img “Peça me o que quiser”  /  Capítulo 4 4 | 80.00%
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Capítulo 4 4

Palavras: 4357    |    Lançado em: 08/05/2022

go seu remédio, abro a boca de Trampo e lhe dou umas gotas. O coitadinho nem se perturba mais. Após dar sua cota diária de carinho, abro a geladeira para

s. — Sai para jantar com muitos homens? Aquela pergunta me surpreende. Por acaso esse cara se acha o último macho do planeta? Respiro fundo e me contenho para não responder com alguma grosseria. — Sempre que tenho vontade — esclareço. Levanto o queixo com orgulho e, quando penso que não vou dizer mais nada, eu solto: — O que eu não entendo é o que faço aqui, em seu carro, com o senhor e indo jantar. Isso é algo que ainda não consigo entender. Ele não responde. Apenas me olha... me olha... me olha e me deixa perturbada com seu olhar. — O senhor vai falar alguma coisa ou pretende passar todo o tempo me olhando? — Olhar a senhorita é muito agradável. Xingo e suspiro. Em que furada eu fui me meter? Mas, como não consigo ficar quieta, pergunto: — Qual é o motivo desse jantar? — Sua companhia me agrada. — E por que perguntou se saio com muitos homens? — Só por curiosidade. — Curiosidade? — repito, coçando o pescoço, desconfiada. — Por acaso um homem como o senhor leva uma vida solitária? — Não, senhorita. — Fico feliz em saber, porque eu também não. — Pare de coçar o pescoço, senhorita Flores — ele sussurra, curvando os lábios. — As brotoejas... Cansada de tanta formalidade e levando em conta tudo o que já foi dito, eu protesto. Vamos parar com isso logo de uma vez! — Por favor... Pode me chamar de Judith ou Jud. Deixemos a formalidade para o horário do expediente. Tudo bem, o senhor é meu chefe e eu lhe devo respeito, mas me incomoda jantar com alguém que fica me chamando pelo meu sobrenome. Ele faz que sim. Parece ter ficado satisfeito com minhas palavras. Seus lábios me lançam um sorriso, e seu rosto se aproxima do meu. — Acho ótimo, desde que a senhorita me chame de Eric — sussurra. — É desagradável e muito impessoal jantar com uma mulher que se dirige a mim pelo meu sobrenome. Após suspirar novamente, aceito e lhe estendo a mão. — Combinado, Eric, prazer em te conhecer. Ele pega minha mão e, para minha surpresa, dá um beijo nela. — Digo o mesmo, Jud — acrescenta numa voz dócil. Nesse instante, o carro para e, já do lado de fora, Tomás abre a porta para nós. O senhor Zimmerman... digo, Eric desce e me oferece sua mão para sair. Quando já estamos os dois na rua, o motorista entra de novo no BMW e vai embora. Então Eric me segura pela cintura e eu leio um letreiro que diz “Moroccio”. Entrar naquele restaurante bonito e iluminado me deixa de bom humor. Sempre quis ir ali. Além disso, estou faminta; quase não comi nada na hora do almoço e estou com uma fome absurda. Ao entrarmos, observo as mesas do lugar e, em especial, os pratos que os garçons servem. “Meu Deus, esses pratos estão com uma cara maravilhosa!” Ao avistar Eric, o maître sorri e se dirige a nós. — Acompanhem-me — ele diz após nos cumprimentar. Eric me segura pela mão e eu me deixo levar. Vejo algumas mulheres olhando para ele, o que me enche de orgulho por ser eu quem está a seu lado, e não elas. Ao atravessar o salão onde as pessoas estão jantando, chegamos a um espaço reservado com divisórias em tecido de cetim dourado. Não consigo esconder a surpresa, e, quando o maître abre uma dessas cortinas e nos convida a entrar, quase pulo de felicidade. É um lugar luxuoso e iluminado por velas. Num canto há uma poltrona que parece confortável e, no centro, uma mesa redonda e arrumada para dois. Eric sorri do meu espanto, e percebo que ele dirige um olhar ao maître para nos deixar a sós. Chega perto de mim e, num gesto de cavalheirismo, puxa uma das cadeiras para eu me sentar. — Gostou? — Gostei... Enquanto me acomodo na cadeira, ele dá a volta na mesa e senta na minha frente. — Nunca jantou aqui? — Já passei mil vezes pela porta, mas nunca tinha entrado. Só de olhar do lado de fora, já