Baixar App hot
Início / Romance / Casa di Giulietta
Casa di Giulietta

Casa di Giulietta

5.0
45 Capítulo
72.8K Leituras
Ler agora

Sinopse

Índice

Uma escritora romancista com bloqueio criativo se desespera e decide sair de sua cidade e embarcar em um avião em busca de inspiração para seu novo livro. O que a viciada em trabalho não esperava era viver seu próprio romance. Helena vai para Verona, cidade de Romeu e Julieta, onde conhece Giovanni de Luca, ou melhor, o grande amor de sua vida.

Capítulo 1 A realização de um sonho

— Helena, você não acha loucura da sua parte viajar para escrever um novo livro? — Mariane, minha melhor amiga, anda de um lado para o outro pelo meu quarto enquanto eu me preocupo unicamente em guardar poucas peças de roupas dentro da única mala que levarei para minha viagem.

— Loucura é eu ficar sem fazer nada diante desse bloqueio criativo. Nanny, esse é o pior bloqueio que eu já tive! Nunca fiquei mais de três meses sem escrever nada... — Mordo meus lábios nervosa e me sento sobre a mala já cheia. — Eu preciso respirar novos ares e buscar por alguma inspiração, algo que me destrave, entende?

— Geralmente, dar um tempo é o suficiente. — Minha amiga caminha até mim e senta do meu lado me abraçando.

Sei que ela está preocupada assim como todos da minha família. Não disse nada sobre meu destino para ninguém, sinto que essa viagem precisa ser algo só meu, sinto que ela pode ser a chave para o melhor livro de romance que já escrevi. Portanto, prefiro que cada detalhe dessa viagem seja inédito.

—Não vai mesmo me dizer para onde vai? — Com sua cabeça deitada no meu ombro, Mariane tenta mais uma vez arrancar de mim a informação que todos querem.

— Não vou contar para ninguém. — Digo pela... Milésima vez? — É uma coisa que eu preciso viver comigo mesma antes de mostrar para todos através da minha escrita. — Me ajuda a fechar, vai! — Me ajoelho sobre a mala e aguardo Mariane fechar o zíper da mesma.

— Vai levar só uma mala mesmo? — Pergunta ao estranhar minha única mala de tamanho médio.

— E minha mala de mão. — Estendo a mala de mão com meu computador para que ela veja. — É mais que o necessário. — Dou de ombros sobre seu olhar julgador.

— Helena, seja verdadeira e me responde uma coisa... — Mariane me olha maliciosamente e sorri — Você não arranjou um namoro virtual e está indo conhecer o cara não, né?!

É impossível não rir diante da desconfiança absurda da minha melhor amiga. Mariane sabe, melhor do que ninguém, o como tenho dificuldade de me relacionar com pessoas, quem dirá namorar.

— Somos amigas tempo o suficiente para você saber que eu sou ótima ao escrever romances e terrível vivendo-os.

— Isso me preocupa. — Diz ao colocar minha mala no chão. — Depois do...

— Não fala o nome dele. — Um arrepio toma minha espinha quando percebo de quem Mariane quer falar.

Pode passar cinco, dez, quinze, vinte anos... Ethan nunca será um assunto fácil para mim.

— Ele gostaria de te ver feliz. — Toca meu ombro e acaricia ao local com seus dedos.

— Estou feliz. — Sou curta e grossa. — Toma — Estendo a chave do meu apartamento para Mariane que pega depois de revirar os olhos para mim. — O carro que vai me buscar chegou. — Me apresso a abraçá-la depois que percebo a notificação no visor do meu celular. — Não se preocupe comigo. Manterei contato e voltarei em breve.

— Nem vai me deixar te levar até o aeroporto, Lena?

— Nops. — Sorrio e separo o abraço encarando-a — É algo só meu, Nanny... — Saio do meu quarto com minhas malas e Mariane atrás de mim. — Até breve, amiga! — Digo assim que abro a porta do apartamento e atravesso-a sem me dar a oportunidade de ouvir Nanny responder-me.

Fecho a porta do meu apartamento e apresso-me a pegar o elevador. Para minha alegria, o elevador não demora a atender o meu chamado e logo abre as portas para mim. Em pouquíssimos minutos eu já estou dentro do carro cumprimentando o motorista de aplicativo de meia idade que descubro se chamar Francisco. Chico, como pediu que eu o chamasse, me trouxe, entre risadas e um papo bem descontraído, até o aeroporto internacional onde tive que me despedir dele.

Com o passaporte em mãos, na sala de embarque, olhando pela imensa janela transparente aviões decolarem, um sorriso se instala em meu rosto. É um novo início para mim.

O maior desespero para um escritor é precisar entregar um livro e vivenciar o bloqueio criativo. Estou há meses no olho do furacão do pior bloqueio que já tive. Já rascunhei incontáveis enredos que não foram para frente. Já chorei, me desesperei, enfrentei crises de ansiedade. Porém, finalmente consegui enxergar uma luz no fim do túnel. Para sair desse terrível poço, preciso me libertar, preciso me permitir explorar novas táticas e viajar será uma delas.

Uma voz alta se faz ouvir. Ela não chama meu nome. Ao invés disso, ela chama pelo nome do meu destino e o número do meu voo. Meu estômago quase salta pela minha boca e põe para fora todo o milkshake que tomei durante a tortuosa espera. Com as pernas trêmulas, me levanto e caminho até o portão de embarque. O caminho não é muito longo até eu estar sentada em minha poltrona admirando a linda manhã de céu azul no Rio de Janeiro. Aquele sorriso largo? Ele ainda está bem aparente enfeitando meu rosto. É impossível não sorrir.

Daqui a poucas horas eu estarei pisando na cidade que foi inspiração para o grande Shakespeare romancista. Um frio na barriga me assombra ao cair a ficha de que eu realmente estou fazendo valer a ideia maluca que tive antes de dormir há uma semana atrás. Como eu cheguei aqui eu não sei, no entanto, tenho plena certeza que estou no caminho certo. Às vezes é necessário sair do casulo, ter novas perspectivas, explorar novas táticas, para se chegar no destino almejado. Eu estava saturada demais para escrever algo bom. Eu precisava me libertar e foi isso que fiz.

Mas não é uma viagem qualquer.

Como uma romancista e eterna admiradora de Shakespeare, me permitirei viajar até a cidade de um dos casais mais famosos dos romances. Verona sempre foi uma cidade que me chamou atenção e que me seduziu. Espero que tal cidade me proporcione inspiração suficiente para escrever um novo romance. Verona sempre foi um sonho meu. Depositei na realização desse sonho, todas as minhas esperanças para conseguir superar-me e entregar no meu novo livro, o melhor de mim.

Continuar lendo
img Baixe o aplicativo para ver mais comentários.
Baixar App Lera
icon APP STORE
icon GOOGLE PLAY