Coroas, príncipes e decepções

-Não deixarei essa torre, não hoje, um dia que é triste demais para ser celebrado.

-Alteza, sua mãe logo vira. -Emma protesta.

As amarras de minhas vestes aos poucos se aninham ao meu corpo, mesmo eu andando de um lado para o outro pelo quarto.

-Não darei ouvidos a ela, não quando ela renegou seu direito sobre mim.

Assim que as palavras saem vejo a silhueta de minha mãe. Tarde demais para recolher as palavras jogadas.

-Não seria eu a mulher que te deu a vida? -Sua voz diz tranquila e serena. -Cuidei de ti, sofri para dar à luz a você.

-Sim, e renegou tudo ao me entregar a um qualquer! -Contexto.

-O príncipe. O melhor partido e você rejeita? O que houve Jasmine? -Com apenas um gesto ela despensa todas as criadas.

-É errado, serei esposa do inimigo. Jogada aos lobos famintos em meio a calada da noite.

-Ira conhece-lo, encontrar algo que a faça ama-lo.

-Amar alguém como ele é uma tarefa dada em vão, como uma carta escrita a um morto.

-Coloque esperança em cada letra, e trará seu morto de volta a vida.

-Minha mãe, entenda não há esperança alguma dentro de mim, então como traria a vida de volta aos seus olhos que parecem mais sombrios que o breu da noite mais escura desse inverno?

-Encontrara uma solução assim como o calor acalenta o frio. -Ela se aproxima e coloca algum fio de cabelo meu em ordem novamente. -Não deixe seu pai com mais motivos para quebrar esse acordo.

-Queria eu dar a ele mil motivos para acabar com essa tolice.

-Um vinhedo como presente. -Ela tenta me animar.

-Nem o melhor dos vinhos poderia me felicita, então estaria ele tentando me comprar? -A questiono.

-Pare de se lamentar Jasmine.

-Porque pararia? Logo a noite chegara e terei que enfrentar este maldito compromisso. -Resmungo.

-Chamarei as criadas, não tente fugir ou se matar já que recusa tanto esse laço.

-Laço é isto que carrego no cabelo, isso será uma tentativa falha de unificação, nunca sobre essa terra um Bongiovannie se casaria com um Ganzarolli porem vejo que a terra há de sumir de meus pés.

-Você é tempestiva, porque os odeia? Pelas terras de Góes?

-Pelas terras, pelas águas e pelos céus. Até um cego pode ver isso.

-Agarre-se ao ar que paira sobre a terra e contribua para a noite de hoje. -Ela se direciona para as portas.

-Como eu poderia agarrar algo que não posso alcançar? -Grito, mas minha resposta é apenas a batida forte da porta.