Crescent Moon

Uma aura tensa pairava na densa atmosfera da sala, repleta de antiguidades. Embora parecesse um lugar singelo, ali estavam guardados tesouros inestimáveis. A sala estava iluminada apenas por algumas velas, cuja chama tremulava suavemente, projetando sombras dançantes pelas paredes. Meus irmãos, Sebastian, Alistair, e eu, Lucios, alfas dominantes de nossos clãs, estávamos reunidos, aguardando a revelação do ancião. Nossos olhares atentos se fixavam no ancião, cujos olhos eram portadores de uma sabedoria ancestral.

Éramos os próximos líderes de nossas famílias, cada um designado para liderar uma matilha. Sebastian assumiria a matilha de nosso pai, eu tomaria a responsabilidade da matilha de nossa mãe e Alistair lideraria a matilha de sua mãe. No entanto, para que pudéssemos nos tornar líderes, era necessário encontrar nossas predestinadas, mulheres que seriam o elo entre nossas vidas e garantiriam a unidade de nossos clãs. Até aquele momento, essas predestinadas ainda não haviam cruzado nossos caminhos.

Naquela noite de lua cheia, a promessa do destino estava palpável no ar. O ancião, um oráculo capaz de vislumbrar o futuro, estava diante de nós para revelar um segredo há muito aguardado. Seu poder era imenso, mas ele só compartilhava suas previsões quando tinha certeza de que não afetariam o equilíbrio do mundo sobrenatural.

Meus irmãos e eu, Lucios de olhos dourados, Sebastian com cabelos negros e Alistair com madeixas prateadas, esperávamos ansiosamente. O ancião começou a falar, sua voz ressoando como um eco do passado e do futuro.

— Meus jovens lobos… Chegou o momento de conhecerem a verdade sobre vossa predestinação.

Suas palavras reverberaram no silêncio carregado da sala, como se as paredes testemunhassem um momento de profundo significado. A antecipação pulsava em meu peito, e mal conseguia respirar, tão ansioso para ouvir o que ele tinha a dizer.

— Rebecca.

O nome escapou dos lábios do ancião, e reverberou em minha mente como um feitiço poderoso.

Era como se o tempo tivesse desacelerado enquanto processávamos aquela única palavra. Rebecca. A mulher destinada a ser um dos fios que ligaria nossas vidas. Aguardamos ansiosos pelos próximos nomes, mas não houve nenhuma palavra por um longo minuto.

— A predestinada de três lobos que lutam pelas lideranças de suas famílias, apenas ela pode escolher com quem ficar.

O fardo da predestinação era claro: apenas um de nós poderia trilhar o caminho ao lado dela. O sacrifício necessário para a unidade de nossos clãs era a renúncia de dois de nós.

Meus irmãos e eu nos entreolhamos, sentimentos tumultuados ecoando em nossos olhares. A tensão no ar era palpável, e o peso da responsabilidade parecia esmagador. Nossas famílias, nossa herança, nosso desejo e dever, tudo estava entrelaçado nas palavras do ancião.

As perguntas pairaram como sombras em nossas mentes.

— Apenas uma predestinada; teremos que lutar entre nós para conquistá-la?

— Isso significa que nossas matilhas serão unidas?

— Quando ela escolher um de nós, os outros dois ficarão sem predestinada…

Nossos pensamentos eram um turbilhão de inseguranças e dilemas. Como poderíamos escolher entre o dever para com nossas famílias e o chamado do coração? Nossos destinos estavam agora inextricavelmente ligados a uma mulher que nem sequer conhecíamos. O ancião havia revelado uma verdade que nos deixou perdidos, sem saber como trilhar esse caminho incerto de desejos entrelaçados e sacrifícios dolorosos.

Enquanto a noite cedia espaço para o amanhecer, em uma casa aconchegante um pouco afastada da cidade, eu arrumava minhas coisas com um misto de exaustão e esperança. Caixas empilhadas testemunhavam a coragem que me levou a deixar para trás um passado sombrio e a abraçar um novo começo. Meu coração carregava a gratidão por finalmente estar em um lugar seguro. Aquela angústia que sempre me acompanhava em Nova Iorque parecia não existir mais; isso era estranhamente engraçado agora.

Deitei-me na cama, olhando para o teto, onde os raios de luz do pequeno poste começavam a se infiltrar. A lua estava grande e iluminada, lançando um brilho suave sobre o quarto, evocando uma memória inquietante da noite anterior. Pensei nos últimos anos; nunca tive uma visão tão calma da lua. A lembrança dolorosa de um incidente terrível ainda me machucava, mas recusei-me a deixar que isso definisse meu novo capítulo. Jamais permitiria que as coisas acabassem assim novamente; ninguém nunca mais me machucaria. Eu estava exausta das noites em que mal conseguia dormir devido ao medo de ser pega de surpresa. Embora não pudesse baixar a guarda, agora podia finalmente respirar com mais tranquilidade; era como se um peso terrível tivesse sido tirado das minhas costas.

Após tomar um banho, arrumar a casa e organizar meus pertences, deitei-me na cama, pegando o celular sobre a cabeceira. Havia tantas coisas que ainda não havia me acostumado, mas o mais simples que eu esquecia diariamente era a senha do celular. Meus olhos se fecharam lentamente, um suspiro escapando enquanto permitia que o cansaço tomasse conta de mim. Meu primeiro dia como professora me aguardava, e a ansiedade se misturava com a esperança de que as coisas finalmente estivessem melhorando.

De repente, abri os olhos e percebi que meus pés estavam afundados na lama, com folhas secas e coloridas do outono misturadas no chão. Levantei o olhar e observei a paisagem ao meu redor: uma floresta diferente daquela em Crescent Moon. Uma neblina espessa começou a surgir entre as árvores, e pude ouvir um uivo, alto demais como se estivesse a alguns metros de mim. Meu coração acelerou, pois, sentia um receio do que estava por acontecer. Olhei para trás quando o som de um galho se partindo chegou aos meus ouvidos, o desespero me consumindo. Deixei escapar um suspiro quando uma sombra negra se aproximou de mim; caí no chão ao tentar me afastar, a lama grudenta e o cheiro desagradável invadindo meus sentidos.

Quando a sombra negra tentou se aproximar novamente, o uivo se fez presente; três grandes lobos saltaram por cima de mim, ficando entre mim e a sombra. Seus rosnados me fizeram levantar com pressa, enquanto o vento chiava, pude ouvir um sussurro brando.