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Veridiana

Veridiana

5.0
10 Capítulo
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Sinopse

Índice

Veridiana é uma princesa treinada durante a primeira infância para tornar-se uma guerreira, no entanto, suas ambições são frustradas com a morte de seu pai, a obrigando a começar seus estudos para assumir sua posição como rainha do Reino de Silian. Não estando disposta a perder sua liberdade para enquadrar-se ao seu papel de gênero naquela sociedade, decidiu se tornar o mais distante de uma dama possível, espantando todos seus pretendentes até que tenha idade para ser coroada e então viver a sua maneira. Seus planos são frustrados quando se descobre malquista por seus futuros súditos, que a veem apenas como a filha de uma estrangeira, transgressora das tradições e costumes. Agora ela precisa encontrar um marido síliano, para reconquistar seu povo e consolidar seu poder antes que uma guerra comece.

Capítulo 1 Prólogo

Sua bochecha ardia, mas recusava-se a deixar que as lágrimas brotassem, pois não pretendia demonstrar que a agressão injusta lhe afetou. Falava para si que seu pai desaprovaria seu choro, entretanto, se ele estivesse ali, não teria permitido que levasse um safanão, não era mesmo?

As mãos da serva ainda tremiam de nervoso, enquanto domava com habilidade os cachos negros, tecendo uma trança grossa, teve pena dela... Louise tentou convencê-la com paciência a vestir o vestido de veludo negro varias vezes, até Ângela irromper pelo quarto esbravejando, e teria suportado a ira da rainha se a menina não se colocasse entre as duas, desafiando a mãe.

Abraçou Louise como um pedido de desculpa silencioso, amava-a, era a pessoa que mais cuidava dela depois de seu pai e não queria desagradá-la. Encarou a porta como se fosse um oponente particularmente difícil e saiu do quarto.

Desceu as escadas correndo com a serva nos seus calcanhares, os saltos das botas de caça, que Louise permitiu que usasse para mima-la, já que as saias cobriam-lhe os pés e ninguém as veria, estalavam nos degraus de pedra. Pelas janelas viam-se as bandeiras dos vários nobres e dos mais importantes vassalos de seu pai, nenhum que ele considerasse seu amigo, pois reconhecia apenas os símbolos, mas não os associava a um rosto.

Na ponta da escadaria que levava ao térreo, estava Matthew à sua espera, o menino era alguns anos mais velho que ela, mas tinham a mesma altura e o mesmo velho preceptor, de forma que, desde que se recordava, estavam sempre grudados. Não poderia ser diferente naquele dia difícil, o menino usava sua roupa de domingo e seus olhos estavam tão vermelhos quanto seus cabelos e bochechas, teve certeza que o menino andou chorando escondido.

Passaram algum tempo procurando Arthur, amigo do antigo de seu pai, mas não o acharam pelo saguão, então se viram obrigados a entrar no enorme salão de baile, onde velariam o corpo do rei. Novamente encarou as portas como um inimigo, mas não tinha que lutar sozinha contra ele.

Havia gente demais para que pudesse ver o caixão de mogno, e em seu tamanho infantil, poucos notavam sua presença, ainda mais quando estava acompanhada do filho de um soldado. Viu alguns meninos mais velhos que sabia que eram seus primos, mas que, pela diferença de idade, jamais tiveram vontade de conversar com ela, um homem redondo de cabelos negros e olhos azuis rapidamente tornou-se o centro das atenções pelo barulho que fazia, enquanto assuava o nariz ruidosamente em um lenço branco.

— Pare com esse escândalo, meu lorde... – sussurrou-lhe uma mulher de ar severo.

— Como posso não me emocionar, meu amor? – sua voz de trovão com forte sotaque, fez calar o pequeno burburinho que se fazia presente. – Meu irmão, meu rei, está morto! Assassinado dessa forma covarde, sem ao menos conseguir deixar um filho homem para assumir o trono. Não consigo me conter de indignação e tristeza!

Um impulso a guiou para perto do caixão, espremeu-se entre os adultos se acumulavam na sala, puxando Matthew pela manga da casaca surrada, então parou abruptamente, o caixão estava em cima de dois pilares altos o bastante para que não conseguisse ver com clareza seu ocupante.

Mãos firmes apoiaram-se em seus ombros, olhou para cima e viu os olhos verdes de Arthur, pai de Matthew, encarando-a com pesar e bondade, as lágrimas que conteve, bem demais para uma garotinha de cinco anos, rolaram silenciosas e escondeu o rosto no tronco do homem.

Arthur abaixou para que a princesinha pudesse enlaçar os bracinhos em seu pescoço, pegou-a no colo e afagou-lhe o topo na cabeça. Veridiana chorou sem olhar para trás e acabou adormecendo em seus braços antes que o padre fizesse suas últimas orações.

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