Destinos entrelaçados

Luísa Alcântara.

Já passava das seis da noite quando Luísa recebeu a triste notícia sobre o acidente de seus pais, ela ainda estava em choque com o que ouvira no telefone, Júlio que era seu chefe na Burger's Club havia lhe dito para não vir trabalhar nos próximos dias. Pensamentos rodeavam a cabeça de Luísa, como isso tinha acontecido? o que ela faria agora? seus pais eram o seu tudo, como continuar a vida assim? Quando estava prestes a entrar em sua casa, perdeu todo a sua estabilidade e caiu em prantos em fronte a porta, ela não conseguia lidar com esta dor, era demais para ela, seus cabelos castanhos estavam molhados pela chuva e seus olhos borrados pela maquiagem molhada, já que ficará horas na chuva na porta da casa de seus pais procurando forças para entrar, ela sabia que a casa continha todas as lembranças dela com seus amados pais, o cheiro, as fotos, as memórias de quando pequena, era quase insuportável ficar naquele ambiente.

Gabriel Lord.

Eram exatamente seis horas quando Gabriel saiu da reunião sobre o primeiro semestre da empresa, ele estava tão cansando que se jogou no sofá de seu escritório.

- Meu Deus que dia! para ajudar ainda está chovendo só porque não gosto de dirigir com chuva. Não vejo a hora de ir para casa tomar um banho e capotar na cama.

- Senhor você ainda tem aquele jantar com a garota que selecionei para seu "noivado".

- Ah... não acredito! estou sem paciência, consegue desmarcar para mim?

- Receio que não, pois na semana passada você já fez isso, se o senhor fizer novamente a moça pode se sentir desrespeitada e desistir da proposta, foi difícil achar uma garota que se encaixasse em seus padrões.

- Claro, entendo, seria rude da minha parte também. Ei, qual é o nome dela mesmo?

- Vitória. Você quer que eu lhe passe as informações ao respeito dela?

- Sim, faça isso por favor, enquanto dou uma cochilada, estarei com os ouvidos bem abertos.

Charles que estava de terno cinza olhou com os olhos bem arregalados para seu chefe "que tipo de pessoa consegue guardar informações em sua memória sem prestar atenção ... " Gabriel interrompeu o secretário em seus pensamentos:

- Charles, quando pensa em começar?

- Desculpe senhor, eu irei começar agora, Vitória tem 36 anos, é formada em direito e trabalha na Elicorp Advocacia, sua família é dona do local onde ela atua sua profissão, ela não tem redes sociais, é considerada uma pessoa elegante, desde seus 4 anos praticou ballet clássico, fala seis idiomas diferente e é herdeira de uma fortuna inestimável, dessa forma a junção de sua família com a dela é de suma importância para empre... Gabriel interrompeu as informações prestadas por seu assistente.

- O queeee? como assimmm..? Eu pedi para achar uma garota comum, o noivado é falso, serve apenas para acalmar minha mãe, quanto mais comum melhor, assim não terei problema tão sérios com a família da moça quando terminar essa farsa, mas com Vitória, primeiro que minha mãe faria de tudo para me casar com ela a qualquer custo e oferecer dinheiro para a garota não funcionaria para ela acertar o acordo de termos um compromisso somente por aparência, já que Vitória não precisa, de onde tirou os critérios para fazer essa escolha?

- Eu.. Eu..

Charles começou a gaguejar e a suar frio com o olhar gélido que vinha daquele homem no sofá a sua frente, pois quem escolheu a mulher com quem seu chefe noivaria, foi a própria mãe de Gabriel, que ficou sabendo pelos comentários dentro da empresa que seu filho estava a procura de uma noiva, como ele diria a velha que o noivado era falso e que a nora da mulher não podia ser da alta sociedade. Quando a mãe de Gabriel, Angélica, o procurou ele ficou em uma sinuca de bico.

- Não precisa dizer mais nada, está na cara que foi minha mãe que escolheu Vitória, de qualquer forma, vou jantar com ela hoje e explicar a situação, creio que ela irá entender e quanto a você, trate de fazer o que eu pedi e não o que a minha mãe quer.

Gabriel levantou do sofá e passou por Charles em direção ao estacionamento, deixando um ar frio por onde passava, o secretário ficou abismado com a maneira impiedosa que seu chefe levava sua vida, estando sempre no controle de tudo, exceto quando se tratava de sua mãe, a jararaca conseguia dominar o leão, mais cedo ou mais tarde ele acabaria fazendo o que sua mãe queria.

A chuva estava muito forte quando o senhor Lord saiu da garagem da empresa, geralmente ele não dirigia, mas seu motorista pediu licença por causa da esposa grávida, dirigir com uma chuva daquelas era missão quase impossível, ele foi até sua casa rapidamente, não queria chegar atrasado ao jantar, ele era um homem que tinha respeito pela pontualidade.

Depois de tomar um banho e vestir uma roupa mais casual, uma camisa branca sem estampa e uma calça caqui marrom claro, Gabriel foi até a garagem de sua mansão para escolher qual carro iria ao encontro, de todos na garagem preferiu um mais discreto, BMW 750 Li Sedan. Quando estava prestes a ligar o carro lembrou que não pegará a carteira, ele desceu do carro novamente e voltou para a casa, mas não conseguia encontrá-la.

- Po***, onde foi que eu coloquei.

Depois de verificar pela segunda vez o relógio, percebeu que não conseguiria chegar no horário, então se lembrou que sua carteira poderia estar junto ao celular, de seu relógio conseguiu realizar a chamada e logo o celular apitou na cozinha, por sorte a carteira estava lá mesmo, ele não se lembrava de tê-la levada lá, mas isso não importava no momento. Depois de quase 20 minutos procurando a carteira ele saiu da garagem em alta velocidade.