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FALCO ORSINI - SPIN-OFF DE VIAJANDO COM O CEO

FALCO ORSINI - SPIN-OFF DE VIAJANDO COM O CEO

5.0
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Sinopse

Índice

Falco Orsini deixou no passado a vida nas forças especiais. Mas seu pai, distante havia muitos anos, fizera um pedido: proteger Elle Bissette, uma jovem modelo que estava sendo perseguida. Embora relu¬tante, ele concordou, apenas por causa da fragili-dade que percebeu nos olhos dela. Seria Elle uma vítima ou conseguiria cuidar de si própria? Sem dúvida, havia muito perigo no ar, e Falco também era perigoso. Um beijo de um homem como ele poderia deixá-la sem fôlego!

Capítulo 1 1

CAPÍTULO UM

Havia aqueles que diziam que Falco Orsini era muito rico, muito bonito e muito arrogante para o seu próprio bem.

Falco poderia concordar que era rico, provavelmente arrogante, e se você julgasse a aparência dele pelo fluxo aparentemente interminável de belas mulheres que entravam e saíam de seu quarto, bem, ele teria de admitir que talvez tivesse algo especial que as atraía.

Havia também aqueles que o chamavam de sem coração. Com isso, Falco não iria concordar.

Ele não era sem coração. Era honesto.

Por que deixar um concorrente comprar um banco de investimento de elite se ele poderia fazer isso primeiro? Por que continuar fingindo interesse em uma mulher, quando já não tinha nenhum?

Não era como se ele fosse um homem que sempre fizesse promessas as quais não tinha a intenção de cumprir.

Honesto, sim, mas não sem coração.

Falco era alto, como seus três irmãos. Um corpo firme e robusto. Forte, as mulheres diziam.

Aos 32 anos, já conduzia o que muitos iriam considerar como uma vida interessante.

Aos 18 anos, Falco colocou a mochila nas costas e se aventurou pelo mundo. Aos 19, uniu-se ao exército. Aos 20, ele se tornou um soldado das Forças Especiais. Em al¬gum momento ao longo do caminho, adquiriu títulos uni-versitários, uma habilidade em jogos de altas apostas e, eventualmente, uma paixão por investimentos de alto risco.

Falco vivia de acordo com as próprias regras. Sempre viveu.

Ele não se importava com as opiniões das pessoas. Acreditava na honra, no dever e na integridade. Os homens que haviam servido o exército com ele e os que haviam lidado nos negócios nem sempre o apreciavam. Alguns diziam que Falco era muito distante... Mas eles o respeita¬vam quase com a mesma intensidade com que as mulheres o cobiçavam.

Ou o odiavam.

Isso não importava.

A família era tudo.

Falco amava seus irmãos da mesma forma como eles o amavam; com uma ferocidade que fazia com que os quatro fossem tão formidáveis em tudo quanto eram nos negócios. Ele também daria a sua vida por suas irmãs, que com ale¬gria retornariam o favor. Falco adorava sua mãe, que por sua vez, amava e respeitava todos os filhos.

Seu pai...

Quem se importava com ele?

Falco, assim como seus irmãos, excluíra Cesare Orsini de sua vida anos atrás. Até onde a esposa e as filhas sa-biam, Cesare era proprietário de uma empresa de trans-portes, uma de construção e alguns imóveis caríssimos em Nova York.

Mas os filhos conheciam a verdade.

O pai era chefe de algo a que ele se referia apenas como La Famiglia.

Ele era, em outras palavras, o mesmo que os mafiosos que haviam nascido na Sicília na última metade do século XIX.

Nada poderia mudar isso, nem os ternos Brioni, nem a enorme mansão que um dia havia sido Manhattan's Little Italy e agora era Greenwich Village. Mas, pelo bem da mãe deles, havia momentos em que Falco e seus irmãos deixa¬vam esses assuntos de lado e fingiam que os Orsini eram apenas mais uma família siciliano-americana grande e feliz.

Como hoje, por exemplo.

Nessa brilhante tarde de outono, Dante havia se casado.

Falco ainda tinha problemas em pensar sobre isso.

Primeiro Rafe. Agora Dante. Dois irmãos com esposas. E Dante não era apenas marido, mas também pai.

Nicolo e Falco haviam despendido o dia de bom humor abraçando as novas cunhadas e sorrindo para Dante e Rafe. Eles fizeram o melhor para não se sentirem como dois tolos ao conversarem amorosamente com o sobrinho... Não que isso fosse difícil, porque o menino era claramente o bebê mais engraçadinho e inteligente do mundo.

