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A HUMANA DO PRINCIPE DRAGÃO

A HUMANA DO PRINCIPE DRAGÃO

5.0
114 Capítulo
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Sinopse

Índice

Eu não sabia que a vida podia mudar num instante. Perdi tudo naquele dia fatídico: os meus pais, os meus irmãos, os meus amigos, a minha casa, tudo! Só porque era considerada bonita, tive de fugir e esconder-me como se fosse a pior dos criminosos. Nunca imaginei que o meu destino fosse tão cruel; por minha causa, perdi tudo o que amava. Desde aquela noite, tento fugir sem sucesso; eles encontram-me sempre. Até que, a meio da noite, sou levantada por garras enormes e transportada para lugares longínquos e estranhos. Sempre que sou encontrada, este ser salva-me. Quem será ele? Não faço ideia. Com medo? Sim, muito. No entanto, aguardo-o todos os dias para me salvar.

Capítulo 1 FUGA

A porta ressoa com batidas agitadas a meio da noite. Dominic Cruz corre com o seu filho mais velho, Lotha, para abrir a porta, apenas para encontrar o rosto aterrorizado do seu melhor amigo Aldus a gritar-lhe.

—Corre, eles vêm aí, eles vêm aí!

—Quem?

—Os senhores com o Floriano, ele está apaixonado pela tua filha Estela desde que a viu, e vem buscá-la! Têm de fugir, são muitos!

Lotha, vai com ela, esconde-te na casa dos teus avós! —ordena o pai, gritando ao mesmo tempo. —Esthela, corre, filha, corre! Tens de fugir! Maurin, Dustin, ajudem-na! Anora, ajuda-a!

Todos correm, a mãe Anora cobre-a com vários xailes e sai com ela para o pátio onde o irmão mais velho, Lotha, já a espera no seu cavalo. A mãe dá-lhe um abraço choroso, um saco com tudo o que recolheu e ajuda-a a subir para o lombo do cavalo. Os três cavalos saem tão depressa quanto as suas pernas os podem levar.

—Não podem ficar aqui", diz-lhes Aldus—, vamos para minha casa. É bom que eles pensem que estão numa das suas viagens à procura de mercadoria.

Dominico coloca o sinal que sempre colocam quando fazem estas viagens, e vão esconder-se nos arbustos do outro lado da casa. Ainda não acabaram de o fazer, quando vêem chegar alguns cavaleiros que, aos gritos, arrombam a porta. Entre eles, conseguem distinguir Florian, o filho de um dos cavaleiros mais temíveis do condado, que descobriu a beleza de Esthela ainda na igreja. Têm a certeza de que ele não descansará enquanto não a fizer sua.

—Têm de estar perto! Não podem estar longe! — gritou, enquanto atirava furiosamente para o chão o sinal que tinham deixado, indicando que estavam em viagem. Não se foram embora, eu sei! Encontrem-nos! Estela é minha, minha!

—Eles estão habituados a isso, Florian, andam dias à procura de mercadorias e demoram muito tempo a regressar. Um outro diz-lhe, pegando numa garrafa de vinho que encontra: Vamos, a rapariga será tua quando eles voltarem.

—Eles não se foram embora! Alguém os deve ter avisado! Olha, as coisas deles estão todas aqui! Tu! —diz ele, apontando para um dos criados que tinha sido acordado pela agitação. —Onde estão os vossos senhores e a menina Estela? Não me mintas, senão corto-te a cabeça!

—Eles foram de viagem, senhor — respondeu o velho criado, compreendendo a situação só de olhar para o letreiro no chão.

—Em viagem? Quando? Vi-os na missa há pouco tempo, não podem ter ido!

Florian gritava descontroladamente, furioso por ter acreditado durante todos estes anos que ela tinha tapado o rosto, que estava desfigurada como lhe tinham feito crer. O criado, apesar de velho, sabia o destino que esperava a pobre senhora se a entregasse. Além disso, não fazia ideia de onde ela estava. Por isso, continua a contar a sua história.

—Esta noite, como fazem sempre que vão buscar mercadorias, partem depois de escurecer. Vão à missa para pedir ao Senhor que tome conta deles e depois partem.

—Para onde?

—Para o reino.

—E porque é que levaram a Esthela? Nunca a levam!

Não sei, senhor. Há dias ouvi dizer que a tinham prometido a uma duquesa, como dama de companhia.

—Duquesa? Que Duquesa? Não o permito! A Estela é minha! Vamos, vamos atrás deles, não podem ir longe! Peguem fogo a tudo!

—Não faça isso senhor, não faça isso! O criado tentou, sem sucesso, impedir tal atrocidade, mas com um golpe de espada Floriano cortou-lhe a cabeça.

