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SAGE - KNOCKOUT CLANDESTINO SERIE

SAGE - KNOCKOUT CLANDESTINO SERIE

5.0
5 Capítulo
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Sinopse

Índice

Thunder Nightshade, aos 37 anos, carrega no corpo as marcas de uma vida nos ringues clandestinos. Abandonou os combates quando se tornou pai, mas a promessa de uma vida tranquila desmorona ao ser deixado pela mulher, cansada da sua apatia e falta de rumo. Sem chão, Thunder encontra refúgio como treinador num ginásio clandestino, o Ringue Clandestino, onde a adrenalina do passado nunca se apaga. Sage Davis, 19 anos, cresceu à sombra do abandono: a mãe desapareceu cedo, deixando-a aos cuidados da avó. Agora, com a avó diagnosticada com Parkinson em estágio inicial e as contas da medicação a aumentar, Sage precisa desesperadamente de um emprego. Por influência de um amigo, descobre o Ringue Clandestino. O dono, Mikhail Kournikova, recusa-se a patrocinar novos lutadores, mas oferece-lhe uma vaga como empregada de limpeza. Entre baldes e vassouras, Sage não resiste ao apelo do ringue vazio e começa a treinar às escondidas. Thunder, atento, reconhece nela um potencial bruto e oferece-lhe uma oportunidade que pode mudar tudo - mesmo contra a vontade de Mikhail. À medida que os dias passam, Sage vê-se envolvida por sentimentos desconhecidos por Thunder, ao mesmo tempo que é lançada num mundo de violência, lealdades duvidosas e força interior. Entre golpes, segredos e a busca por um pai ausente, Sage terá de lutar não só pela sobrevivência, mas também para descobrir quem realmente é - e até onde está disposta a ir por aqueles que ama. O Ringue Clandestino é mais do que um palco de batalhas: é o lugar onde se forjam destinos.

Capítulo 1 Um Novo Começo

THUNDER

O frio de novembro corta-me a pele enquanto estou encostado à parede do Ringue Clandestino, no coração de Roseland. O bairro está cada vez mais degradado - prédios antigos, lojas fechadas, grafitis nas paredes e o som distante de sirenes a lembrar-me que a criminalidade nunca dorme por aqui. Há quem diga que Roseland já viu dias piores, mas basta andar pelas ruas para perceber que a esperança é um luxo raro. Vejo miúdos a correrem para a escola, sempre a olhar por cima do ombro, e velhos sentados nas escadas, a fumar cigarros baratos e a contar histórias de tempos melhores. Aqui, a vida é dura e ninguém confia em ninguém.

Acabo o cigarro, as mãos geladas e os dedos a tremer. Vendi a minha moto há uma semana - precisava do dinheiro - e agora sou mais um entre tantos no metro apinhado, a cheirar a suor e a desespero. Odeio esta sensação de ser só mais um. Sinto-me velho, cansado, zangado com tudo.

Respiro fundo, empurro a porta pesada do ginásio e entro. O cheiro a suor, sangue seco e desinfetante é quase reconfortante. Ali dentro, o tempo parece parar.

Mikhail Kournikova está sentado atrás do balcão, a beber café num copo de plástico. Tem 58 anos, é gordo, calvo, e tem um sotaque russo que nunca perdeu, apesar de viver em Chicago há décadas. O fato está amarrotado e a gravata mal apertada.

- Thunder! - diz ele, abrindo um sorriso amarelo. - Ainda não acredito que te rendeste. Um campeão como tu, fora do ringue? Que desperdício.

- Tive de definir prioridades, Mikhail. - A minha voz sai mais áspera do que queria.

Ele encolhe os ombros, como se não ligasse.

- Anda, vamos para o escritório. Aqui há ouvidos a mais.

Seguimo-nos por um corredor estreito, paredes cheias de cartazes de combates antigos. No escritório, Mikhail senta-se na sua cadeira de couro gasto e faz-me sinal para me sentar em frente dele.

- Então, Thunder, diz-me lá: porquê agora? Porquê quereres ser treinador, depois de tanto tempo fora?

Suspiro, olho para as mãos.

- A minha mulher pediu o divórcio há três meses. Agora moro sozinho num apartamento de cinquenta metros quadrados. O dinheiro que guardei está a acabar. Preciso de trabalho, Mikhail.

Ele observa-me com olhos pequenos e frios.

- E o que fizeste durante este tempo longe das lutas?

- Trabalhei numa concessionária de automóveis. Mas faliu há uns meses. Desde aí, nada de estável.

Mikhail abana a cabeça, pensativo.

- Sabes que não costumo dar segundas oportunidades, Thunder. Mas para ti... vou abrir uma exceção. Vais começar como treinador assistente. Tens uns meses para mostrares que ainda tens garra.

Levanto-me, agradecido.

- Obrigado, Mikhail. Não te vou desiludir.

Ele sorri, mas os olhos continuam frios.

- Espero bem que não. Agora vai à tua vida. Amanhã às oito, aqui.

Saio do ginásio com o coração apertado, mas pelo menos tenho um rumo. O frio volta a atacar-me quando apanho o metro para buscar o Leo à escola. O miúdo salta para os meus braços assim que me vê, sorriso rasgado.

- Pai! Hoje fiz um desenho de um dinossauro! E a professora disse que estava muito bonito!

- Aposto que estava, campeão. Mostras-me quando chegarmos a casa?

Ele abana a cabeça, entusiasmado.

- Sim! E também joguei à bola no recreio. Ganhei ao Miguel!

Riu-me, o orgulho a aquecer-me por dentro.

- És mesmo o meu filho.

Passamos o resto da tarde entre desenhos, legos espalhados pelo chão e risos. À noite, faço-lhe panquecas, porque é o seu jantar preferido. Enquanto o vejo adormecer no sofá, penso que, por mais que a vida me tenha dado pancada, ainda tenho motivos para lutar. E amanhã, no Ringue Clandestino, vou provar isso a mim mesmo.

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