Chego em Salvador, o calor úmido de volta, o cheiro de dendê familiar. Depois de anos estudando fora, finalmente vou me casar com João, o amor da minha vida, herdeiro das Pousadas Alcântara. Meu coração dispara de expectativa no táxi, a caminho da empresa de eventos para acertar os últimos detalhes. "Eu sou Maria, tenho uma reunião sobre o meu casamento com João Alcântara." A recepcionista me olha confusa: "Maria? O casamento do Sr. João já aconteceu há três meses." Meu mundo desaba. "Como assim? Deve haver um engano. Eu sou a noiva!" "A esposa do Sr. João se chama Maria também. Maria Torres. Filha do deputado Torres. Eles são o casal do momento." Meu próprio sobrenome. Então João sai do escritório, rindo, de braços dados com uma mulher desconhecida, e seu sorriso some ao me ver. "Maria? O que você está fazendo aqui?" A impostora me olha com desdém. "Quem é essa, meu amor?" "João, que brincadeira é essa? Quem é ela? E que história é essa de que você se casou?" Ele tenta me arrastar para um canto. "Fale baixo. A gente conversa depois." Eu me solto com força. "Conversar depois? Eu viajo meio mundo para o nosso casamento e descubro que você já se casou com outra mulher que está usando o meu nome?" Ela ri, um som terrível. "Seu nome? Querida, eu sou Maria Torres. Todo mundo sabe disso. Você deve ser alguma maluca, uma fã obcecada pelo meu marido." João chama os seguranças. "Tirem essa mulher daqui. Agora." Enquanto sou arrastada para fora, olho para ele. Só há frieza. Naquele momento, meu amor virou pó. Só restou a fúria. Se ela queria ser Maria Torres, ela pagaria o preço. Minha vingança começava.