A chuva caía impiedosa sobre o meu guarda-chuva no dia do funeral do meu pequeno Leo. Eu estava ali, encharcada pela dor e pela água fria, a enterrar o meu filho. Mal sabia eu que o meu marido, Pedro, estava noutro lado, sob luzes quentes e risos, a escolher um anel de noivado para a sua amante. O choque veio numa fotografia enviada pela irmã dela: Pedro e Sofia, um sorriso que eu não via há anos, um diamante a brilhar. A mensagem que a acompanhava era um tiro no coração dormente: "Ele nunca te amou. O filho que perdeste? Ele nunca o quis. Ele só está contigo por causa do dinheiro da tua família." O meu telemóvel caiu na lama, e o meu mundo virou-se. Ele, ocupado a construir uma nova vida com outra, enquanto o meu filho jazia sob a terra. A raiva, fria e cortante, varreu o torpor do luto. E quando liguei, ouvi a voz dela ao fundo, e a mentira dele: "Ninguém." Não era apenas uma traição; era a aniquilação de tudo o que eu pensava ser verdade. Saber que ele engravidou a amante enquanto o nosso filho crescia dentro de mim... essa foi a última gota. O meu coração, que eu pensava estar morto, ardeu em fúria. Eu não queria mais chorar, eu queria justiça. E a minha vingança, fria e calculada, ia começar agora.
