-Querida, nossos convidados estarão aqui em breve. Você deve se aprontar o mais rápido possível!
A bela moça, de frente para o espelho arrumava seu vestido cor lilás petunia.
-Mamãe, estou com medo. Não quero me casar com este senhor. O que farei se ele resolver me tratar como trata a todos os seus empregados?
A senhora se aproximou da filha e a pôs sentada à penteadeira e pôs-se a ajeitar os cabelos da moça
-Ah, vamos minha filha. Você não é nenhuma empregada para esta família. Ninguém trata sua esposa como trata os empregados.
-MÃE! Nunca ouviu o que dizem sobre aquela família? As coisas horríveis que fazem? Eu não quero sem um deles!
-Já chega, Ayla! - disse em um tom ríspido, enquanto batia uma única palma.
Na porta, pôs a mão no batente e olhou levemente para trás. Também não é como se seu pai fosse deixar você se casar com um pé rapado como aquele. Seu pai é teimoso e orgulhoso demais. Tão quão você, querida.
Após sua mãe ter saído do quarto Ayla respirou fundo, levantou-se e decidiu encaminhar-se para fora, mas antes que chegasse a porta, suas pernas travaram, seus joelhos tremiam e a única coisa que conseguia se lembrar foi a promessa que um dia fez a um jovem rapaz. O rapaz que ela nunca pode esquecer. Julian. Ele foi seu primeiro amor. Ela acreditava que ele também seria o último. Sempre com juras de que o amor deles seria eterno e que nunca iriam desistir de ficarem juntos. Que ninguém conseguiria ficar entre os dois. Talvez fossem só palavras... como todos diziam...
Ayla levantou o rosto e quando viu seu pai, se derreteu em prantos. Seu pai correu até ela e a abraçou.
-O que houve querida? Se sente mal?
Não quero, papal. Eu não posso! Não consigo sair daqui!
Minha filha, se acalme. Respire devagar. Nós precisamos fazer isso. Você precisa fazer isso. É nossa última chance. Nossa única opção.
Ayla, após extravasar em choro, começou a se acalmar lentamente. Apoiada nos braços do pai começou a dar curtos passos e os dois andaram até a escada, mas antes de descer seu pai retirou um lenço de bolso e entregou na mão da filha, que com ele limpou o rosto encharcado de lágrimas.
Ela olhou novamente para o pai.
-Última chance?
-Infelizmente sim, princesa. Nossa dívida com esta família é muito alta. Se não, perderemos tudo!...
Ela entregou o lenço de volta para o pai, respirou fundo mais uma vez, pôs um sorriso de negócios em seu rosto, soltou as mãos de seu pai e desceu da forma mais graciosa que uma dama poderia descer qualquer escada.
Aos pés da escada a aguardava um homem alto, loiro, de olhos castanhos. Ao lado desse homem um casal mais velho, mãe e pai do distinto rapaz. Ayla para de frente para o homem que a aguardava ao pé da escada. Seu pai, com um sorriso nervoso, a alcançou e os apresentou.
-Ayla, este é Henrique, seu noivo. Henrique... esta é a minha princesa, Ayla.