, imponente e desgastado pelo tempo. Rafael Delgado desceu com cautela, sentindo o peso da mala de couro em uma mão e uma pasta surr
afé fresco e o perfume doce e inebriante das flores vendidas nas barracas da estação. O barulho da multidão era um murmúrio constante - convers
entre o passado glorioso e o presente incerto. Rafael nunca imaginara pisar ali, naquela cidade que até pouco temp
estos. A pele morena, o rosto marcado pela herança latino-americana, faziam-no sentir-se, por um instante, deslocado naque
heiro do pão fresco vindo das padarias e o som distante de uma acordeonista tocando uma valsa francesa criavam um cenário quase ci
ma certa melancolia nos olhos - talvez a herança recente da guerra ainda pairasse sobre eles. Vendedores ambulantes ofereciam
nos muros, o murmúrio do Sena que ele não podia ver, mas sabia próximo. Pensava nas histórias que sua mãe lhe contara sobre
os da beleza parisiense ou a força das mulheres que cruzavam aquelas ruas em busca de liberdade e identi
ta era aberta. Sentiu uma pontada de solidão ao entrar e pedir um café au lait. O aroma quente do ca
circulava apressado entre as mesas, equilibrando bandejas com taças de vinho e pratos de que
uma voz suave e curiosa o
jovem, cabelos castanhos claros presos em um c
eu com o francês que aprendera aos pouc
conversa fluiu naturalmente, e por um breve momento, Rafael sentiu-se menos estrangeir
ebia seu café -. Alguns aparecem de imediato, outros s
regavam mais do que uma simples observação - era
s graves preenchendo o ar com um eco quase solene. Rafael olhou para cima, para a silhueta
eirada. Dentro, figuras esculpidas em madeira e telas coloridas capturavam cenas da vida parisiense e da natureza
ra cumprimentá-lo. Seu nome era Madame Lefevre, e logo perceberam uma afinidade em suas histórias - ela t
a força necessária para reconstruir uma vida em uma cidade marcada por cicatrizes invisíveis.
e proteger. As gotas formavam pequenos círculos nos paralelepípedos, e o som da chuv
nada que o levaria por vielas escuras e salões ilum
janela e olhou para as luzes difusas da rua abaixo. A carta da mãe repou
ntimentos e planos. O peso do passado e a promessa do futuro se entrelaçavam, c
Paris parecia lhe sussurrar segredos - segre
el D
e: 2
tina (descendência latina,
anguloso, com uma cicatriz fina na sobrancelha esquerda - lembrança de uma briga na juventude. Veste-se com elegância simples, quase auste
a pouco, mas suas palavras são ponderadas e carregam peso. Possui um senso agudo de justiça, e uma vontade qu
prio lugar entre duas culturas. Carrega uma melancolia latente, mas também uma esperança firme. S
a, habilidade em desenho (talvez uma herança da mãe artista), e um talento natural para o
gu
e: 2
: Buen
laros e olhos verdes intensos. Tem um sorriso aberto e uma ri
l. Apesar de ser amigo desde a infância, tem um jeito mais leve e descontraído, semp
me que ele se perca demais em lembranças e fantasmas. É
ar para assumir os negócios da famí
mplicado com uma jovem do bairro, que po
ai
e: 2
Paris,
e simples, olhos azuis brilhantes e expressivos. Trajes modestos, mas de b
ca, especialmente jazz. É curiosa e aberta, com uma sabedo
viver uma vida mais livre, dedicada à arte e à escrita. É
s familiares, além de lidar com a precariedade financeira da juventude
me L
e: 6
em:
da intensa. Cabelos grisalhos presos em coque impecável, olhos castanhos que parecem penetrar
ora para Rafael. Traz em si a força e a resiliência dos que viveram tempos
como ela, carregam feridas invisíveis. Tem um passado marcado pela resistência c
mente, lutando para aceitar que o mundo mudou e que a juventude p
nvés do navio, última
lmas. No convés quase vazio, Rafael e Miguel estavam sentados lado a lado, co
fazer isso, Rafa? - Miguel pe
. Não posso continuar vivendo entre de não acendia. - É uma loucura deixar tudo para trás
. - Não encontrar nada é uma possibilidade. Mas não tentar,
cando a ternura do momento. - Então vai lá,
o medo que não precisavam verbalizar. Naquele instante, a amizad
re - No café
da acordeonista que tocava no canto do salão. Rafael sent
ela perguntou, ajeitando
stou tentando entender est
- Paris tem esse efeito em quem chega. E
intrigado.
nela, onde a chuva começava
com um brilho nos olhos -. Algumas belas, outra
um convite para confiar, para dividir
ha de sonhos que luta contra os pesadelos da realidade. Mas você,
mples, mas carregado de significado. Era o
e Lefevre - No
o os poloneses dançarem no ar pesado de tinta e madeira. Rafael observava a
ação no olhar - disse ela,
postas - respondeu
postas vêm, mas nem sempre como esperamos
dela, marcadas pelo
u ela -. Muitos fantasmas ficaram par
também um alívio. - Eu preciso entend
ela, com um olhar firme -. E saiba que, às v
onversa na madrugad
da rua. Rafael estava sentado na beira da cama, mexendo nas cartas antigas que trouxera da América L
está viva? - Miguel pergun
olhando para as c
reditar que sim. Essa espera
arro na janela, sem
ão quiser se
a viver com isso - Rafael resp
e perder por isso? - Mig
u, olhos brilha
essário se perder
o parque Buttes-Cha
vam sob os pés dos dois enquanto caminhavam por uma trilha pouco movimentada. O
rguntou, apontando para o c
r para mim - ele respondeu, folh
do-se em um banco
algum dia. Arte é uma
lado dela, sentindo
e quer fazer c
u para o cé
órias que ninguém mais ousa c
por um instante, o
agem para isso. E às vez
rilho doce e vul
ame Lefevre - Encont
iscutindo com fervor sobre Sartre e Camus. Rafael encontrava-
minha juventude - ela diss
eguir em frente? -
omos, mesmo que doa. E a fé nas pessoas. Naqu
ça, sentindo a verda
que vou encont
pegou sua mão,
eiro necessário. Mas
e instalou, e o barulho a
estar aqui -
olhos cheios
está sozinh