Os dois dançaram com as irmãs e ignoraram as dicas de Anna e Isabella sobre elas terem amigas que poderiam ser esposas perfeitas para eles.

No final da tarde, estavam mais do que prontos para es¬capar e brindar suas vidas de solteiro com algumas cervejas geladas no estabelecimento do qual os quatro irmãos eram proprietários.

Não era a empresa de investimento. Esse lugar era chamado de The Bar. Contudo, Cesare os impediu antes que alcançassem a porta. O pai precisava conversar com eles.

De novo não, Falco pensou, sentindo-se exausto. Ao lançar um olhar para o rosto de Nick, soube que o irmão pensava o mesmo. Há meses o pai fazia um discurso sobre o que aconteceria depois que ele morresse. A combinação do cofre. Os nomes dos advogados e do contador. O local onde ele guardava papéis importantes.

Coisas com que nenhum dos irmãos se importava; ne¬nhum deles queria um centavo do dinheiro do pai.

O primeiro instinto de Falco foi ignorar Cesare e conti¬nuar caminhando.

Em vez disso, ele e Nick se entreolharam.

Talvez esse dia longo os tivesse deixado mais calmos.

Talvez tivesse sido o champanhe.

"Que seja", era o que dizia a expressão no rosto de Nick, e Falco respondeu com um suspiro que claramente dizia "Por que não?".

O pai insistira em conversar com os dois separadamente. Felipe, o guarda-costas de Cesare, indicou com a cabeça para que Falco fosse primeiro.

Por um momento, Falco pensou em agarrar o guarda-cos¬tas pelo pescoço magro, erguê-lo do chão e dizer-lhe sobre o bastardo viscoso que ele era por ter despendido a vida como um cão de guarda do Dom. Contudo, a celebração familiar ainda estava se sucedendo nos fundos da mansão.

Então, em vez disso, Falco apenas sorriu, passou pelo guarda-costas e entrou no estúdio de Cesare.

Acomodado à mesa de trabalho, o pai ergueu os olhos, assentiu com a cabeça, gesticulou com uma das mãos para uma cadeira — um gesto que Falco ignorou — e voltou a folhear os conteúdos de uma pasta de papel manilha.

De acordo com o antigo relógio em mogno preso à parede, perdido em meio às fotos de políticos, ancestrais da velha nação e quadros religiosos amarelados, quatro minu¬tos se passaram.

Falco permaneceu imóvel, com os pés levemente afastados, braços cruzados e os olhos escuros fixos no relógio. O ponteiro dos minutos alcançou outro marcador, o ponteiro das horas moveu-se quase imperceptivelmente. Falco descruzou os braços, virou-se de costas para o pai e rumou em direção à porta.

— Aonde você vai?

Falco virou-se para encará-lo.

— Ciao, pai. Como sempre, foi um prazer.

— Ainda não tivemos a nossa conversa.

— Nossa conversa? Foi você quem exigiu esse encon¬tro. — Falco voltou a se aproximar da mesa de trabalho do pai. — Se tem algo a me dizer, apenas diga... Mas pode ter certeza de que me lembro das suas palavras comoventes da última vez em que o vi. Talvez você não se lembre da minha resposta, então me deixe lembrá-lo: Eu não me importo nem um pouco com os seus documentos, seu cofre, seus interesses comerciais...

— Então você é um tolo — o Dom declarou pacifica¬mente. — Essas coisas valem uma fortuna.

Os lábios de Falco se curvaram em um meio sorriso irônico.

— Eu também, caso você não tenha notado. — Ele declarou e seu sorriso desapareceu. — E, mesmo que eu não fosse rico, não tocaria em nada que lhe pertence. Você já deveria saber disso.

— Quanto drama, meu filho.

— É a verdade, pai.

Cesare suspirou.

— Está bem. Você já fez o seu discurso.

— E você fez o seu. Adeus, pai. Vou dizer a Nicolo para...

— O que você estava fazendo em Atenas no mês passado?

Falco permaneceu absolutamente imóvel.

— O quê?

— Você estava em Atenas. Por quê?

O olhar que Falco lançou ao homem de meia-idade faria qualquer outro recuar um passo imediatamente.

— Mas que tipo de pergunta é essa?

Cesare deu de ombros.

— Uma pergunta simples. Eu perguntei sobre o que...

— Eu sei o que perguntou. — Falco estreitou os olhos. — Você pediu para que alguém me seguisse?

— Nada tão desonesto. — Cesare moveu a cadeira para a frente e alcançou uma pequena caixa em madeira escul¬pida. — Charuto Puro — disse, abrindo a tampa da caixa e revelando 12 charutos. — Eles custam uma fortuna. Aceite um.

