O meu filho, Leo, fez cinco anos hoje, mas o pai dele, Miguel, não voltou para casa. Ligou do bar, a sua voz misturada com música alta, e disse para o Leo que ele "compensa mais tarde". Foi o enésimo aniversário que ele "trabalhou". Eu, tola, ainda acreditei que era apenas trabalho, mesmo com a minha "melhor amiga" Eva sempre por perto. Mas a voz da minha sogra ao telefone foi como um estalo: "Toda a gente já sabe da Eva! Estás a deixar a nossa família ser uma anedota!" Foi assim que descobri. Eu era a última a saber. O amor de dez anos, o homem que eu achava que conhecia, trocou-me pela minha "melhor amiga", e fez-me de cega. Quando o confrontei, exigi o divórcio. Ele riu-se, cruel: "Divórcio? Tu não tens nada! Vais para onde com o Leo? Vais voltar para a casa dos teus pais naquele apartamento minúsculo?" As suas palavras foram facas. Mas a dor que senti foi para mim um acicate. Como pude ser tão cega? Como pude deixar-me ser tão humilhada? Se ele quer guerra, guerra ele terá. Peguei na mala e saí de cabeça erguida, mas o meu coração dizia-me: isto é só o começo.