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QUARTZO RUBRO HÍBRIDOS

QUARTZO RUBRO HÍBRIDOS

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30 Capítulo
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Sinopse

Índice

Nascidos na lua cheia, jovens semideus-demónios saem do seu covil sombrio para atormentar o povoado da pacata cidade de Sagrados, que na verdade guarda muitos segredos, onde abriga seres misteriosos e místicos. Joana Angelis vivia sua vida tranquila na cidadezinha onde nascera e crescera. Determinada e doce coordenava seu grupo de música com seus amigos de escola, até conhecer o introspectivo Khaliel, que tinha uma missão a cumprir, sendo ela o alvo primoroso. Mas será que o atraente semideus-demónio resistiria a doçura e beleza da sua presa? Será que levaria sua missão até o fim em nome de seu mestre demoníaco? Uma paixão avassaladora que poderá desencadear numa temível guerra entre poderosas espécimes sobrenaturais.

Capítulo 1 APROXIMAÇÃO

- Sagrados é embelezada por quatro magníficos parques de uma botânica exuberante – iniciou Giuliana, guia turística do local. Ela guiava o grupo de Irlandeses e outro de Japoneses que seu noivo Casmiel abandonou mais uma vez, para praça central da cidade. Ela disfarçava sua raiva contida pelo sorriso automático produzido no seu rosto de traços venezianos.

- Contém oito capelas – continuou ela com brilho falso nos olhos azuis cinzentos. – construídas em locais estratégicos que lhe dão um formato octogonal que mostrarei durante suas estadias em Sagrados - distribuiu panfletos com mapas e fotos das capelas.

- A catedral Maior dos Anjos como veem – disse apresentando a frente da catedral de estilo neogótico convidando-os a entrar. – é uma das maiores atrações com vitrais fabulosos que destacam os seres de luz até seu exílio... – Pausou para que os turistas tirassem fotos.

Giuliana suspirou quando viu seu noivo entrar com um sorriso dissimulado passando por ela e se apresentando ao grupo de japoneses, distribuindo a eles os "flyers" que faltaram.

- Sagrados – iniciou – é fonte de inspiração para historiadores e paz para peregrinos que se abstém das confusões das cidades grandes – disse Casmiel com sorriso simplório.

Olhou de relance para sua noiva que lançou de volta seu olhar de decepção. Ele sabia que isso era ruim para o relacionamento deles, então a levaria para jantar depois para reparar o erro e pedir desculpas como sempre fazia.

Casmiel conduziu seu grupo para fora e os levou para o museu Sarantis que é administrado por ele e seu irmão gêmeo Damiel. Da van da empresa de turismo "Angelis Connects" se podia ver a praça central florida de ipês vermelhos, amarelos e roxos. No meio um belo e enorme pinheiro. A ida durou trinta minutos apenas. Casmiel estacionou e os dirigiu para dentro do museu. O grupo de dez japoneses se impressionou com os artefatos. Relíquias preciosas como pergaminhos egípcios, gregos e yantras hindus. Armas incomuns, até mesmo crânios e ossadas em expositores se destacavam pelos detalhes diferentes contidos nelas.

Depois foram levados a visitar a grande biblioteca, considerada a maior fonte de conhecimento histórico da cidade administrada pelo o professor Gerardi Cardes Ph.D. em línguas, simbologia e especializado em arqueologia. Que impecavelmente conservava o local. Casmiel mencionou sobre a família fundadora da biblioteca, os "Damaros" que foram praticamente mortos num terrível incêndio, mas a causa ainda era um mistério. Mencionou também a cidade universitária de Wangelis que era o maior interesse do grupo japonês. Todos sorriram e tiraram muitas fotos.

Assim a vida corria em Sagrados na tranquilidade de seus dois mil habitantes e visitantes curiosos pelos mistérios que rodeavam a cidade.

***

O fim da tarde se aproximava, os pássaros assobiavam nas arvores. O vento leve e frio amenizava o calor.

Em outra parte da cidade o céu agora alaranjado acima de uma das capelas que é mais como uma catedral em tamanho menor avistava-se encantadoramente num degrade marfim rosado na região oeste da cidade. As janelinhas de vitral brilhavam fazendo arco-íris no chão. O colorido estendia-se até a porta principal.

Uma estatua representando a patrona do bairro chamado Horizonte Oeste se encontrava numa posição imperativa e ao mesmo tempo meditativa com a cabeça voltada para os céus, mãos juntas no peito segurando uma espada quase frente à entrada. E próxima a ela uma jovem de cabelos longos castanhos que reluziam com o último ponto de raio solar. Sua face oliva iluminava-se com o efeito dourado como se o sol a maquiasse e na despedida lhe desse um beijo na promessa de retornar no dia seguinte. Um vento repentino soprara as folhas prendidas nos seus braços. Prontamente se pós a juntar na esperança de recupera-las.

