A minha vida parecia normal. Carreira sólida, um namorado que eu pensava que me amava. Mas naquele dia, o meu mundo desabou. Fui despedida, e a minha mãe, pálida e doente, precisou de ser hospitalizada de urgência. Liguei ao meu namorado, Diogo, e ao meu padrasto, Ricardo, em busca de apoio, de consolo. Mas a resposta chocou-me até ao osso: eles estavam a ajudar a irmã de Diogo, Sofia, a montar um sofá novo. "Um sofá", pensei, "era mais importante do que a minha mãe em perigo e o meu emprego perdido?" O Diogo, irritado, acusou-me de ser "dramática" e "exagerada" por causa de uma "simples dor de cabeça". O Ricardo, o marido da minha mãe, ligou para o telemóvel dela, não para perguntar pela esposa doente, mas para me insultar e exigir que eu pedisse desculpa ao Diogo. Sofia, a "vítima" da situação, enviava mensagens e posts nas redes sociais, regozijando-se com a sua "família" perfeita. Fui atingida pela crua e dolorosa verdade: eles não se importavam. Nunca fomos prioridade. Nunca. Éramos um incómodo, um papel de parede nas suas vidas perfeitas. O vazio era cinzento, a injustiça esmagadora. Mas quando o Diogo e o Ricardo irromperam no quarto do hospital, exigindo que eu baixasse a cabeça e cedesse, algo em mim estalou. Isto não ia ficar assim. Eu iria finalmente expor a verdade por trás daquela "família" disfuncional, mesmo que isso significasse demolir tudo. Eles iriam, pela primeira vez, ouvir o que uma mulher, cansada de ser invisível, tinha para dizer.