Eu saí da prisão de Linhó após cinco anos, o ar frio de Sintra a cortar-me a alma. Mais do que a liberdade, o que me esperava era um cancro terminal e apenas um último desejo: que as minhas cinzas repousassem onde um dia prometemos casar. Para realizar esse último adeus, aceitei um emprego de empregada de mesa, e foi lá que o vi. Diogo Almeida, o homem que amei e que me entregou à polícia, estava noivo. Com a minha melhor amiga. O seu amor por mim transformou-se em ódio puro. Ele não só me fez sua assistente pessoal, forçando-me a suportar a sua crueldade e o espetáculo da sua felicidade com ela, como me torturava em cada olhar. Fiquei calada, ajoelhando-me para limpar o vinho que ele derramou, aceitando as notas que ele atirava, os comentários cruéis. Chamavam-me assassina, mas a verdade era uma máscara que eu usava para o proteger. Ele me odiava, e eu queria que fosse assim. O sofrimento era o meu purgatório, e cada humilhação aproximava-me do meu único objetivo. Até que um incêndio e um acidente me levaram ao limite. Salvei-o, uma última vez, e dei a minha vida por quem me roubou tudo. A minha morte, ele acreditava, era a sua vingança. Mas o vazio que deixou forçá-lo-á a descobrir a verdade por trás do sacrifício que poucos verão, e que mudará o seu mundo para sempre.