A pouca distância dai dois atraentes rapazes a fitavam da pracinha em frente à capela Santa Joana Darc. Um era robusto, cabelos ondulados caídos até os ombros, olhos escuros como sombra e expressão enigmática. O outro de cabelos curtos de semblante calmo e introspectivo.

- Olhe! – disse o cabelo ondulado. – encontrei o que tanto busco - sorriu de canto – bem bonita, não acha? – Apontou chamando a atenção do seu súdito.

- É – resmungou o de cabelo curto. – o que devo pensar? – Expressou frio. – você a quer? Eu posso capturá-la agora – disse ansioso quase se pondo de pé, mas seu mestre o conteve.

- Aha – levantou o dedo sinalizando na boca. – calma você está parecendo um lobo sedento por sua caça, vamos vê-la melhor. Espere... – deu uma pausa analisando o território ao seu redor. Via o modo como às pessoas circulavam pela pracinha resplandecida com brotos de ipês amarelos. Arrastou a sola do sapato sobre o chão raspando a tinta, revelando o granito pintado pelo verniz acinzentado.

- Vamos fazer este plano dar certo. No entanto será como um teste pra você meu fiel escudeiro – prosseguiu medindo com o polegar e o indicador a estatua da santa que tinha a estatura de uma mulher adulta de um metro e oitenta.

- Diga o que devo fazer mestre Luci – quis saber o intitulado escudeiro.

- Você vai se aproximar desse pessoal da capela. Sondá-los, conhecê-los e conquistar a confiança deles – determinou.

- E a presa? – insistiu o escudeiro.

- Não seja apressado lobinho mau. Antes de ser devorada a caça deve ser bem preparada, assim se pode desfrutá-la com mais sabor e prazer – o mestre mordeu um dos dedos em punho fechado, após falar com sagacidade.

- Você quer que eu a prepare, como? – indagou com frieza.

- Eu quero que a faça se apaixonar por você, mas não seja tolo a ponto de se deixar levar pela paixão. Seja legal, gentil, mostre seus talentos, se tiver. Quando a minha escolhida estiver alucinadamente cega por você, será presa fácil – pode até dar uns beijos, mas só, entendeu? – o instruiu.

- Não sou bom em fazer papel de galã romântico – o intitulado esfriou a voz – poderia ter escolhido Endolf é típico dele - falou com mais frieza e tom desinteressado.

- Não! – exclamou mestre Luci contestando – ele logo a possuiria antes de mim. Ele é um lobo tarado – protestou. – Jamais. Eu escolhi você porque tem um dom em especial – o mestre incentivou.

- Eu, um dom? – desacreditou.

-Você logo saberá – fez sinal para que seu intitulado levantasse. – agora vai, é a hora – garantiu o mestre.

- Mas como entrarei na capela? – ele indagou receoso. – você mesmo disse que não podemos? – dobrou as sobrancelhas.

- Cheque mate lobo negro, esse é seu dom – disse o mestre estalando os dedos.

Então o mais fiel e habilidoso dos lucíferes seguiu em frente. "Porque eu?" pensou. "Não sou bom nisso. Eu simplesmente poderia perfura-la e levar até ele".

Os passos lhe pesavam, a mente parecia incendiar a cabeça, não tinha jeito com garotas, nunca teve, não era do seu feitio. Sedução não era o seu forte, agora teria de se moldar, controlar-se.

"É só uma presa, é só uma presa" – repetia baixinho.

Suspirou e parou diante da moça. Abriu a palma da mão direita e como mágica atraiu algumas folhas. Um vento frio soprara novamente na tentativa de manter os papeis espalhados.

- Pronto, estão aqui – disse forçadamente seguido de um sorriso fechado.

A garota percebera sua chegada. No entanto ficara concentrada por alguns minutos. A voz que soara contida à fez responder apressadamente.

– ah! Obrigada pela ajuda – disse ainda agachada colhendo os papeis restantes. Esticou a mão direita para alcançar os na mão do estranho que aparecera de repente. As mãos se tocaram sem avisar, em pé de frente para o rapaz, o encarou com um sorriso de agradecimento.

Agora ele a olhara mais de perto, avaliou seu rosto. Olhos amendoados, a cor de suas íris como safiras verdes o hipnotizou por um momento. Os lábios pequenos carnudos despertou nele uma vontade de mordê-los.

"Isso não pode ser minha prisão" – refletiu.

Seu vestido bege rendado até os joelhos, de alças finas e fita laçada abaixo do busto revelava sua pele levemente bronzeada por natureza o que lhe deu vontade de saborear com a língua.

