- Vai ficar tudo bem - príncipe Adrian disse tentando não chorar ao ver o desespero da sua amiga mais antiga.
Eles estavam abraçados no chão escuro do jardim da casa de Helena. Os galhos caídos no chão arranhavam seus braços, mas nenhum dos dois se importou com isso. Helena chegou à casa após o trabalho e pegou as últimas palavras do pai. Ele era um senhor de idade, mas sempre foi forte, não se deixava levar por nada, mas uma gripe incurável o abateu.
- Meu pai... - Helena mal conseguia falar. Sua mente estava tão quebrada quanto seu coração, parte da sua família se desintegrara naquele momento, nada poderia trazê-lo de volta.
- Sim, eu sei, ele está bem agora - Adrian encostou a cabeça dela em seu ombro e acariciou seus cabelos até que ela se acalmasse.
Mas ela não se acalmou. O dia já estava quase amanhecendo, Helena ainda chorava. Adrian não deixou de abraçá-la nem por um segundo. Assim que o sol apareceu no céu, trouxe a princesa Charlotte junto. Ela veio do castelo buscar a amiga.
- Eu sinto muito, muito mesmo - Charlie levantou Helena do chão e a abraçou - Eu vim para te levar comigo.
O luto também passou pelo castelo. Os criados estavam mais quietos. A rainha estava pensativa. O rei chorou. Todo o reino sentiu a dor da morte por longos dias. O pai de Helena não era só mestre da guarda real, era amigo do rei. O amigo mais antigo e fiel. Ninguém nunca superou. O rei e a rainha levaram Lena para morar no castelo, eles agora eram sua única família. Cuidariam dela como sua própria filha.
Dois anos se passaram desde que o pai de Helena morreu. Ela estava mais forte. O rei não viu pessoa melhor para substituir o cargo do pai. Ninguém melhor que Helena. Alguns acharam insanidade, afinal ela tinha apenas dezoito anos e era uma mulher. Mas ele a achava ideal.
- Você ficou bem - o príncipe Adrian disse, eles estavam encostados em uma árvore no jardim de inverno do castelo.
Isolados do resto do mundo. Assim Helena continuou sua vida em seu mundo particular, sem se preocupar por ocupar um cargo onde achavam que as mulheres não podiam. Ela passou a dedicar seus dias a proteger a vida daqueles que carregaram junto sua dor quando não aguentava mais.