Em um futuro tão próximo que quase parece o presente, as fronteiras entre governos, corporações e criminosos digitais desapareceram. O mundo não é mais governado por nações, mas por dados - e quem os controla, comanda tudo. No submundo digital conhecido como Câmara Escura, um misterioso código é descoberto. Chamado de "Hades Protocol", ele é capaz de controlar armas autônomas, satélites de espionagem e redes bancárias inteiras. Um artefato de guerra cibernética criado em segredo durante a última década, enterrado por seus criadores... e que agora está prestes a ser reativado. O responsável por desenterrar esse pesadelo é Kael Moreno, um hacker brasileiro que desapareceu dos radares há cinco anos após um ataque massivo a uma agência de inteligência europeia. Considerado morto, Kael ressurge com um único objetivo: destruir o código. Mas o mundo inteiro quer o contrário - inclusive a enigmática Agente Elara Vos, da Força Global de Segurança, enviada para capturá-lo. Kael e Elara se enfrentam em um primeiro confronto violento nas ruas de Budapeste, mas um detalhe muda tudo: ela percebe que Kael é a única pessoa capaz de impedir um colapso mundial. Uma aliança inesperada surge entre os dois - forjada em desconfiança, mas fortalecida por um inimigo comum. À medida que percorrem cidades marcadas por cicatrizes invisíveis - de Berlim a São Paulo, de Istambul a Cingapura - eles enfrentam mercenários de elite, ex-agentes traidores e uma IA secreta chamada Orfeu, que protege o protocolo a qualquer custo. O tempo corre. Em 72 horas, o Hades Protocol será ativado por um grupo conhecido apenas como O Nono Véu, e o planeta pode mergulhar numa nova era de guerra invisível, onde nenhuma bala é disparada, mas milhões morrem. No centro de tudo, Kael guarda um segredo mais perigoso que o próprio código: ele ajudou a criar o Hades Protocol.
Budapeste, Hungria – 23h47
A chuva cortava o céu noturno como códigos em uma tela corrompida. As luzes de neon refletiam em poças d'água sujas, espalhando cores que pareciam gritar em silêncio. Na parte velha da cidade, sob as ruínas de um antigo bunker da Guerra Fria, algo desperto pulsava - como se os próprios escombros respirassem dados.
Kael Moreno desceu os últimos degraus do túnel, a mochila presa às costas como um cofre ambulante. Ele vestia uma jaqueta preta impermeável, mas já estava encharcado. Seus olhos escaneavam o ambiente, oscilando entre o instinto de um fugitivo e a precisão de um cirurgião digital.
No pulso esquerdo, um relógio analógico - relíquia de seu pai. No direito, um chip subdérmico piscava em azul: Hades Protocol - Acesso Nível 0/7. Ainda bloqueado. Ainda seguro.
Ele se ajoelhou diante de uma parede de concreto rachado. Com um toque quase reverente, retirou um cilindro metálico da mochila. Um microtransmissor óptico. Girou duas vezes, ativando a projeção. Um mapa holográfico emergiu da poeira: rotas, entradas, sistemas de defesa. Tudo isso era parte do passado - e um alerta para o presente.
Kael suspirou.
- Você vai mesmo abrir essa porta de novo? - murmurou para si mesmo.
A voz que respondeu veio de um fone embutido no colarinho.
- "Você não tem escolha, Kael. Eles já estão rastreando seus sinais. Você ativou o protocolo. Agora é até o fim."
Era Céu, uma voz sem rosto, sua única aliada - ou a única que ainda não o havia traído.
Kael digitou uma sequência no painel oculto na parede. O som de pistões antigos rangendo quebrou o silêncio do subterrâneo. A porta deslizou para o lado, revelando um corredor de aço, iluminado por luzes vermelhas de emergência. O passado ganhava forma. E com ele, o risco de recomeçar o fim.
Ao norte da cidade – Quartel da Força Global de Segurança
A agente Elara Vos observava a tela principal da sala de comando. Seu rosto era uma máscara de calma, mas seus dedos tamborilavam com inquietação sobre a mesa. Ela não gostava de caça sem informações completas. E menos ainda quando o alvo era alguém como Kael Moreno.
- "Ele entrou no setor de mineração abandonado. Estamos monitorando sinais de pulso. Há um chip ativo - protocolo Hades, código azul," disse um técnico.
Ela se virou.
- Código azul? Tem certeza?
O técnico engoliu em seco e assentiu. Elara franziu o cenho. Código azul significava pré-ativação. Se Kael tivesse o protocolo em mãos, ele podia vender, liberar, ou pior - usá-lo.
Ela fechou o zíper da jaqueta preta de combate e pegou a pistola personalizada presa ao coldre. O mundo não podia se dar ao luxo de deixar aquele código cair nas mãos erradas. Mesmo que essas mãos tivessem criado o código para protegê-lo.
- "Desliguem os rastreadores. Vamos entrar no escuro. Não quero que o Nono Véu nos veja chegando."
Todos na sala pararam por um segundo. Elara havia dito o nome proibido.
O Nono Véu.
Um grupo tão oculto que nem registros digitais conseguiam alcançá-los. Diziam que operavam como sombras - por trás de bancos, governos, sistemas de inteligência, corporações.
Se Kael havia ativado algo que os interessasse, o tempo estava oficialmente contra todos.
Subsolo – Nível 3 do Bunker
Kael chegou à sala de controle central. Tudo estava como ele lembrava - ou quase. A mesa principal estava coberta por poeira e fios desconectados, mas o terminal estava ali. Esperando. Ele conectou o transmissor óptico ao núcleo e a tela piscou viva.
Linhas de código começaram a correr. A IA que ele havia ajudado a criar, Orfeu, ainda dormia dentro do sistema. Mas ela sentiria sua presença em segundos.
E sentiu.
"Bem-vindo de volta, Kael Moreno."
"Você não deveria estar aqui."
Kael sorriu de leve.
- Você ainda tem senso de ironia? Isso é bom sinal.
"Você está tentando acessar o Hades Protocol. Isso ativará procedimentos de contenção."
"Você confirma?"
Kael hesitou. Sua mente voou para cinco anos atrás - para a noite em que o mundo quase explodiu e ele desapareceu. Para a traição. Para a morte de Lívia.
- Confirmo.
A tela piscou em vermelho. Sirenes começaram a tocar.
E o jogo começou.
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