Aos doze anos, meu mundo desabou quando vi o caixão da minha mãe descer à terra, e foi Pedro, o melhor amigo dela, que prometeu ser meu guardião, o único pilar que me restava. Ele me deu um lar, educação e conforto, mas com o tempo, seu cuidado se transformou em uma possessividade sufocante, um amor que eu, ingênua, confundi com algo mais. Aos dezoito, finalmente juntei coragem e declarei meu amor a ele, mas a resposta foi um silêncio cortante e palavras geladas que me reduziram a nada: "Duda, sou apenas seu Tio Pedro, e nada mais." Humilhada e rejeitada, com o coração em pedaços e a alma ferida, percebi que o amor que sentia era doentio, construído sobre uma ilusão que ele mesmo cultivou. Decidi que precisava fugir, ir para o mais longe possível daquele homem e daquela casa, me livrar de um amor que nunca foi amor, mas sim uma prisão dourada, e assim, reconstruir minha vida do zero, sozinha.