Sob a máscara da mentira: Legado de fogo

O cheiro de café fresco era um convite perfeito para começar meu dia. Era o meu aniversário de 22 anos, e tudo estava tão... normal. Talvez até bom demais. O aroma de panquecas com mel vinha da cozinha, e eu mal podia esperar para aproveitar o café da manhã preparado pela minha mãe, Ana.

- Feliz aniversário, Isa! - abriu os braços quando me viu entrar. A mesa estava impecável: frutas frescas, panquecas douradas, ovos mexidos e suco de laranja natural.

- Obrigada, mãe. Você sabe como mimar uma pessoa.

Meu pai, Marcos, apareceu logo depois, com uma xícara de café na mão e um sorriso leve. Ele me abraçou com força e me desejou parabéns, mas havia algo diferente no olhar dele, como se estivesse pensando em algo sério.

- Como está se sentindo, filha? - perguntou ele.

- Animada! A festa de hoje vai ser incrível. Todo mundo está ansioso.

- Vai ser uma noite especial, com certeza - ele respondeu, trocando um olhar significativo com minha mãe.

- Mas depois da festa, precisamos conversar. Algo importante.

Aquilo me deixou desconfiada. Que tipo de conversa importante só podia acontecer depois da festa? Mas decidi não insistir. Talvez fosse alguma surpresa.

- Tudo bem, pai. Não vou me preocupar.

A manhã passou rápido, e, quando saí para encontrar meus amigos, tentei esquecer aquela sensação estranha. No café, Clara e Lucas estavam radiantes, falando sobre como a festa seria incrível.

- Isa, vai ser a melhor festa do ano! - Clara exclamou. - Seus pais arrasam!

Eu ri, mas não consegui esconder minha inquietação. - Eles disseram que precisam conversar comigo depois. Algo importante. Isso é meio estranho, não é?

Lucas balançou a cabeça, rindo. - Deve ser só uma surpresa ou coisa assim. Relaxa, Isa! É o seu dia.

Minha curiosidade foi despertada, mas decidi ignorar. Hoje era o meu dia, e eu queria aproveitar sem preocupações.

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O entardecer trouxe luzes cintilantes, uma música animada e o som de risadas enchendo o jardim. A festa estava linda! Meus pais haviam preparado cada detalhe com carinho, desde as flores que decoravam as mesas até o DJ que tocava minhas músicas favoritas.

Clara e Lucas, meus melhores amigos, chegaram logo no início. Clara usava um vestido vermelho vibrante que a fazia parecer uma estrela de cinema.

- Isa, você está deslumbrante! - disse ela, me abraçando.

- Você também! Nem parece que é a minha festa. Está tentando roubar a cena? - provoquei, rindo.

Lucas apareceu com uma taça de espumante e me entregou. - Para a melhor aniversariante do mundo!

- E o único motivo pelo qual ainda somos convidados para essas festas incríveis! - Clara completou, rindo.

Fomos para a pista de dança logo depois. Clara não perdeu tempo em me puxar para o centro, enquanto Lucas fazia passos exagerados que arrancavam gargalhadas de todos.

- Lucas, para! Você está assustando as pessoas - Clara gritou, tentando dançar ao lado dele.

- Estou criando tendências, minha cara! Você é que não entende meu talento.

A música mudou para algo mais lento, e aproveitamos o momento para respirar e pegar algo para comer. Meus pais circulavam entre os convidados, conversando e rindo. Eles pareciam calmos, mas eu ainda sentia aquela tensão que havia notado de manhã.

Clara e Lucas estavam em uma competição de "quem come mais salgadinhos", quando uma das minhas primas, Letícia, veio me puxar.

- Isa, você precisa ver isso! - disse ela, me levando para perto da piscina.

Alguns dos nossos amigos estavam fazendo uma competição de quem conseguia saltar de um lado para o outro sem cair na água. Era uma ideia idiota, mas impossível de não assistir.

- Isso é perigoso demais! - exclamei, tentando soar responsável, mas não pude deixar de rir quando um dos rapazes escorregou e caiu de cara na água.

A festa seguiu com mais diversão. As luzes piscavam, a música animava e as pessoas estavam completamente à vontade. Mas, no fundo, algo ainda me incomodava. Eu não sabia se era paranoia, mas notei alguns homens vestidos de forma formal demais para o clima descontraído da festa.