"Controle-se" – respirou.

Ela também fixou seu olhar no dele. Olhos cor de mel fascinantemente inebriante, lábios suavemente rubros. Braços fortes, o corpo com músculos bem definidos revelados pela blusa de malha fina cor cinza – mangas longas e calça jeans preta justa. O que pareceu intrigantemente atraente e prendeu sua atenção.

A voz travada não conseguia chegar à língua para falar, mas a garota engoliu seca e esforçou-se para expressar mais uma vez sua gratidão.

– Ai! – esbaforiu. – você é um anjo. Não sei o que seria de mim se não tivesse aparecido. São papéis importantes. Eu sou Joana.

A mente dele se enfureceu ao escutar "anjo". As unhas cresciam fora dos dedos a fim de penetrar na pele da moça. Mas de repente a mão direita dela já livre tocou sua face. Surpreendido afastou o rosto.

- Você está bem? – ela perguntou. – como se chama?

-Paullin – respondeu com voz tão penetrante que fez os pelos de Joana eriçar. Isso a fez colocar sua jaqueta preta de forma a proteger os poros da brisa outonal.

- Nunca vi você por aqui? – A boca dela mexendo era atraente e instigante para Paullin, tentava conter-se a cada engolir de saliva.

- Eu acabei de chegar à cidade – tentou soar simpático. – seu nome é o mesmo da capela. Você é como a santa? – iniciou sua investigação.

- Ah... Não. Quem me dera – pausou ajeitando os papeis. – então seja bem-vindo. Foi um prazer conhecê-lo - disse Joana descendo um degrau na intenção de partir. Mas o rapaz a barrou de frente.

– Seria bom se fosse... – deu um sorriso tão cativante que Joana estarreceu. – sabe... – ele arqueou uma sobrancelha de um jeito paralisante. – tipo puro, imaculado.

Ele queria que por alguma razão ela respondesse que sim, assim confirmaria todos os requisitos que precisava. Mas Joana relutou simpaticamente. Afinal quem era o rapaz que nunca tinha visto para lhe falar com intimidade?

Os olhos de Paullin passearam pelas belas feições de Joana enquanto falara. Ela saiu do devaneio que a boca cativante dele propôs e descera os degraus. Ele a seguiu esperando obter uma resposta.

"Oh! Deus o que ele quer agora?" – pensou ela. Paullin a olhara de canto. "Eu podia levá-la agora, enforcá-la até me dar uma resposta" - pensava ele.

"O que ele está fazendo, não já deveria ter ido embora?" – Joana agitava-se em pensamentos.

- Pronto – disse ela a fim de dispensá-lo. – daqui eu vou com meu pai que está logo ali no carro cinza - apontou para um Cruze Hatch 2012. – Vê se aparece na capela. Tem um grupo de jovens, a gente sempre se reúne lá nas terças e quintas. Apesar dos olhares invasivos dele, quis ser gentil ao convidá-lo para visitar o grupo.

- Claro. Eu vou estar lá sim – ele confirmou.

O ''pronto'' dela o impressionou. Percebera que o queria distante, percebera sua atitude firme. Conquistá-la não seria empolgante. Mas poderia ser algo interessante e atraente. Um desafio que arriscaria com prazer. Despediram-se. Joana entrou no carro.

Enquanto Paullin caminhou em direção à outra rua, desaparecendo nas sombras. Logo reaparecendo no clube "Yamaj", onde se reuniam os demônios. Uma banda tocava rock pesado romântico. Os refletores no palco sombreavam o ambiente. Goles de uísque desciam queimando a garganta, fumaça de cigarro empestava toda parte, balançar de cabeças ritmadas curtiam o som fortemente sonorizado pela guitarra. Abraços e beijos vorazes. Dentes cravando carne humana. Ao mesmo tempo em que gozavam do ato sexual nos cantos do clube.

O submisso intitulado recebera sua recompensa, pelo menos uma parte dela. Certo de que seria fácil executar tal designação. A autoestima imergia em cada toque agressivo no corpo feminino que se encontrava em seu domínio. A sombra de Endolf caíra sobre Paullin agora, refrescada com ar de inveja que estrebuchava pelos olhos.

- E ai o sabor lhe convém? – disse. Seus olhos negros estavam em brasa.

- Mais que o seu, com certeza – respondeu Paullin com sangue escorrendo na boca.

- Vai precisar de instrução, eu garanto – falou Endolf em tom provocativo.

- Se eu precisar, não será você que irei chamar "ordinara fripono" - Paullin rebateu.

- E esse codinome? Aha... Foi você que escolheu? – Endolf continuou em tom debochado. Passou o dedo indicador no seio ensanguentado da garota quase mortificada sobre o colo do seu rival que levantou a vista reprovando o ato.

