O meu filho, Lucas, faria hoje cinco anos. Comprei o seu bolo de chocolate favorito, acendi as velas, mas a alegria desvaneceu-se quando o meu marido, Pedro, chegou a casa. O seu rosto transformou-se numa máscara de desprezo. "Ele já morreu há cinco anos. Já chega." Ele disse, a sua voz fria como gelo. Pior do que a dor das suas palavras, foi a notícia que me gelou o sangue: a Beatriz, a mulher que ele nunca esqueceu, voltaria a viver connosco amanhã. A mesma Beatriz, que há cinco anos, ligou-lhe com um falso pedido de ajuda, fazendo com que ele nos abandonasse, a mim e ao nosso filho, com febre alta e o carro avariado, no meio da autoestrada. O Lucas morreu nos meus braços, enquanto o Pedro corria para ela. Agora, ele limpava o quarto do meu filho, atirava os seus desenhos e brinquedos para o lixo. Ele estava a apagar o Lucas da nossa casa. Com uma fúria que eu nunca soubera que possuía, percebi que a mulher que eu era morreu naquela autoestrada. Mas eu não ia deixar Pedro e Beatriz vencerem. Peguei na faca e cortei o bolo. A guerra começava e eu estava pronta para lutar.