Só que para mim, o amor foi apresentado de maneira distinta. Chegou ao meu encontro inesperadamente, imprevisível. Entrou na minha vida de forma repentina e intrusiva. Sem dar chances para desistência.
Porém, foi a partir deste fato que minha vida mudou para sempre.
Um mês antes...
O capanga de Cesare entra no escritório e avisa o chefe que alguém por quem ele esperava acabara de chegar.
- Deixe-o entrar, por favor - disse num tom sério ao capanga. Pouco tempo depois, após a saída do seu subordinado, escuta-se "toc, toc" na porta.
- Pode entrar - falou o pai de Angelina. Logo em seguida, ele levanta para cumprimentar o homem que adentra no seu escritório.
O tal homem é Santino Ferrari.
- Obrigado por vir até aqui nesta manhã - disse Cesare.
- Disponha, senhor Cesare - respondeu Santino acertando seu terno sob medida ao sentar na poltrona. Ele encara atentamente o pai de Angelina.
- Conseguiu arrumar uma maneira de quitar suas dívidas comigo? - indagou Santino.
Cesare, um tanto nervoso, coloca um copo de vidro contendo whiskey na mesa e bebe um gole.
- Aceita um copo de whiskey também? - pergunta ainda num tom de nervosismo ao Santino.
Santino nota claramente a mudança de comportamento de Cesare após sua pergunta.
- Não, obrigado - responde com um sorriso discreto no rosto.
O pai de Angelina bebe mais um gole e decide continuar a conversa.
- Ainda não, mas juro que conseguirei dar um jeito.
- Já foi dada uma opção ao senhor. Caso, não consiga outra maneira - diz Santino olhando intensamente para Cesare.
- Mas... o que fará com minha filha? - pergunta Cesare com o semblante triste.
- Casarei com ela e seus débitos comigo estarão todos quitados - responde Santino direta e seriamente.
- Com todo respeito, mas ela é mais nova que o senhor - fala Cesare timidamente.
Santino dá uma risada após escutar o comentário e rebate.
- Não há problema algum, senhor Cesare. Este casamento forçado é apenas para resolver sua situação.
- Minha filha vai me odiar para sempre. Ela não aceitará - diz Cesare
- Lidar com a aceitação dela é um problema totalmente seu. Como pai, sei que dará um jeito - fala Santino num tom seco e sério.
- Está certo - responde Cesare de forma frustrada.
- Como conversado anteriormente com o senhor, tomei a liberdade de elaborar um contrato - comenta Santino, enquanto abre e retira de dentro da pasta que trouxe, um conjunto de papéis.
- Peço que leia atentamente o conteúdo e, caso concorde com tudo que está escrito, assine na página final.
O pai de Angelina pega o contrato das mãos de Santino. Ele balança a caneta conforme lê página por página. Santino espera pacientemente na poltrona.
Reunindo coragem, Cesare toma a decisão. "Espero que minha filha me perdoe" - pensa ele, após deixar sua assinatura.
- Perfeito! Agora só resta sua filha fazer o mesmo - fala Santino com certo entusiasmo.
"É aí que mora o problema" - pensamento de Cesare.
Santino levanta do assento e ajeita o terno novamente. Ao despedir-se, ressalta:
- Bom, espero revê-lo em um mês. Quando será a data do meu casório com Angelina.
- Certamente - responde apreensivo Cesare.
- Meus homens o acompanharão até a saída. Tenha um ótimo dia, senhor Santino.
- Obrigado. Desejo o mesmo ao senhor.
Santino sai do escritório acompanhado por alguns homens de Cesare.
O pai de Angelina senta na sua poltrona e suspira profundamente. Ele tenta manter a calma após o acontecido.
Mais tarde, naquele mesmo dia...
Angelina percebe que há algo estranho no comportamento do pai. "Ele parece preocupado com alguma coisa". "Vou questioná-lo para descobrir do que se trata" - pensa Angelina.
- Pai? Aconteceu algo?
Cesare demora alguns instantes até olhar para sua filha e responder:
- Depois que jantarmos, iremos até o escritório para conversarmos.
- Está bem, pai - respondo-o. "Conheço bem meu pai, se o assunto é para ser discutido no escritório dele só pode ser algo bem importante" - este pensamento martela a mente dela até o término do jantar.
Após jantarem, Angelina acompanha o pai até o escritório.
- Sente-se, minha filha - fala o pai dela num tom sereno.
- O que aconteceu desta vez, pai? - pergunta Angelina curiosa.
- Antes de começar, preciso dizer algumas palavras - Cesare fala num tom triste.
- Ok, pode continuar pai.
- Tudo que fiz e faço é por você, para seu futuro filha.
- Pai, está começando a me assustar.
- Deixe-me continuar, pois demorei o dia inteiro para conseguir estar aqui diante de você.
- Sim, tudo bem, pai.
Cesare pega o conjunto de papéis, o contrato, e entrega nas mãos de Angelina.
- Que papéis são estes, pai? - indaga sem entender direito o que aquilo representa.
Angelina lê o começo do que está escrito e sua fisionomia que antes era séria, transforma-se numa fisionomia de irritação e braveza que perpassa na fala.
- Não! Não posso acreditar que o senhor fez isso comigo?!
- Como teve coragem de fazer isso com sua própria filha?!