Minha mãe havia falecido há um mês, e o luto abriu um buraco no meu peito. Pedro, meu marido, o famoso jogador de futebol, estava mais preocupado em atender Larissa, sua ex-namorada, do que em me dar apoio. "Eu sinto muito. Mas o que você quer que eu faça? Pega um táxi. Me mantém informado", ele disse, desligando o telefone na minha cara, enquanto minha mãe agonizava no hospital. Naquela noite, a ficha caiu: eu estava completamente sozinha. De volta do funeral, Pedro jogava videogame no sofá, mal me olhando, enquanto eu voltava com as cinzas da minha mãe. Ele não notou minha dor, só se importou em me avisar que a Larissa tinha trazido um bolo – sempre ela. A humilhação atingiu o ápice quando Pedro decidiu cozinhar, pela primeira vez em cinco anos de casamento. Não para mim, mas para Larissa, que viera jantar porque seu cachorrinho estava doente. Meu marido jogava sal na minha ferida aberta, no meu luto. Eu só queria acabar com tudo, mas sabia que Pedro jamais assinaria o divórcio se soubesse o que era. Ele era orgulhoso demais para admitir o fracasso. Mas eu tinha um plano. Misturei os papéis do divórcio aos contratos de patrocínio que ele nunca lia, e o observei assinar, com sua letra grande e arrogante, enquanto falava com Larissa ao telefone, sorrindo. Ele estava tão cego pela outra que nem percebeu que, naquele instante, assinou o fim do nosso casamento. Ainda não havia notificação oficial. E a dor me corroía por dentro, a raiva me consumia. Como pude ser tão invisível para o homem que jurei amar? Eu não queria vingança, queria justiça, e acima de tudo, minha liberdade. E então, minha jornada de libertação começou, silenciosa, mas implacável, onde cada gesto, cada palavra, seria um passo para a minha verdadeira independência.