Por cinco anos, Sofia e eu vivemos um segredo, aninhados no carro dele com o cheiro a mar e protetor solar caro. Eu sonhava com uma casa no Alentejo, com uma vida "normal", enquanto ele prometia um futuro que parecia nunca chegar. Mas a mentira desmoronou numa festa na Comporta. Escondida por um vaso de plantas, em vez de um "eu te amo", a voz de Leo esmagou o meu mundo: "A Sofia? Ela é incrível, uma experiência fantástica. É um ensaio geral para quando a Carol, a verdadeira estrela, chegar." "Ensaio geral." "Experiência." As palavras ecoavam, cada uma um golpe. Leo continuou a mentir, a negligenciar-me, até me abandonou doente num hospital para "ajudar" Carolina. Vi-o embevecido por ela, depois ouvi-o, bêbado, a declarar "Eu amo-te, Carolina!", confundindo-me com ela, enquanto eu segurava a sua mão. O golpe final? Ouvi a 'rival' gabar-se: "A Sofia? Coitada. Leo disse que ela era só para... praticar. Já passou da idade de andar com estas coisas." Eu não era uma mulher para amar, mas um manequim para treinar. Cinco anos de dedicação, um amor intenso, tudo uma farsa. A dor física e emocional consumiu-me. Como pude ser tão cega? Decidi. Vendi a minha pastelaria, o meu apartamento, apaguei o meu passado em Lisboa. Mudei-me para o Porto para um novo começo. Lá, encontrei Diogo, um homem que curou as minhas feridas e me ensinou a amar de verdade. No dia do meu casamento, quando estava prestes a dizer sim a Diogo, Leo apareceu, cego, desorientado, e tentou impedir-me, sem saber que a cerimónia... era MINHA!