Mas no momento, pensou em Eleanor e em tudo o que passaram juntas, quando Thomás a sequestrou, e no quanto queria ter morrido, enquanto ele a agredia violentamente, até que conseguiu fazer com que o sangue escorresse de entre suas pernas, quando seus bebês perderam a vida! Estava esperando gêmeos e a loucura de Thomás lhe dizia que ela não deveria ter se casado com outro homem, que Maju lhe pertencia, e se ele não pudesse ter ela, ninguém mais teria.
E Maju pensou em Eleanor só encontrar o chip, porque naquele momento, que desejou a morte, desejou também a redenção! E a morte dela não veio, de Eleanor veio dois meses depois.
Com a morte de Eleanor, veio sua filha, Lissandra, e a vontade de viver novamente. Mas ela ainda sentia um bolo na garganta às vezes, em pensar que desperdiçou o último final de semana dos pais vivos, de estar vivendo casada e feliz com o homem que provocou o acidente deles, de não ter conseguido salvar os notebooks para recuperar o projeto e pior, não se lembrar do que queria dizer a charada de segurança que seu pai deixou: lembre-se das aulas de biologia! Quando se lembrasse disso, teria o projeto inteiro deles, mas por mais que pensasse, não conseguia.
Quando Lissandra lhe entregou uma conchinha na praia naquele dia, se lembrou nitidamente de sua infância, quando o pai a levava para a praia, que ela fazia o mesmo. Insistia que ele abrisse as conchinhas que ela lhe entregava, pra ver se tinham pérolas. Ele tinha toda a paciência do mundo em abrir, dizendo sempre: quando crescer, você terá aulas de biologia, e então vai entender como as pérolas se formam!
Se lembrando disso, buscou sua conchinha e com ela, o chip contendo o projeto da vida dos pais, seus eternos heróis. Achou que naquele momento, encontrou sua redenção!
Como estava enganada! Sua redenção só viria com muito trabalho. Tinha que checar o projeto, entender, lançar, cuidar como um bebê que os pais geraram e deixaram pra ela. E esse cuidar, lhe fez viajar o mundo, se tornando um programadora e CEO poderosa, como a mãe sempre disse que ela seria grande. Mas a que preço?
Tinha uma criança pequena em casa, que só via três vezes por mês, vivia na ponte aérea, e seu marido, um CEO lindo de molhar as calcinhas, também quase não via! Como administrar todas as coisas grandes em sua vida?
Precisava fazer coligações, entrelaçar sua vida com de outras pessoas, a primeira delas era Johnny, seu marido lindo. Que estava tão perdido quanto ela, apesar de ser seu maior apoiador...