O salão do Grand Palace Hotel brilhava, palco para o lançamento da nova coleção de Pedro e o anúncio de nossa parceria de negócios. Mas as luzes dos lustres de cristal e o tilintar das taças de champanhe se estilhaçaram quando Pedro, meu noivo, pegou o microfone. Com um sorriso que não era para mim, ele estendeu a mão para Isabela, a filha da nossa governanta, declarando-a sua verdadeira musa e parceira de negócios. "Isabela é a pessoa destinada a mim, não vou me casar com outra," ele proclamou, e a frase me atingiu como um golpe físico, dilacerando meu noivado e a honra da minha família. Ele me descartou publicamente, justificando a traição com "incompatibilidade de ideias" e, inacreditavelmente, "mapas astrais", me oferecendo um cargo de funcionária em algo que deveria ser meu. A elite da moda me observava com pena e divertimento mórbido, sussurrando sobre a herdeira Bernardes trocada pela Cinderela. A humilhação era profunda, e a raiva borbulhava, mas não dei a Pedro o prazer de me ver desmoronar. Lembrei-me das palavras de um consultor: "Essa menina não nasceu para ser parceira, ela nasceu para liderar, um dia, ela vai dominar o mundo da moda." Pedro abriu mão da posição suprema no tabuleiro, e sua ignorância seria sua ruína. Eu respirei fundo, endireitei as costas, e decidi: a humilhação era temporária, o poder seria eterno. Meu jogo havia acabado de começar, e Pedro, cego por sua suposta "sorte", acabara de armar seu inimigo mais perigoso.