Lucas Almeida amava Isabela Fontes com todo o seu coração. Estavam noivos, a festa de noivado, um evento luxuoso, estava a dias. Ele preparava um presente surpresa, simbolo de sete anos de namoro e de um futuro que idealizava ao lado dela. Queria apagar qualquer tensão, inclusive a causada pela recente e misteriosa "amnésia" dela. Mas, ao chegar à suíte, ouviu vozes. Isabela, com as amigas, ria, revelando a farsa: a "amnésia" era um plano para curtir a vida de solteira. "No dia da festa, eu 'milagrosamente' recupero a memória", dizia ela. "Lucas vai ficar tão aliviado, tão apaixonado... vai ser perfeito." O coração de Lucas gelou ao ouvir a voz dela, clara e divertida, confessando o desejo por dinheiro e estabilidade, enquanto ele era apenas um peão. Ele observou-a flertar abertamente com o personal trainer Thiago, sem pudor. Foi ignorado, humilhado publicamente. Um telefonema com gemidos forçados dele e de Thiago atingiu-o em cheio. A cena deles na suíte onde seria a festa, profanando cada memória, foi o golpe final. Sete anos. A gratidão por ela tê-lo "salvo" no passado. Tudo se desfez num instante. Era tudo uma farsa cruel, uma manipulação calculada. A Isabela que ele amava, a mulher leal e protetora, nunca existiu. Ele era um tolo cego, usado e descartado. Mas a dor deu lugar a uma frieza surpreendente. No chão frio do hotel, Lucas Almeida decidiu. Ele não buscaria vingança, mas uma libertação. Um recomeço silencioso e definitivo. Lucas Almeida não existiria mais. Nasceria Miguel Costa, pronto para Lisboa e para uma nova vida, longe da toxicidade.