dá pra saber que os preços são proibitivos para uma assalariada modesta como eu. Em resposta ao que digo, Eric torce o nariz e estende sua mão sobre a mesa até alcançar a minha. Começa a acariciar meu pulso, desenhando com o dedo suaves movimentos circulares. — Para você, poucas coisas são proibitivas — murmura. Isso me faz rir. — Mais do que você imagina. — Duvido, pequena. Tenho certeza de que é você quem impõe os limites. Seu olhar, sua voz rouca e seu jeito de me chamar de “pequena” me cativam. Meu corpo inteiro fica arrepiado. Ele. O senhor Zimmerman, meu chefe, me fascina a cada segundo que passa. Aperta um botão verde que fica na lateral da mesa e, após alguns segundos, aparece um garçom com uma garrafa de vinho. Enquanto serve a bebida, leio no rótulo “Flor de Pingus. Ribera del Duero”. Cara, eu detesto vinho! E estou doida por uma Coca-Cola bem gelada. Eric pega a taça que o garçom serviu, chacoalha um pouco, aproxima do nariz e toma um pequeno gole. — Excelente. O garçom enche o restante da taça e depois dá a volta na mesa e me serve também. E agora? Instantes depois, ele se retira, nos deixando a sós. — Prova o vinho, Jud. É maravilhoso. Pego a taça e faço cara de séria. Mas, quando vou levá-la à minha boca, sinto a mão dele sobre a minha. — O que houve? — ele pergunta. — Nada. Zimmerman inclina a cabeça. — Jud, eu te conheço pouco, mas já estou vendo as brotoejas aparecendo no seu pescoço — diz, surpreendendo-me. — Você mesma me falou sobre isso. O que aconteceu? Sem conseguir me conter, abro um sorriso. Esse senhor Zimmerman não perde uma. — Quer saber a verdade? — Sempre — insiste. — Não gosto de vinho e estou morrendo de vontade de tomar uma Coca geladinha. Chocado e irônico, olha para mim como se eu tivesse dito que os Teletubbies são meu seriado favorito e que Bob Esponja é meu namorado. — Você vai gostar desse vinho cor de rubi escuro — murmura com uma voz rouca porém gentil. — Faça isso por mim e prove. Se não gostar, é claro que eu peço uma Coca pra você. Sem dizer nada, eu tomo um gole depressa. — Que tal? — pergunta sem tirar de mim seus olhos penetrantes. — Uma delícia. Melhor do que eu imaginava. — Quer que eu peça a Coca? Sorrio e digo que não com a cabeça. Instantes depois, a cortina se abre de novo e surgem dois garçons com vários pratos. — Tomei a liberdade de fazer o pedido para nós dois. Tudo bem? Faço que sim. Não me resta alternativa. E pouco depois saboreio um delicioso coquetel de camarões, uma sofisticada pasta de berinjela e, em seguida, um ótimo salmão ao molho de laranja. Enquanto isso, nós dois conversamos. Eric Zimmerman se tornou de repente um homem com grande senso de humor, e isso me atrai muito. Então me dou conta de que uma luz alaranjada se acende no canto direito da sala. — O que é isso? Sem precisar olhar, Eric sabe a que me refiro. — Talvez depois da sobremesa eu te mostre. Isso me faz sorrir e eu tomo um gole do vinho que, por sinal, acho cada vez mais saboroso. — Por que só depois da sobremesa? Minha pergunta parece diverti-lo. Ele me encara e se recosta em sua cadeira. — Porque primeiro eu quero jantar. Não pergunto mais e, quando termino o salmão, os garçons entram para recolher os pratos. Segundos depois, entra outro garçom e deixa à minha frente uma fatia de torta de chocolate acompanhada de uma bola cor-de-rosa. — Hummmm, que delícia. — E, ao ver que não lhe servem, pergunto: — Você não vai comer sobremesa? Não me responde. Limita-se a levantar, pegar sua cadeira e se acomodar a meu lado. Fico meio nervosa. É tão sexy que é impossível não pensar em mil safadezas nesse momento. Pega a colherzinha, parte um pedaço da torta, coloca um pouco de sorvete e diz: — Abre a boca. Pisco os olhos, surpresa. — Quê? Não repete o que disse. Me aponta a colher e, automaticamente, abro a boca. Me sinto extasiada. Enfia a colher devagar na minha boca e eu logo fecho os lábios. Me olha. Fico excitada e sorrio com timidez. Após engolir essa iguaria, tento di

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