Os homens de Floriano partiram a todo o galope nos seus cavalos, depois de terem incendiado a casa de Estela. Quando os pais dela saíram para tentar salvar tudo, foram aparentemente mortos pelos guardas de Floriano, que corriam a toda a velocidade pela mesma estrada por onde ela e os irmãos estavam a fugir. Começaram a ouvir o coro de perseguição dos que os perseguiam.

—Lotha, não podemos deixá-la com os avós, senão eles encontram-na, estão com os cães— avisou Maurin.

—Eles vêm aí, os cavalos deles são melhores do que os nossos— disse Dustin assustado, ainda a apressar o seu animal. - O que é que vamos fazer, Lotha?

Aquele que se chamava Lotha, o irmão mais velho de todos, muito sério e responsável, dotado de uma inteligência extraordinária. Ficou pensativo por um momento, até que virou o cavalo para um caminho que conduzia à terra de ninguém.

—Lotha?

—É a única solução. Conheço uma cabana no meio do nada. Ninguém a vai encontrar lá. Escondemo-la e revezamo-nos a olhar por ela. Esthela, não tenhas medo, não vou deixar que o Florian te apanhe, esse mago sem coração, vou matá-lo na primeira oportunidade que tiver!

Os perseguidores estavam quase a chegar e, embora receassem entrar naquele caminho estreito, escuro e temido, este conduzia à floresta virgem e densa. Poucas pessoas decidiam visitar a floresta, por causa das temíveis lendas de animais que devoravam os humanos que nela entravam, por isso dirigiram-se para lá.

—Não tenham medo, irmãos— a voz de Esthela era clara e firme, —preferia mil vezes ser devorada por uma dessas criaturas do que cair nas mãos de Florian. Tenho a certeza de que são apenas lendas.

E, sem mais demoras, apesar de os cavalos se terem revoltado e se recusarem a entrar na floresta, entraram resolutamente. Os cães dos perseguidores não tardam a aperceber-se e seguem-nos também, quase os alcançando.

Nós vamos detê-los, minha irmã, tu foges, segue este caminho até chegares a um rio, vai para norte e chegarás a uma cabana, esconde-te lá. Pertenceu a um caçador que morreu há muito tempo. Foi ele que me trouxe aqui quando eu era jovem, por isso é que a conheço. Lá estarás em segurança, tenta não sair muito ou vaguear pela floresta, até que te possamos vir buscar, está bem?

—Vamos juntos! Florian vai matá-los! Ele é um selvagem!

—Não, não podemos. Os cavalos deles são melhores do que os nossos, temos de tentar despistá-los enquanto tu ficas em segurança— disse o irmão mais velho, Lotha, com uma voz firme. Escape Esthela, não faças com que isto que estamos a fazer seja em vão, vai! Nunca deixes que o Florian te apanhe, sabes muito bem o que ele é e o que te vai fazer!

E, sem mais demoras, deu uma bofetada no cavalo de Esthela, fazendo-o galopar, enquanto eles se retiravam por outra estrada, tentando afastar os perseguidores da sua querida irmã. Estela corria, agarrada à sela do cavalo na escuridão, quando de repente se ouviu um grito estridente, como se estivessem a ser atacados por um animal selvagem. Esthela olhou para trás aterrorizada, os seus olhos verdes brilhavam na escuridão e pareciam colidir com os vermelhos.

Aterrorizada, não parou para saber o que se passava, mas continuou a noite sem que nada lhe acontecesse, até que chegou à cabana ao amanhecer. Estava situada numa colina, no cimo de um rio. Atravessou a água e desmontou assustada, olhando insistentemente para ver se os seus irmãos a seguiam.

A cabana era feita de troncos grossos, e tinha apenas um quarto, com uma enorme lareira central e uma grande cama no centro. Estela assustou-se ao ver as botas a um canto. Estava tão aterrorizada que mal se aguentava de pé, embora tentasse com todas as suas forças não chorar quando viu que os irmãos não estavam em lado nenhum. O que lhes tinha acontecido? Será que Florian os tinha apanhado? Havia histórias aterradoras sobre ele e o pai na aldeia. E os pais dela, tinham escapado à fúria dele ou tinham morrido?

Tudo isto Estela se interrogava, de pé à entrada da cabana, quando uma sombra enorme, que lhe pareceu ser a de um pássaro imenso, se cruzou à sua frente no chão. Olhou para o céu e não viu nada, o que poderia ser aquele animal? Assustada, entrou e fechou a porta com a enorme madeira que possuía para o efeito, encolhida num canto junto à lareira, à espera de ver se os irmãos chegavam.

Será que todas as histórias e lendas que corriam pela aldeia eram verdadeiras? Diziam que este lugar era habitado por dragões enormes, juntamente com uma série de outros seres sobrenaturais estranhos que devoravam todos os humanos. O que é que ela ia fazer se isso fosse verdade, sozinha neste lugar?

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