Ji-eun trabalhava há meses na organização de sua primeira exposição de arte, uma coleção chamada "Fragmentos do Invisível", onde ela traduzia em pinceladas os sentimentos que nunca conseguia expressar em palavras. Apesar do nervosismo, a inauguração no pequeno galpão de Hongdae tinha sido um sucesso. E agora, para fechar a noite, ela havia decidido dar uma volta para limpar a mente antes de voltar ao seu pequeno apartamento.
Enquanto isso, em outra parte da cidade, Min-soo, um dos atores mais famosos da Coreia, estava no auge de sua carreira. Conhecido por seu charme, talento e sorriso magnético, ele era o queridinho do país, embora carregasse o peso de uma solidão que ninguém parecia perceber. A fama o havia distanciado de tudo que era simples e real. Em noites como aquela, ele se perguntava se toda a aclamação valia a pena.
Foi por acaso que Min-soo entrou naquele pequeno galpão de arte. Seu empresário o havia arrastado para lá, insistindo que seria bom para sua imagem apoiar artistas emergentes. Mas Min-soo, vestido com um casaco longo e um boné para evitar os olhares curiosos, não estava ali para impressionar ninguém. Ele queria passar despercebido e, talvez, encontrar algo que o lembrasse de quem ele era antes da fama.
Quando ele viu Ji-eun pela primeira vez, estava diante de uma das pinturas mais intrigantes da exposição. Era uma tela abstrata, cheia de tons escuros, mas com um pequeno feixe de luz que parecia cortar toda a escuridão.
- O que você vê? - perguntou Ji-eun, percebendo o homem parado em silêncio.
Min-soo se virou, um pouco surpreso por alguém ter falado com ele. Seus olhos encontraram os dela, e ele sentiu algo estranho, como se aquele momento fosse mais significativo do que parecia.
- Esperança - respondeu ele, após alguns segundos.
Ji-eun sorriu. Ela raramente encontrava alguém que entendesse suas pinturas sem uma longa explicação.
- Essa é a ideia - disse ela. - E você? Por que veio aqui?
Min-soo hesitou. Era uma pergunta simples, mas ele sentiu que a resposta seria mais complicada do que gostaria de admitir.
- Às vezes, é bom sair do brilho e da confusão - disse ele, evasivo.
Ji-eun não insistiu. Algo nele parecia reservado, mas genuíno. Eles conversaram por mais alguns minutos, e, quando Min-soo foi embora, ela achou que nunca mais o veria. Afinal, ele não disse seu nome nem deu qualquer indício de quem era.
Dias Depois
Min-soo, no entanto, não conseguiu tirar Ji-eun e sua pintura da mente. Ele encontrou uma desculpa para voltar à exposição no último dia, e foi quando percebeu que havia algo diferente nela. Ji-eun não parecia fascinada pela fama ou o luxo, algo que ele raramente encontrava nas pessoas ao seu redor.
Naquela noite, ele decidiu ser honesto.
- Meu nome é Kang Min-soo - disse ele, ao encontrá-la organizando as pinturas para levá-las de volta ao estúdio.
Ji-eun o olhou surpresa. Ela tinha ouvido aquele nome antes, é claro. Quem na Coreia não conhecia Kang Min-soo? Mas ela apenas assentiu, tentando não parecer impressionada.
- Eu sou Ji-eun - respondeu, com um sorriso tímido.
E assim começou algo que nenhum dos dois poderia prever. Nos dias seguintes, eles trocaram números, conversaram longamente por telefone, e Min-soo encontrou em Ji-eun uma calma que há muito havia perdido.
Mas o mundo de Min-soo era implacável. Paparazzi começaram a suspeitar de seus encontros frequentes, e rumores começaram a surgir. Ji-eun, por sua vez, passou a sentir o peso de estar associada a alguém tão famoso. Comentários maldosos começaram a aparecer nas redes sociais, acusando-a de buscar fama e dinheiro.
- Isso vai passar - disse Min-soo, segurando suas mãos em uma noite particularmente difícil. - Não deixe isso nos atingir.
Mas no fundo, ele sabia que não seria tão simples.
Um Amor Sob Pressão
O primeiro encontro deles marcou o início de algo profundo, mas também trouxe um prenúncio da dificuldade que enfrentariam. Min-soo sabia que Ji-eun era diferente de todas as pessoas que ele já conhecera, e talvez fosse exatamente por isso que ele temia por ela. O mundo dele era cruel, e ele não tinha certeza se era justo arrastá-la para isso.
