Há cinco anos, pensei ter encontrado o amor da minha vida. Isabela. Vivíamos juntos, numa bolha de felicidade que parecia perfeita. Até que perdi a minha carteira. E fui ao cartório pedir uma segunda via da nossa certidão de casamento. Foi então que o mundo desabou. Não havia registo do nosso casamento. Em vez disso, a funcionária revelou uma verdade chocante: Isabela já era casada. Há sete anos. Com um homem chamado Ricardo. Sete anos. Isso significava que ela já estava casada antes de sequer nos conhecermos. Toda a nossa vida juntos, cada "eu te amo", cada promessa de futuro... era uma farsa. Eu não era o marido; era o "outro". O pânico transformou-se em náusea quando descobri o quão profunda era a teia de mentiras. Ela usava o casamento falso para negócios, e a "filha adotiva" do orfanato era, na verdade, a filha dela e de Ricardo. A indiferença dela atingiu o auge quando, por causa de um jantar de negócios, ela me forçou a comer algo que quase me matou. Parti o pé, e ela priorizou um objeto caro à minha saúde. Senti-me mais sozinho do que nunca, com a minha própria família ainda ressentida pela minha escolha passada. Como pude ser tão cego? A dor da traição era insuportável, misturada com uma raiva fria. Eu era um peão num jogo que nem sabia que estava a jogar. Por que me arrastou para esta mentira cruel? O que restou dos meus cinco anos de vida? Mas no hospital, com o pé engessado e o coração em mil pedaços, uma verdade se impôs: eu não estava sozinho. Marquei um número que não discava há cinco anos. Era a Helena, a minha ex-noiva. Ela sabia de tudo. E estava à minha espera. Era hora de parar de ser vítima e lutar pela minha vida de volta.