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Cicatrizes do Amanhã

Cicatrizes do Amanhã

5.0
3 Capítulo
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Sinopse

Índice

Em uma cidade marcada pela desigualdade e pelo sofrimento, Sofia, uma jovem de 22 anos, vive uma rotina exaustiva entre múltiplos empregos para sustentar sua pequena família. Desde a infância, ela carrega as cicatrizes de um lar repleto de violência emocional e psicológica, onde o amor se confundia com a dor. O ciclo de abusos a ensinou cedo sobre a dureza da vida, mas também instigou uma força interior inabalável. Quando descobre que está grávida, Sofia imagina que a chegada do bebê poderia ser uma luz em meio à escuridão. No entanto, seu sonho rapidamente se torna um pesadelo quando se vê pressionada a abortar por um parceiro que a trata como um objeto, desprovido de sentimentos e responsabilidade. Forçada a escolher entre sua integridade e a manipulação emocional que a aprisiona, ela enfrenta a difícil realidade de um aborto forçado. Após escapar dessa relação tóxica, Sofia luta para recuperar sua liberdade e reconstruir sua vida. Encara a pobreza e o receio, mas também encontra novas fontes de esperança e apoio. Com a ajuda de um grupo de mulheres que compartilham histórias semelhantes de superação, Sofia começa a redescobrir sua fé em si mesma e nas possibilidades de um futuro melhor. Confrontando seus traumas, ela percebe que cada batalha vencida a aproxima de uma liberdade que nunca imaginou ser possível. Entre trabalhos árduos, momentos de desespero e novas amizades, Sofia aprende que a verdadeira força reside na capacidade de se reerguer e que a vida, mesmo marcada por dores, também pode ser um campo fértil para a esperança e a transformação. "Cicatrizes do Amanhã" é uma história tocante sobre a luta pela liberdade diante das adversidades, o poder de uma mulher que se recusa a ser definida por seu passado e a jornada de encontrar a própria voz em meio ao caos. É um testemunho da resiliência humanitária e da luz que pode surgir mesmo nos momentos mais sombrios.

Capítulo 1 Infância

Apesar de eu ter tido uma boa infância, o que mais nos marca são as situações ruins que acontecem.

A primeira delas foi quando meu pai perdeu o emprego, tinha uma vida muito boa, morávamos de aluguel, em uma casa confortável, em um bairro familiar da ZO RJ, minha mãe havia deixado o trabalho quando nasci, meu pai era o único provedor, quando ele perdeu o emprego, me recordo de muitas brigas, quando as coisas começaram a faltar, luz e água sendo cortada e os vizinhos olhando, o dono da casa cobrando, e meu dando currículo como um louco. Minha mãe, vivia de uma forma única, ele arrumou um emprego, mas, seu dinheiro era apenas para ela, meu pai arrumou um bico e o que ele ganhava não dava para cobrir todas as despesas. E como dizem, a tristeza do pobre nunca vem sozinha, minha mãe ficou grávida em meio a esse caos que já viviámos. Para piorar, minha prima que era muito próxima da minha mãe, foi inventar que meu pai tinha um amante, que segundo ela era tia do namorado dela na época, que era assaltante de banco, que acabou morrendo ainda bem jovem, em uma saidinha de banco. Segundo ela, meu pais estava com essa mulher desde que minha mãe havia noivado com meu pai e que ele tinha uma filha quase da minha idade, na época 7 anos. Minha mãe, se viu arrasada naquela fase. Para piorar, ela estava com 6 meses de gestação e não tinha nada para o bebê, as brigas em casa eram constantes, eu tinha medo de sair de casa e eles brigarem e eu não esta para parar eles, eu acabar perdendo meus pais.

Cada vez as brigas ficavam mais intensas, mais frequentes, e começavam por qualquer motivo, uma musica, uma opinião diferente, e sempre terminavam em agressão e choro.

Me lembro que eu amava dormi na casa da minha tia, eu me sentia em paz lá, tinha muito amor, e alegria. Mas, depois comecei a ter medo de ficar fora de casa e em briga eu perde minha família, na época, eu não conseguia entender que eu era uma criança, e aquela responsabilidade não era minha. Porque desde de muito cedo, minha mãe, sempre me pôs a par de tudo que acontecia na minha casa, até mesmo em fazer os afazeres domésticos, aprender a fazer tudo para ser independente.

Um dia minha mãe, amanheceu se sentindo mau, chamei uma tia muito querida que morava ao lado, e ela me levou a casa da irmã da minha mãe, que era na mesma rua, vi que no início todos estavam felizes, a minha irmasinha estava a caminho, eu sonhava com aquele momento, de ver minha irmã, era o meu maior sonho na época.

