mel e café recém-passado impregnava o pequeno salão, misturando-se ao leve aroma de glacê de baunilha que ela ainda carregava nas mão
arcava cada segundo com uma precisão cruel. Ela sabia o que estava dentro daquele envelop
urmurou para si mesma,
como um soco: notificação de despejo. Prazo: trinta dias para quitar a dívida
ão para não cair. Tudo o que lutou para manter vivo nos últimos
avó estava ali, na lembrança, de avental florido, mãos firmes sovando massa
cia, amor e uma pitada de fé. A receita nunc
banquinho para alcançar a bancada. Sempre fascinada em ver
s olhos de volta à confeitaria vazia-. Pr
quela hora da tarde, quase ninguém aparecia. A sineta soou fra
ágrimas. Um sorriso treinado, mesmo que do outro lad
de trás. Veio buscar a encomend
ando a bengala no balcão-. Ainda tá de pé
forçando um sorriso. Pegou a caixa branca decorada com
de puro chocolate com recheio de brig
idosa, apertando a mão de Clara-.
re as suas, sentindo o calor que
, dona Zuleide.
não passava de uma gota num balde furado. Depois que a vizinha saiu, Clara
udo ecoando no pequeno salão. Ela
ia Martins,
io. Então uma voz mas
Clara M
Si
nto da notificação de despejo -a voz era impessoal, indiferente à dor que aquelas palavras causav
ntença. E quem estava por trás daquele escritório? Todos sabiam: a empresa dona do prédio, a me
, tentando manter a voz firme-. Vocês
aconselhamos procurar um acordo. -
mbros magros. Do outro lado do vidro embaçado, o letreiro antigo balançava com o vento:
a pra vender cada brigadeiro, cada fat
ue engolir meu orgu
l, sorriso gelado, olhos que sempre souberam onde ferir. O herdeiro de tudo isso. O homem qu
e a própria avó estivesse ali ouvindo-. Eu
eriu o caixa. Um gesto pequeno, mas suficiente para lembrar a si mesma de que ainda
não era mais aquela menina assustada escondida atrás do balcão. Ag