Aires
enha começavam a ganhar vida aos poucos, com os passos apressados de trabalhadores, o tilintar das rodas dos carrinhos de feira e o canto distante dos primeiros pássaros anunciando o novo dia. O ar estava impreg
cessante: trabalhadores carregando caixas e sacas, gritos e ordens em vozes roucas, o ranger das corrente
os, que Rafael Delgado encontrava se
ronto para cruzar o Atlântico. Seu corpo tremia levemente, mas não era só o frio matinal que o fazia estremecer. Havia um tu
enas e espanholas que lhe davam um rosto forte e expressivo. Seus olhos castanhos profundos, escuros como a noite, estavam fixos no horizonte, busc
rnadas que ele já havia feito e das que ainda teria de enfrentar. Na outra mão, uma pasta sutilmente dob
ca imaginou buscar, mas que agora se tornavam seu único farol. O passado oculto de sua família, o
a a consciência da magnitude do que estava por vir. Atrás dele, a cidade começava a pulsar em sua rotina diária: as mulheres apressadas carregando sacolas
luminado por um sorriso misto de orgulho e apreensão. Os cabelos castanhos desgrenhados e a pele
ma voz carregada de emoção. - Paris é um mundo c
dilatadas, refletindo a luz da manhã
a dúvidas e sombras. Essa carta... essa mulher... Henriett
amigo com força, como se quisesse trans
eça de onde veio. E de quem
ou a se dispersar, e os últimos abraços e despedidas se tornaram ecos no ar frio do ama
. Pessoas de todos os tipos se amontoavam, carregando suas próprias histórias, suas esperanças e seus medos. Crianças corri
arecia um santuário para seus pensamentos. Ele sentou-se ao lado da janela e olhou para o ma
de de Buenos Aires começou a desaparecer no horizonte, abandonand
s com sua mãe, o sorriso cansado dela ao contar histórias da família, as noites silenciosas em que ele a escutav
ivo da mãe ao entregar-lhe a carta. Ela havia hesitad
undo. Às vezes, é preciso mergulhar fundo para encon
queria derramar. Ele sabia que aquela jornada seria mais do que uma viagem - ser
dão do mar. Rafael Delgado, com o coração pesado, mas a alma acesa por uma e
o dia, começava sua travessia - rumo a Pa
a, afastando-se lentamente do cais movimentado de Buenos Aires. Raf
as pontes que cruzavam o rio como guardiãs sile
, naquele convés, histórias como a dele começavam e terminavam a cada instante. A sensação era de estar
provisado, dedilhava as teclas com uma leveza que contrastava com o barulho mecânico das máquinas. A música era
-se da infância em Buenos Aires, dos bailes de fim de semana em que seu pai, ausente desde sempre, jamai
la oval pela qual o mar azul se estendia infinito, era um espaço de refúgio e introspecção
jamais imaginara: uma linhagem entrelaçada com mistérios europeus, uma mulher chamada Henriette qu
a, mas espiritual - uma busca para preencher o
cansados dos passageiros, que se acomodavam para enfrentar a longa travessia. O ar estava impregnado de conversas em diver
gentileza. Um homem robusto, de bigode grosso, puxava uma conversa animada com um jovem casal. C
amareladas, escrevia desde menino, registrando seus sonhos, dúvidas e esperanças. Naquela noite, as palavras fluíram com mai
, a Cidade Luz, onde as ruas antigas guardavam segredos e promessas. Ele imaginava as aveni
cido e a incerteza sobre Henriette pesavam em seu coração. O passado da
a leve na porta. Miguel, que decidira acompanhá-lo
ntrando com cuidado. - Pensei que talvez você
indo uma mistura de
iguel. Isso s
futuro. Miguel falou sobre a vida simples que abandonavam, os amigos, a família.
u sozinho, olhando pela janela para o mar escuro. A viagem apenas começava,
lhos e murmurou
me espere. Porque eu estou vi
fael rumo ao desconhecido, o primeiro capítulo de sua