Porém, minha mãe teve um deslocamento de placenta, causado por estresse e tabagismo. Lembro de escutar atrás da porta do quarto da minha tia, minha tia, minha avó, minha madrinha, todas conversando sobre a gravidade da situação, que o médico precisou escolher, ou o bebê ou a mãe, e minha tia disse que pediu para médico salvar minha mãe, porque, ela tinha outra filha que precisava dela em casa. Então eu comecei a chorar e me escondi atrás do sofá para que não me vissem. Minha mãe, não me deixava chorar, dizia que era feio, e eu não poderia chorar, mas naquele momento eu não conseguia, parar de chorar, então me escondi. Mas, meus primos me acharam e me consolaram, foi uma das piores dores que senti naquela época. Depois da perda da minha irmã, a minha mãe, mudou muito comigo, ela começou com um comportamento diferente, mudou a forma de se vestir, e passou a me tratar bem apenas na frente das pessoas. Quando estávamos nos duas, ela sempre me culpava pela vida que ela tinha, parece que ainda escuto ela dizer:

-Só estou casada com seu, pai por causa de você... Ele me bate, por causa de você...

Ela me presenteou com a casa como minha responsabilidade, eu tinha 9 anos na época, minhas obrigações eram, ir para escola, e quando voltar, limpas a casa toda, fazer comida e ai depois eu poderia ir brincar com meus primos e colegas, se não tivesse trabalho escolar. Mas, sempre que ela chegava em casa ela fazia questão de falar que tudo estava errado e horrível, e que eu erra péssima, e gorda. Geralmente ela deixava para o meu pai, verificar meus trabalhos escolares, e ele sempre gritava que eu era burra. Nessa época eu só queria crescer e ir embora.

Outro epsódio muito marcante, foi quando nos mudamos, fomos para uma outra casa, onde eu teria meu próprio quarto, parecia ótimo, minha mãe sentou comigo e meu pai, e disse que precisávamos mudar, para nossa família ficar melhor, e ela iria colaborar com a renda da família. Bom, no início foi assim, até que ela mudou de ideia, e começou a gastar todo pagamento em roupa, cabelo, e cerveja, as contas começaram a acumular e as coisas faltarem dentro de casa, as brigas e agressões eram muito constantes, e os vizinhos ja nos olhavam diferente na rua nova.

Lembro me de um dia, que acordei com barulho de algo caindo no chão, levantei assustada, e quando abri a porta, vi meu pai, arrastando minha mãe pelo chão, ela ja estava com o rosto desfigurado, no meu desespero de ver minha mãe naquele estado, lembro de correr até a cozinha, e peguei a primeira coisa que vi na frente, e foi a panela de pressão que estava em cima do fogão e acertei a cabeça do meu pai, ele então largou a minha mãe e me esbofeteou, com tanta força, que acabei caindo no chão. Lembro de me levantar, pegar minha chave, minha mãe pela mão, e sairmos, com a roupa sujas de sangue, e irmos andando descalças até a casa da minha tia, lembro das pessoas nos olhando, e da falta de apoio da família, só uma prima que foi com a minha mãe a delegacia da parte, o demais não se meteram, para não se indispor com meu pai. Lembro de sentir dor, vergonha, me sentir inferior a todos os que estavam presentes.

Depois desse dia, minha meus pais se separaram, e fomos morar em outro bairro. Esse novo começo foi muito difícil para mim, eu sempre fui muito tímida, mas, não queria, mostrar o quão era difícil para minha mãe, eu sabia que estava sendo difícil para ela também, lembro que quando colocamos tudo dentro da kitnet, nos não tínhamos gás, estávamos sem geladeira, e comemos macarrão com molho de tomate feito na panela elétrica, mas, lembro de sentir paz que deixou aquele macarrão delicioso, depois de anos, eu pude dormir, sem ter que me atentar a ruídos, sem me preocupar. Nessa época eu tinha 11 anos, apesar de ter deixado tudo que eu conhecia, o bairro em que nasci, onde estava minha família e amigos, eu tinha paz. Então tudo fluiu, minha avó que eu amava, vinha me visitar de vez enquanto escondida de todos, e era maravilhoso, a minha avó sempre foi muito boa comigo, e em uma determinada época cheguei a morar com ela meu avô, porque meus pais saiam muito cedo para trabalhar, e não tinha como ficar comigo, foram alguns meses, mas, foram ótimos, foi a época em que pude apenas ser criança.

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