- Isa, para de ser paranoica. Hoje é seu dia! - Clara disse, quando comentei sobre isso. - Provavelmente são só seguranças contratados pelos seus pais. Relaxa!

Ela tinha razão. Não fazia sentido me preocupar com isso.

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Já era quase meia-noite quando resolvi fazer um brinde. Subi em uma das mesas, segurando minha taça de espumante, e pedi a atenção de todos.

- Ei, gente! Quero agradecer a todos por estarem aqui hoje. Vocês são incríveis, e essa festa não seria a mesma sem vocês. Obrigada por fazerem parte da minha vida!

Todos aplaudiram e gritaram meu nome, me fazendo rir. Mas, no instante seguinte, o clima mudou.

A porta da casa foi aberta com força, e o som da música foi abafado por passos firmes. Um grupo de homens entrou no salão, e minha diversão deu lugar a um frio na espinha.

- Onde está a garota? - disse uma voz alta e grave.

Meus amigos olharam confusos, mas eu sabia que algo estava errado. Foi então que vi os mesmos homens de terno da festa revelando armas escondidas.

Meu pai surgiu de repente, posicionando-se à minha frente. - Fique atrás de mim, Isa.

- O que você está procurando não está aqui, seja lá quem for - disse meu pai, sua voz firme, mas controlada.

o homem, deu um passo à frente, seus olhos gelados fixados na nossa direção- Você acha que pode esconder a garota? Acha que não sabemos que ela esta aqui? Todos aqui morrem se não me disser onde ela está.

A tensão no ar era palpável. os homens armados, tudo que estava acontecendo. O medo e o pavor tomando conta do meu corpo.

Mas então, algo aconteceu. O homem olhou para meu pai com uma expressão de reconhecimento.

- Então, é Marcos? - disse o homem, o tom de desdém nas palavras. - Eu deveria ter imaginado. A última vez que nos encontramos não foi tão amigável, não é mesmo?

Meu pai manteve a calma, mas seu olhar endureceu. Ele reconheceu o homem, também. - Eu não tenho nada para você, Victor. Desista.

Minha mãe me puxou pela mão. - Venha, rápido!

- O que está acontecendo? Quem são eles? - perguntei, mas ninguém respondeu.

Meu pai trocou algumas palavras tensas com o líder dos homens armados, mas antes que eu pudesse entender, tiros ecoaram pela sala. Pessoas começaram a gritar e correr, e eu senti minha mãe me puxando com força para fora do jardim.

- Mãe, espera! E meu pai? Ele está lá com aqueles homens.

- Ele vai ficar bem, Isa. Apenas confie em mim. Senti meu rosto molhado, minhas lágrimas descendo.

Fomos para a garagem, onde um carro desconhecido nos esperava. Ela me empurrou para dentro e acelerou antes que eu pudesse dizer qualquer coisa.

Meu coração estava acelerado. Olhei para minha mãe, esperando uma explicação, mas o que recebi foi um pedaço de papel com um código e um endereço.

- Pegue isso. Vá até o endereço e lá será explicado, não olhe para trás.

- Explicado? Que explicação? O que está acontecendo?. Meu corpo, minhas mãos tudo estava tremendo.

Ela desviou o olhar rapidamente. - Apenas confie em mim. Eu sempre te amei, Isa. Sempre.

Antes que eu pudesse insistir, o carro foi atingido por disparos. Minha mãe fez uma curva brusca, tentando despistar nossos perseguidores.

- Mãe!

- Não olhe para trás! - gritou ela.

De repente, ela parou o carro. Virou-se para mim, os olhos cheios de lágrimas. - Vai, Isa! Corre!

- Não vou te deixar aqui! Em completo desespero.

Ela não me deu escolha. Abriu a porta do carro e me empurrou para fora.

Caí no chão, sentindo a dor no impacto. Quando me levantei, vi o carro dela acelerando novamente, sumindo na escuridão.

Fiquei parada por um momento, mas as palavras dela ecoaram na minha mente: "Vá até o endereço e lá será explicado, não olhe para trás".

Eu não tinha ideia do que estava acontecendo, mas algo dentro de mim dizia que minha vida nunca mais seria a mesma.