Tentei "conquistar" Ricardo Monteiro cinco vezes. Cinco vidas diferentes, cinco identidades deslumbrantes. Ele era o meu alvo, ditado por um Sistema impiedoso. Na minha última tentativa, na minha quinta vida, ele olhou-me com desprezo gélido. "Sofia, para de rastejar." "Mesmo que te transformes em cinzas, eu reconheço-te." "Prefiro saltar daqui abaixo a ficar contigo." As suas palavras foram facadas diretas, frias e cruéis. Senti o meu mundo desabar, mais uma vez, sob o peso da rejeição esmagadora. Resignei-me à "eliminação" iminente que o Sistema impunha. O carro descontrolado, o embate violento, a escuridão. Mais uma morte. Cancro fulminante, baleada, afogamento, explosão de gás, e agora um acidente brutal. Cada morte era uma tortura que dilacerava a alma. Ao acordar novamente, a voz familiar do Sistema soou, desculpando-se. "A sede pede desculpa pelos traumas passados. Foi uma falha de cálculo nossa." Uma falha de cálculo? As minhas vidas, as minhas mortes, reduzidas a isso medíocre? Eu estava exausta de morrer. Estava cansada de tentar agradar um homem que me desprezava veementemente. Será que este ciclo infernal de dor e humilhação nunca teria fim? Mas então, uma nova pergunta ecoou no vazio. "Anfitriã, queres mudar de alvo de conquista?" E um nome surgiu, como um raio de esperança: Miguel Sousa. Era a minha única hipótese de sobrevivência. A liberdade parecia, finalmente, um caminho possível.