— Explique-se — Falco exigiu com severidade, sem nem mesmo dirigir o olhar para a caixa. — Como soube onde eu estava?

Mais uma vez, o pai deu de ombros.

— Tenho amigos por toda a parte. Certamente você já deve saber disso.

— Então você também deve saber que eu estava em Ate¬nas cuidando dos negócios da Orsini Brothers Investments. — Falco exibiu um sorriso cínico. — Talvez tenha ouvido falar de nós, pai. Uma empresa particular que teve início sem nenhuma ajuda sua.

Cesare mordeu a ponta do charuto que havia escolhido e, virando o rosto para um lado, cuspiu o pedaço em uma cesta de papéis.

— Mesmo nesses tempos difíceis da economia, nós fizemos os nossos investidores enriquecerem. — Falco pros¬seguiu. — E fizemos isso honestamente, um conceito que você jamais conseguirá entender.

— Você comprou um banco particular para a sua empre¬sa quando estava em Atenas — falou Cesare. — Muito bem.

— Seus elogios não significam nada para mim.

— Mas não foi só isso o que fez quando esteve lá — Cesare declarou suavemente. — Minhas fontes me disseram que durante aqueles mesmos dias, uma criança, um garoto de 12 anos, mantido como refém por rebeldes nas montanhas do norte da Turquia, voltou para a família de forma milagrosa e...

Falco se aproximou do pai e o agarrou pelo colarinho.

— Tire as suas mãos de mim! — exclamou Cesare.

— Não até eu conseguir respostas. Ninguém tem o di¬reito de me seguir. Ninguém! Eu não sei de onde você tirou toda essa bobagem, mas...

— Não sou tolo o bastante para pensar que alguém po¬deria segui-lo e viver para contar sobre isso. Solte a minha camisa e talvez eu lhe dê uma resposta.

Falco podia sentir o coração se acelerar. Sabia muito bem que ninguém o seguira; ele era muito esperto para dei¬xar que isso acontecesse. E, sim, embora nunca fosse admi¬tir, aconteceram mais coisas nessa viagem à Grécia do que a aquisição de um banco.

Falco fulminou o pai com o olhar e silenciosamente se culpou por estar sendo um tolo.

Fazia anos que não deixava Cesare importuná-lo.

Quinze anos, para ser exato. Na adolescência, houve uma noite em que um dos capangas do pai o surpreendera en¬quanto ele tentava escapar pelos fundos da casa às duas ho¬ras da manhã. Dom ficara furioso pela forma como ele havia conseguido passar despercebido pelos homens armados que mantinham vigilância do lado de fora da casa.

Falco se recusara a se explicar. Ele havia feito mais do que isso: enganara os seguranças com um sorriso for¬çado da forma que só um adolescente rebelde consegue fazer.

Cesare o esbofeteara fortemente em uma das faces.

Fora a primeira vez que o pai o agredira, o que tinha sido uma surpresa para ele. Não o golpe; a surpresa era por isso não ter acontecido antes.

Sempre existira um clima de violência no ar entre pai e filho e isso se tornou ainda mais forte quando Falco atingiu a adolescência.

Naquela noite, a fúria tinha finalmente irrompido.

Falco permanecera imóvel ao receber o primeiro gol¬pe, O segundo fez com que ele oscilasse e quase caísse no chão. O terceiro fez sua boca ficar repleta de sangue e, quando Cesare ergueu a mão novamente, Falco agarrou-lhe o pulso e torceu o braço dele com força às costas. Cesare era robusto, mas aos 17 anos, Falco já estava mais forte e abastecido com anos de ódio.

— Toque-me de novo... — Falco sussurrou —... e eu juro que o mato.

A expressão no rosto do pai havia mudado sutilmente. Não era medo ou raiva. Era outra coisa.

Algo ligeiro e furtivo que não deveria ser exibido nos olhos de um homem poderoso que tinha acabado de perder uma batalha, tanto física como figurativamente.

O rosto de Falco estava muito machucado no dia se¬guinte. Sua mãe o questionou sobre isso, assim como as irmãs. Ele disse que tinha caído durante o banho. A mentira funcionou, mas, Nicolo, Raffaele e Dante não se deixavam enganar tão fácil.

— Deve ter sido uma queda muito estranha... — Rafe disse —... para deixar seus olhos roxos e os lábios inchados.

— Realmente — Falco respondeu com serenidade.

