Meu coração congelou quando a avó do meu marido caiu e bateu com a cabeça. Mas em vez de vir ter comigo, Pedro, em pânico, disse-me: "Não venhas, a Laura já está a caminho. Ela é médica, sabe o que fazer. Fica em casa." A Laura, a ex-namorada de Pedro, continuava a ser a heroína perfeita para a família dele; eu era a mera "substituta". Ignorei as ordens e fui para o hospital, esperando que a minha presença fizesse alguma diferença. No corredor das urgências, deparei-me com a cena: Laura, de jaleco branco, a comandar, os pais de Pedro a acenar com gratidão e o meu marido ao lado dela, com admiração nos olhos, como nunca me olhou. Ninguém reparou na minha chegada. Senti-me uma estranha, observando um momento familiar íntimo onde eu não cabia. A minha sogra, Sra. Almeida, viu-me e a sua expressão calorosa desvaneceu-se. "Sofia? O que estás aqui a fazer? O Pedro não te disse para ficares em casa?" O Pedro sibilou que eu não devia ter vindo, que a Laura estava a tratar de tudo. Ele tratava-me como um mero inconveniente, uma nota de rodapé na minha própria vida. Foi naquele momento, sentada num banco de plástico frio, enquanto a minha "família" funcionava perfeitamente sem mim, que decidi: isto tinha de acabar. Eu queria o divórcio.