- Nunca o chamaria, nunca! – falou Paullin dando-lhe certeza. – Porque tudo que você toca se torna podre – acrescentou.

A boca respingou gotas de sangue no rosto de Endolf que deu as costas ignorando o feito.

- Então a presa é linda? – virou o rosto de perfil para o lado de Paullin. – você me apresenta ela, parceiro? – Não resistiu. Endolf não iria sair sem fazer mais uma provocação. Ele odiava Darkson por ter escolhido outro que não fosse ele para seduzir sua vitima mais preciosa. Odiava seu substituto por saber que este não tinha nada de sedutor e nem habilidade de conquistar garotas.

Paullin ardeu em ódio. Quebrou o pescoço da pobre moça terminando de matá-la. Levantou-se numa rapidez de menos de dois segundos e cravou suas enormes unhas nas costas de Endolf que imediatamente revidou enforcando lhe contra uma das colunas do clube.

- Tolos – Darkson vendo a cena apenas sussurrou.

Para ele fora espetacular vê-los. Sentiu prazer com a agressividade um do outro. Os separou. Segurou a garganta de cada um.

- Patifes sórdidos – disse. - não escutam nada do que eu digo hein? O que eu decidi está decidido, vermes podres.

- Você asqueroso – disse Darkson fixando furiosamente seu olhar em Endolf. – fique na sua e não se meta em minhas ordens ou arranco sua cabeça fora agora – Ameaçou.

- E você estúpido faça exatamente o que determinei e se falhar não serei compassivo – falou fitando Paullin. Soltou-os no chão. Saiu abrindo caminho, cortando as cabeças de alguns a sua frente com suas unhas afiadas.

O intolerante Darkson recebera a posição de mestre dos demônios na qual fora titulado de "Lúcifer". O novo Lúcifer.

***

Quinta-feira...

Paullin fora apresentado por Joana ao grupo. Na sala de ensaios se via poucos assentos. Mandalas decoravam as paredes. No piso ao centro um desenho circular com flores de lírio chamou a atenção dele, principalmente pela pedra rosa que representava o estambre da flor. Sentiu um ar diferente que nunca sentira em qualquer outro lugar. O aroma de lavanda estava em todo canto. O bem-vindo de alguns lhe deixou a vontade. Ao não ser pelo que Milena, uma das integrantes do grupo, lhe disse baixinho: ''Eu sei o que você está sentindo'' – quando se aproximou para cumprimentá-lo. Isso o agitou, ele podia sentir a energia dela e que não era bem-vindo da sua parte. ''Eu sei o que você é'' – disse Saulo, o parceiro de Milena. Os dois podiam senti-lo estava obvio para Paullin. Seria um obstáculo? Isso dificultaria um pouco, mas não seria impossível detê-los, apenas sorriu sem mostrar os dentes.

- Agora para vermos se o novo "gotim" é bom – anunciou Cleriton o baterista da banda. – vamos ver suas habilidades com os "gotikas" - Cleriton indicou-lhe os instrumentos musicais no pequeno palco.

Então Paullin subiu. Não pensou muito, tinha de impressiona-los para ser aceito ou do contrario teria de usar outros meios para estar perto da presa que Darkson ansiava tanto.

Milena e Saulo cochichavam com olhos vidrados no novo integrante. "O que ele é?" – Milena indagou. "Não sei de onde vem ou porque está aqui" – Saulo comentou.

"Não consigo decifrar sua força" – Sussurrou Milena.

- Chii! – Foram interrompidos por alguém. Silenciaram suas bocas, mas continuaram a questionar trocando pensamentos.

Paullin tocou cada um dos instrumentos. Mas com o baixo que demonstrou mais intensidade, fazendo variados sons brincando com as notas. Joana e o restante do grupo não tiveram dúvida, precisavam de alguém assim na banda. Ao terminar desceu. Seu caminhar era pesado, a postura firme sem deixar de ser elegante. Parou diante de Joana e investiu o olhar dos ombros até a vista dela. O coração de Joana balançou com a perscrutação do rapaz. Ficou tímida e encantada ao mesmo tempo.

- Estou aprovado não é? – Falou pesaroso.

Os ouvidos de Joana pareciam se incendiar com o bafo quente da voz dele. Os olhos de um mel cristalizado fitando-a fascinaram definitivamente. Era misterioso e envolvente.

- Sim – Joana disse com dificuldade.

Paullin não resistira. Desejou morder aqueles lábios quando se mexeram. "Uma prisão esta boca" - pensou prensando os seus.

Será que ele resistiria a ela? Será que o jovem demônio se controlaria para não toma-la do seu mestre?

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