Ele nunca revelou a verdade a ninguém. A surra tinha sido muito humilhante para ser mencionada ou fora o choque da sua própria reação?

De repente, ele entendeu.

O poder havia mudado de mãos naquela noite. Tinha sido passado de Cesare para ele... E depois, de volta a Cesare.

Apesar da cruel ameaça que ele fizera ao pai, Cesare havia vencido a batalha, porque Falco permitira que as emo¬ções o dominassem. Ele perdera o controle das emoções e, de alguma forma, não tinha idéia de como ou por que, aquela perda de controle dava poder à outra pessoa.

E agora, ali estava ele, 15 anos depois, perdendo o con¬trole de novo.

Cuidadosamente, Falco abriu a mão e liberou o colari¬nho da camisa branca que o pai vestia. Cesare desmoronou na cadeira, com as faces vermelhas de raiva.

— Se você não fosse meu filho...

— De qualquer forma, eu não sou seu filho. É preciso muito mais do que a semente para fazer de um homem um pai.

Dom estreitou os lábios.

— Agora você é filósofo também? Acredite-me, Falco, de muitas maneiras, você é mais meu filho do que os seus irmãos.

— O que quer dizer com isso?

— Quero dizer que aquilo que você tão hipocritamente alega odiar em mim é o que também está em seu interior. O desejo do poder absoluto. A necessidade de controle. — Cesare estreitou os olhos. — A vontade de derramar sangue quando você sabe que deve ser derramado.

— Vá para o Inferno! — Falco se inclinou sobre a mesa e aproximou o rosto do dele. — Não sou nada parecido com você, está me ouvindo? Nada! Se eu fosse, Deus, se eu fosse...

Falco estremeceu, recuou um passo e endireitou as cos¬tas. O que estava fazendo? Deixando que o pai o afundasse ainda mais nesse lamaçal?

— Era para isso que você queria conversar? Para me dizer que os seus genes são o meu destino? Bem, isso não vai funcionar. Eu não sou você. E essa suposta discussão chegou ao...

Cesare alcançou algo de dentro da pasta que estava so¬bre a mesa e empurrou na direção de Falco. Parecia ser uma página lustrosa, arrancada de uma revista.

— Você conhece essa mulher?

Falco mal dirigiu o olhar para a fotografia.

— Eu conheço muitas mulheres — ele declarou friamente. — Com certeza os seus espiões devem ter lhe dito isso.

— Olhe para ela.

Falco deu um longo suspiro e apanhou a página. Parecia ser um anúncio de algo caro. Perfumes, jóias, roupas... Era difícil dizer.

Contudo, o foco da página estava claro o bastante. Era a mulher.

Ela estava acomodada em uma cadeira, com uma das longas pernas repousada no chão e a outra sobre o braço da cadeira, vestindo uma camisola decotada em renda na cor vermelha e usando sapatos de salto stiletto.

Um corpo espetacular. Um rosto igualmente espetacular. Oval. Delicado. A essência da feminilidade. Maçãs salien¬tes, olhos cor de âmbar, cílios longos e espessos da mesma cor de ébano dos seus cabelos longos e lisos.

Ela estava sorrindo para a câmera. Para o observador.

Para ele.

Falco sentiu um frio na espinha.

— E então? Você a conhece?

Falco jogou a página sobre a mesa.

— Eu lhe disse que não a conheço. Está bem?

— O nome dela é Elle. Elle Bissette. Ela era uma modelo. Agora é atriz,

— Que bom para ela.

O pai apanhou mais uma folha de dentro da pasta.

— Outro anúncio? — indagou Falco.

Cesare empurrou a página na direção dele, mas Falco não se moveu.

— O que é isso? Você espera que eu despenda mais uma hora brincando de "Quem é a Celebridade"? — ironizou.

— Per favore, Falco. Eu lhe peço, por favor. Olhe para a foto.

Falco ergueu as sobrancelhas. Por favor? Ele nunca ti¬nha ouvido o pai usar essas palavras. Que seja, ele pensou, enquanto apanhava a página.

Um gosto amargo lhe veio à boca.

Era o mesmo anúncio, mas alguém havia usado uma ca¬neta vermelha para marcar os olhos dela com um X. Para traçar uma linha grossa e pontilhada sobre os lábios dela. Para desenhar uma linha forte ao longo da garganta e fazer pontos vermelhos até os seios. E circular os seios no mes¬mo tom rubro, brilhante e malévolo.

— A srta. Bissette recebeu isso pelo correio.

— O que os policiais disseram?

— Nada. Ela se recusou a contatá-los.

— Será uma tola se não procurar as autoridades — de¬clarou Falco.

