O barulho no restaurante borbulhava com a euforia dos aprovados no ENEM, mas para mim, João Carlos, o futuro era uma canção diferente. Foi então que Gabriela, minha ex-namorada, surgiu com o Ricardo, herdeiro de uma rede de restaurantes, e a zombaria começou. "Veio comemorar sua aprovação em quê, João Carlos? Na faculdade da vida?", ela provocou, enquanto ele me olhava com desprezo. A humilhação escalou: "Nem todo mundo nasceu pra vencer. Alguns precisam servir as mesas onde os vencedores comemoram." Eu senti o nó no estômago, a raiva subindo, mas mantive o rosto inexpressivo diante daquela plateia que se deliciava. Minha palheta de ouro maciço, com minhas iniciais gravadas - um convite para um mundo que jamais entenderiam - foi descartada como "bijuteria barata". A cena se tornou uma prisão: Ricardo e seus seguranças bloquearam a saída, rindo das minhas tentativas de sair para um "compromisso". "Um showzinho no bar da esquina por cinquenta reais e uma cerveja?", ele zombou, e Gabriela acrescentou, "Talvez ele tenha conseguido um emprego de entregador. É um futuro digno para quem não tem cérebro para os estudos." A fúria ardeu, mas a calma prevaleceu, pois o desprezo deles era a própria ignorância. "O sucesso de vocês no ENEM é ótimo, de verdade. Mas isso não define o valor de ninguém. Existem outros caminhos, outros tipos de sucesso." Minha serenidade parecia irritar Ricardo ainda mais, antes de ele exclamar triunfante: "Gente como você nem deveria estar aqui. Esse lugar é para vencedores, para a elite. Pessoas que vão para as melhores federais, pessoas que, como eu, tem uma bolsa garantida em Harvard." Foi aí que parei de ser passivo, encarei-o e soltei a bomba: "Pelo menos eu não precisei que meu papai comprasse a minha vaga em Harvard." A gargalhada histérica de Ricardo e Gabriela ecoou, mas o destino deles já estava selado diante da minha ameaça: "As pessoas com quem vou me encontrar não gostam de atrasos. Se eu não aparecer por sua causa, garanto que as consequências para você e para sua família não serão nada agradáveis." Minha reunião com o renomado Maestro Klaus Richter da Academia de Música mais cobiçada da Europa estava em jogo, e esse filho de papai não tinha ideia do desastre iminente. Quando Marcus Vance, um dos produtores musicais mais influentes do mundo, entrou e se dirigiu a mim como "Senhor João Carlos", o sorriso arrogante de Ricardo desmoronou. O tapa de Vance no rosto de Ricardo ecoou no restaurante, selando o destino do herdeiro, pois ninguém sabia com quem estava mexendo. "Ricardo, Ricardo... O problema é que o que você fez hoje não pode ser resolvido com o dinheiro do seu papai." Testemunhe a queda de um império de arrogância e a ascensão de um verdadeiro talento, pois a sinfonia da minha vingança estava apenas começando.