tinha sido "tão paciente" desde que o Lucas se foi. Eu estava quebrada, mas as suas palavras cruéis não me atingiram mais. Num sussurro calmo, disse algo que os silenciou: "Nós vamos divorciar-nos." A minha mãe ficou chocada, mas eu fui mais longe, revelando a verdade que me corroía. "Foi ele que desligou o ventilador do Lucas." O silêncio do outro lado da linha foi ensurdecedor. Eles mentiram. Todos eles. A verdade cruel estava escondida nas páginas do diário da minha irmã, que eu encontrei por acaso. Lá, escrito a sua própria caligrafia, estava a confissão: o Tiago desligou a máquina, subornou a enfermeira e deixou-me afogar na culpa de não ter estado lá. Durante um ano, culpei-me pela morte do meu filho, destruí-me por dentro, enquanto quem eu amava encobria um crime hediondo. Mas agora que sei a verdade, o homem que me quebrou vai pagar. A mamã vai fazer justiça por ti, meu filho.