— Os pais daquele garoto turco procuraram você, e não as autoridades. Eles tiveram medo de pedir ajuda à polícia.

— Estamos nos Estados Unidos.

— Medo é medo, Falco, não importa onde a pessoa esteja. Ela tem medo ou talvez não confie na polícia. Seja qual for o motivo, ela se recusa a contatá-los. — Cesare deu uma pau¬sa. — A srta. Bissette está fazendo um filme em Hollywood. O produtor é, vamos dizer, um velho amigo meu.

— Ah. Agora entendi. Seu amigo está preocupado com o investimento.

— Sim, isso o preocupa. E ele precisa da minha ajuda.

— Mande a ele um pouco do seu dinheiro.

— Não se trata de ajuda financeira. Ele precisa da minha ajuda para proteger a srta. Bissette.

— Tenho certeza de que os seus capangas irão amar Los Angeles.

Cesare deu uma risadinha.

— Consegue imaginar os meus homens em Beverly Hills?

Falco quase soltou uma risada. Ele tinha de admitir, a idéia era cômica... E, subitamente, as coisas começaram a fazer sentido. A conversa sobre o que tinha acontecido na Turquia, e agora essa conversa sobre Elle Bissette...

— Está bem.

— Está bem?

Falco assentiu com a cabeça.

— Eu conheço alguns homens que fazem o trabalho de segurança para celebridades. Vou fazer alguns telefonemas, colocá-lo em contato...

— Eu já estou em contato — Cesare declarou gentil¬mente. — Com você.

— Comigo? — Desta vez, Falco deu risada. — Sou um investidor, pai, não um guarda-costas.

— Você não disse isso para as pessoas que ajudou na Turquia.

— Aquilo foi diferente. Eles me procuraram e eu fiz o que precisava ser feito.

— Da mesma forma que eu o estou procurando, mio figlio, e pedindo para que você faça o que precisa ser feito.

Os bonitos traços do rosto de Falco enrijeceram.

— Se quiser alguns nomes e números de telefone, tudo bem. De outra forma, eu não poderei ajudá-lo.

Cesare não respondeu. Falco bufou, girou nos calcanha¬res e rumou para a porta novamente. Depois, ele mudou de idéia e decidiu sair pelas portas francesas escondidas atrás das pesadas cortinas. No humor em que se encontrava, a última coisa que queria era correr o risco de deparar com a mãe ou as irmãs.

— Espere. — O pai ergueu-se da cadeira e apressou-se em alcançá-lo. — Leve a pasta. Tudo o que você precisa está aqui.

Falco agarrou a pasta. Era mais fácil do que argumentar.

Dentro do táxi, a caminho de casa, Falco pensou nos no¬mes de quatro homens que pudessem fazer o trabalho. Uma vez em casa, serviu-se de uma dose de conhaque, apanhou a pasta e o celular e rumou para o jardim fechado.

Não havia nada de muito útil na pasta. Coisas sobre o filme, uma carta do produtor para Cesare... E as fotografias. Aquela em que ela vestia a camisola, a foto desfigurada e outra que o pai não lhe mostrara. Uma fotografia de Elle Bissette na praia, espiando a câmera por sobre um ombro. Ela vestia short e uma camiseta.

Falco colocou as três fotos na superfície de vidro da mesa e as estudou.

A primeira fotografia era sexy e misteriosa, um estimulante para um homem que gostasse desse tipo de coisa. Falco não gostava. Adorava renda vermelha e salto stiletto; que homem não adoraria? Mas a pose era obviamente falsa. O sorriso era falso. A mulher olhando para a câmera não tinha conteúdo.

Ela poderia estar olhando para milhares de homens, em vez dele.

A foto que havia sido destruída pelos rabiscos fez com que ele sentisse o estômago se revirar. Era uma ameaça clara. Rude, mas eficaz.

A terceira fotografia foi a que mais lhe chamou a atenção. Era natural. Sincera. Uma simples foto de uma linda mulher caminhando na praia, sem precisar de nenhum artifício que a fizesse parecer bonita.

Porém havia mais do que isso.

Ela havia sentido que alguém a seguia.

Ele podia ver isso nos olhos dela.

Cautela. Medo. Aflição.

E mais.

Determinação. Desafio. Um olhar que, apesar de tudo, dizia: "Ei, amigo, não mexa comigo.”

— Droga! — Falco resmungou e, apanhando o celular, fretou um jato para que o levasse à West Coast na manhã seguinte.

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Mais Novo: Capítulo 15 15   03-28 15:26
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