A Difícil Missão de Li

"Não há explicação mais entendível do que as palavras sabeis dos pais, em um momento de dúvidas sobre a continuidade da vida e a separação pela morte."

Espírito Godman

Sechelt, British Columbia, Canadá, 1995...

A família de Eliza Hoffman está de viagem marcada para o Hawaii e Morgan, a irmã de quatro anos mais velha e sua mãe Miriam, brasileira de nascimento estão tão empolgadas com toda a programação do Hard Rocky Inn (hotel internacional) na badalada da praia de Waikiki. Lá se apresentará a banda MacToy, que está fazendo o maior sucesso na Inglaterra e como toca algumas músicas do eterno Queen, até o Mr. Gunther estava contando as horas para chegar ao aeroporto internacional de Vancouver.

Era uma ensolarada manhã de domingo e tudo estava conferido, até o bloqueador solar FPS 30 (fator de proteção solar, o que equivale a 30 vezes mais proteção do que sem utilizá-lo) estava junto com as outras indumentárias. Era apenas uma viagem de taxi de uma hora pela West Road Hwy (rodovia de acesso à rodovia principal Sunshine Coast Highway, que corta o oeste de British Columbia) e, depois só mais alguns minutos de travessia pelo magnífico Ferry Boat (balsa para transporte de veículos e pessoas). Lá há um belo restaurante, onde a família Hoffman iria tomar o breakfast (café de manhã reforçado, que é a principal alimentação do dia para os Canadenses e Norte americanos). Porém um terrível acidente de trânsito na Sunshine Coast Highway vitimou os pais de Eliza Hoffman. Felizmente a irmã Morgan sobreviveu e Eliza esteve quase morta, foi encaminhada pelos socorristas a UTI (unidade de tratamento intensivo) do Sydney Hopikins Hospital, e lá permaneceu por longos quatro meses e Morgan de apenas quinze anos, ficou em tratamento psicológico. Rezava pelo reestabelecimento de sua querida irmãzinha.

Enquanto isso, Eliza estava em outro plano, pois seu espírito, apesar de ligado ao corpo por um laço prateado, estava junto com seus queridos pais, porém eles já não possuíam os laços prateados e também não se podia ver os seus membros inferiores (pernas , joelhos e pés), sinal de que desencarnaram (faleceram) . Como os queridos pais de Eliza e Morgan tinham conhecimento do Plano Espiritual, sabiam que poderiam dar assistência a Eliza, mas não podiam interferir na decisão do Plano Maior sobre o destino e separação física entre ambos, ou seja, Eliza voltou de imediato ao seu corpo adormecido e uma lágrima escorreu de seus olhos, sinal da despedida que fez de seus queridos pais que ficaram na colônia espiritual Choral Friends (Amigos do coral), localizada nas camadas superiores a cidade de Vancouver. De lá, pode-se deslumbrar a famosa aurora boreal com seus raios coloridos, que são ondas dos raios solares, refletidas no polo norte magnético.

Mr Gunther diz em forma de pensamento a sua amada filhinha:

–Li, nossa querida filhinha, você tem uma missão muito especial, que trará paz ao espírito de sua irmã Morgan. Sua mãe e eu estaremos acompanhando seu crescimento na Terra e confie no seu destino e na minha irmã Mary Lee.

Eliza em seu leito do terceiro andar da UTI (unidade de tratamento intensivo) do Sidney Hopkins Hospital, dá um tremendo susto a enfermeira chefe da UTI Pediátrica, Karen Benton, que apesar de muito experiente e acostumada a receber adolescentes no estado de coma, teve o maior susto, quando Eliza despertou de seu sono prolongado de quase três meses. Foram muitas lágrimas derramadas de sua face, que molharam o lençol azul daquela ala especial. Parecia que tinha chovido em seu leito. Após o susto Mrs. Smith, de imediato foi ao encontro de Eliza e a abraçou, retirou os aparelhos que estavam incomodando.

–Fala mocinha, como você se sente?

Eliza muito tímida e comovida com a despedida de seus pais, fala a enfermeira Karen Benton que sabe que os seus pais faleceram e que acabaram de se despedir...

–Nossa, my Lord (meu Deus)! Cruz credo, eu é que preciso de um calmante! Confusa e assustada, Mrs. Smith saiu correndo em direção a Sala da Enfermaria, seu escritório administrativo. Muito religiosa, Karen Benton se recompôs após beber um copo de água com açúcar e lavar bem o seu rosto. Pensou consigo mesma: como ela soube da morte de seus pais? Não importa, essa menina precisa da minha ajuda!

E foi ao leito de Eliza, ter uma conversa mais amistosa e disse com carinho que sentiu muito pela perda de seus pais e que sua irmã Morgan estava a caminho do Sidney Hopkins.

–Eliza, minha irmãzinha, você voltou!

...e deu um forte abraço. Depois de muito choro, as duas irmãs fazem juras de que de agora em diante serão mais unidas do que nunca e que Morgan além de ser sua irmã, terá a responsabilidade de zelar pela sua educação e bem estar.

Enquanto isso, na Primeira Vara da Infância e Juventude de Sechelt, o Juiz Henry Brigton, após receber o parecer técnico do Perito Judicial e psicólogo Dr. Andreas Kerson, que assistiu Morgan durante todos esses meses de choque psicológico provocado pelo terrível acidente e separação de seus entes queridos, o eminente juiz Exmo. Dr. Brigton foi favorável a conceder a tutela de Eliza a Morgan, mas para a garantia do recebimento de 50% da herança deixada pelos pais falecidos, delibera manter 50% dos bens e valores monetários , equivalente a CAN$ 3 milhões , em depósito judiciário, que receberão correção monetária até que Eliza completasse seus 21 anos de idade. Os outros CAN$ 3 milhões mais o prêmio do seguro de vida dos pais, garantiriam os estudos, alimentação, moradia e lazer. Também ficou determinado pelo juiz, que a residência da cidade de Sechelt não poderia ser penhorada sem que Eliza tivesse se formado na universidade, pois esse era o desejo de seus pais, confessado por Morgan.

Assim, uma nova fase na vida das duas irmãs se iniciava, só que agora, estão mais unidas do que antes, até aquela fatídica noite de verão de 1996.