img “Peça me o que quiser”  /  Capítulo 2 2 | 40.00%
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Histórico

Capítulo 2 2

Palavras: 2308    |    Lançado em: 08/05/2022

ensar nisso, vou até minha mesa e, enquanto ligo o computador, vejo que ele vem vindo. — Bom dia, Judith. — Bom dia. Miguel, além de ser meu colega, é um sujeito muito simpático. Des

to e com a maquiagem retocada. Às 13h45, vejo Miguel batendo na sua porta e entrando. Olha isso! Não quero nem pensar no que estarão fazendo. Passados cinco minutos, ouço gargalhadas. Às 13h55, a porta se abre, os dois saem e minha chefe vem falar comigo. — Judith, você já pode ir almoçar. E lembre-se: estarei com o senhor Zimmerman. Se às cinco eu não tiver voltado e você precisar de qualquer coisa, ligue pro meu celular. Quando a bruxa má e Miguel vão embora, eu enfim respiro aliviada. Solto o cabelo e tiro os óculos. Depois pego minhas coisas e caminho até o elevador. Meu escritório fica no 17o andar. O elevador para em vários andares para pegar outros funcionários, e com isso ele sempre demora a chegar ao térreo. De repente, entre o quinto e o sexto andar, o elevador dá um tranco e para completamente. As luzes de emergência se acendem, e Manuela, do almoxarifado, começa a gritar. — Ai, minha Nossa Senhora! O que está acontecendo? — Fique calma — respondo. — Acabou a luz, mas com certeza vai voltar daqui a pouco. — E vai demorar quanto? — Não sei, Manuela. Mas, se você ficar nervosa, vai se sentir mal aqui dentro e esse tempo vai parecer uma eternidade. Então respire fundo e você vai ver como a luz volta num piscar de olhos. Mas, vinte minutos depois, a luz ainda não tinha voltado, e Manuela, com várias meninas da contabilidade, entra em pânico. Percebo que tenho de fazer alguma coisa. Vejamos. Não gosto nada de estar presa num elevador. Fico agoniada e começo a suar. Se eu entrar em pânico, vai ser pior, então decido buscar soluções. Primeiro, junto o cabelo na nuca e prendo com uma caneta. Depois passo minha garrafinha d’água para Manuela beber e tento brincar com as meninas da contabilidade enquanto distribuo chicletes de morango. Mas meu calor vai aumentando, então tiro um leque da minha bolsa e começo a me abanar. Que calor! Nesse momento, um dos homens que estavam apoiados num canto do elevador fica mais perto de mim e me segura pelo cotovelo. — Você está bem? Sem olhar para ele e sem deixar de me abanar, respondo: — Uf! Quer que eu minta ou diga a verdade? — Prefiro a verdade. Achando graça, me viro em sua direção e, de repente, meu nariz roça contra um casaco cinza. Cheira muito bem. Perfume caro. Mas o que ele faz tão perto de mim? Imediatamente dou um passo pra trás e fixo o olhar nele pra ver quem é. Devo logo dizer que é alto — eu chego apenas à altura do nó da gravata. Também tem cabelo castanho, beirando o louro, é jovem e de olhos claros. Não me lembra ninguém, e, ao perceber que ele me observa à espera de uma resposta, eu cochicho para que só ele possa ouvir: — Cá entre nós, jamais gostei de elevadores e, se as portas não se abrirem logo, vou ter um troço e... — Um troço? — Aham. — O que é “ter um troço”? — Isso, na minha língua, significa perder a compostura e ficar louca — respondo, sem parar de me abanar. — Pode acreditar. Você não ia gostar de me ver nessa situação. Inclusive, se eu não tomo cuidado, solto espuma pela boca e minha cabeça gira como a da menina de O exorcista. É um espetáculo e tanto! — Meu nervosismo aumenta e eu lhe pergunto, numa tentativa de me acalmar: — Quer um chiclete de morango? — Obrigado — responde ele e pega um. Mas o engraçado é que ele abre e coloca o chiclete na minha boca. Aceito, surpresa, e, sem saber por quê, abro outro chiclete e faço a operação inversa. Ele, divertindo-se, também aceita. Olho para Manuela e para as outras. Continuam histéricas, suadas e pálidas. Então, decidida a não deixar minha própria histeria aumentar, tento puxar conversa com o desconhecido. — Você é da empresa? — Não. O elevador se move e todas começam a gritar. Eu não fico atrás. Seguro no braço do homem e torço a manga de sua camisa. Quando volto a mim, eu o solto em seguida. — Perdão... perdão — me desculpo. — Fique calma, não foi nada. Mas não consigo ficar calma. Como vou ficar calma presa num elevador? De repente sinto uma coceira no pescoço. Abro minha bolsa e tiro um espelhinho da nécessaire. M

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