Helena sempre achou que tinha encontrado algo especial com Bryan. Ele a presenteava, a levava para sair, fazia planos, e ela começou a acreditar que poderia dar certo. O grupo de amigos parecia unido, sempre rindo, sempre junto. Mas naquela noite, no aniversário da sua melhor amiga, Carol, algo mudou.
Helena já vinha desconfiando de Bryan. Ele estava frequentando a casa de Bruna mais do que deveria, mas continuava ao lado dela, fingindo normalidade.
Na festa, enquanto bebia e tentava se divertir, Helena sentiu aquela estranha intuição: abriu o WhatsApp e viu que Bryan estava sem foto de perfil. Estranhou. Foi checar o Instagram... não eram mais amigos. No Facebook, o mesmo.
O chão pareceu sumir.
Helena ainda sentia a dor recente de tudo que havia acontecido. As lembranças invadiam sua mente, como se não quisessem deixá-la seguir em frente.
Ela e Bryan se conheceram de forma inesperada, numa noite qualquer, no pub onde Helena trabalhava. No meio da correria do expediente, percebeu aquele loiro de olhos verdes observando-a do balcão. Trocaram alguns olhares discretos, até que, ao final da noite, ao checar o celular, notou uma nova solicitação de amizade nas redes sociais: era ele.
Desde aquele dia, começaram a trocar mensagens diariamente. Primeiro, saíram sozinhos algumas vezes, longos papos regados a cerveja e risadas. Depois de algumas semanas, Helena o apresentou ao seu círculo de amigas - Magda, Hanna e Bruna -, e logo Bryan também a apresentou aos amigos dele - Joaquim, Nathan e Igor.
Sem perceber, o grupo foi se formando. Todos começaram a sair juntos para festas, churrascos e dias de praia. A bebida sempre rolando, as risadas também. Helena pensava em como estavam sempre bêbados, sempre juntos, como uma família improvisada.
Mas as lembranças foram ganhando um tom amargo... Ela se recordou nitidamente de uma noite específica. Já tinha combinado de sair com suas amigas de infância, mas ao chegar na fila da balada, viu, para sua surpresa, todo o grupo - seus amigos - juntos, sem ela. Ali, a tristeza se estampou em seu rosto. Sentiu-se traída, como se tivesse sido descartada do próprio grupo que ela mesma havia ajudado a criar. Naquele dia, bebeu todas que podia, afogando a mágoa com a promessa silenciosa de que não choraria mais por aquilo. Lembrou também de quando Hanna saiu do grupo. Disse, de forma enigmática, que estavam acontecendo coisas com as quais ela não concordava. Helena se repreendeu por não ter desconfiado de nada naquela época.
Agora, tudo fazia sentido: todos riam pelas suas costas, enquanto ela ingenuamente confiava em Bryan.
E, naquele turbilhão de memórias, percebeu que, mesmo que tivesse seguido em frente, as marcas ainda estavam ali, frescas, pulsantes.
Ela chorou ali mesmo, na festa. Carol a consolou, tentando arrancar um sorriso dela, tentando fazê-la esquecer nem que fosse por algumas horas. E conseguiu: Helena bebeu, riu, se jogou na pista, e quando a noite acabou, estava completamente embriagada, tentando afogar as mágoas de toda traição.