Enquanto Ji-eun olhava para o céu estrelado naquela noite, ao lado de Min-soo, ela sussurrou:
- Será que o céu que você vê é o mesmo que eu vejo?
Min-soo apertou sua mão e respondeu:
- Sempre será.
Mesmo sem palavras, ambos sabiam que aquele amor, por mais forte que fosse, carregava em si um peso difícil de suportar.
Nos dias que se seguiram, Ji-eun tentou manter sua rotina. A pequena galeria onde ela exibia seus quadros estava quase vazia agora que a exposição havia terminado, mas algo dentro dela parecia estar diferente. Talvez fosse o encontro inesperado com aquele homem misterioso que, mais tarde, revelou-se ser ninguém menos que Kang Min-soo.
Ji-eun ainda se lembrava da maneira como ele havia falado de sua pintura, como se enxergasse algo além do que estava na tela. Havia sinceridade na voz dele, e isso a marcou mais do que ela gostaria de admitir.
Enquanto isso, do outro lado da cidade, Min-soo enfrentava um dilema que só crescia a cada dia. Desde que conhecera Ji-eun, ele não conseguia parar de pensar nela. Sua simplicidade, sua gentileza e até o nervosismo dela o fascinavam. Mas, ao mesmo tempo, ele sabia o quão cruel o mundo da fama poderia ser com alguém como ela.
"Ela merece ser protegida disso," pensava ele, enquanto olhava para seu reflexo em um espelho de camarim. Min-soo estava prestes a gravar uma cena intensa para seu novo filme, mas sua mente estava longe do set.
- Kang Min-soo, você está pronto? - perguntou o diretor, batendo na porta.
Min-soo respirou fundo e assentiu. Ele havia aprendido a esconder seus sentimentos atrás de personagens. Era isso que fazia dele um ator tão bom, mas, agora, ele se perguntava até onde isso era saudável.
O Destino os Une Novamente
Dois dias depois, Min-soo decidiu entrar em contato com Ji-eun novamente. Ele a convidou para um café em um lugar discreto, longe dos olhares curiosos. Ji-eun, hesitante no início, acabou aceitando.
- Não esperava te ver de novo - disse ela, tentando esconder seu nervosismo.
- Eu também não esperava - respondeu ele com um sorriso pequeno, mas genuíno.
A conversa foi leve, mas cheia de significados não ditos. Min-soo percebeu que Ji-eun não era apenas alguém que o fazia se sentir normal; ela o fazia se sentir humano. E Ji-eun, por sua vez, viu em Min-soo uma pessoa real, muito diferente da imagem que ele projetava nas telas.
Antes que eles percebessem, a tarde se transformou em noite. As ruas de Seul brilhavam com letreiros de neon, e os dois caminharam lado a lado, rindo de piadas bobas e compartilhando histórias da infância.
- Você sabe que sua vida vai mudar se continuar andando comigo assim, não sabe? - perguntou ele, em um tom mais sério.
Ji-eun parou por um momento, olhando para ele.
- Eu sei. Mas não quero pensar nisso agora.
Min-soo sorriu, embora soubesse que a simplicidade daquele momento era algo que não duraria para sempre.
O Primeiro Passo
Semanas se passaram, e os encontros entre os dois se tornaram mais frequentes. Min-soo sempre fazia questão de ser discreto, escolhendo lugares isolados ou horários em que a cidade estivesse mais vazia. No entanto, os paparazzi, sempre atentos, começaram a suspeitar.
Uma foto vazada de Min-soo entrando na pequena galeria de Ji-eun foi o suficiente para que os rumores começassem a se espalhar. Ji-eun passou a ser alvo de críticas nas redes sociais, com comentários maldosos questionando suas intenções.
- Você está com ele por dinheiro, não é? - diziam algumas mensagens anônimas que ela recebeu.
No início, Ji-eun tentava ignorar, mas as palavras começaram a afetá-la. Ela não queria que Min-soo soubesse, mas ele percebeu.
- Eles não sabem nada sobre você - disse Min-soo, segurando as mãos dela com firmeza em uma noite particularmente difícil. - Você não é isso que dizem.
- Mas o que acontece se continuarem? - perguntou ela, com os olhos cheios de lágrimas. - Eu não quero ser um fardo para você.
- Você não é um fardo, Ji-eun.
Apesar das palavras dele, Min-soo sabia que aquilo era apenas o começo. Ele conhecia a crueldade do público, a maneira como podiam destruir alguém com palavras.