ítu
sa das
anha-céus como milhares de diamantes cintilantes. O céu, de um azul quase irreal, estendia-se sem uma ú
bastados e a elite local misturavam-se em um balé social cuidadosamente coreografado. A música ambiente, uma mistura sofisticada de bossa nova e jazz contemp
isticamente montados. O aroma de frutos do mar frescos e ervas finas pairava no ar, misturando-se com o perf
e surgiu durante seus anos de faculdade e que nunca conseguiu abandonar completamente. Dali, a vista era de tirar o fôlego: o mar se estendia até o horizonte em um degradê de
ado ao longo dos anos para esconder qualquer sinal de vulnerabilidade. O tecido fino do blazer, escolhido cuidadosamente naquela manhã, agora parecia pesado demais para o cal
, uma concessão rara à informalidade. Seus olhos, de um castanho intenso que podia parecer quase dourado sob a luz certa, refletiam uma mistura de orgu
pudesse encontrar respostas nas profundezas carmesins da bebida. O vinho era caro, um Merlot premiado que custava mais do que e
as duas, sua voz carregando um tremor quase imperceptível. - Você tinha que ver o estado dele. Ass
eu sofá, o rosto manchado de fuligem, os olhos ainda arregalados pela adrenalina, as mãos tremendo leve
ral de Ana. Diferente de Ana, Bianca tinha uma presença mais relaxada, mais aberta, como se estivesse perfeitamente confortável em sua própr
a. Também usava um blazer sobre uma blusa verde-água, as mangas dobradas revelando alguns braceletes coloridos, com um ar bem fashion, misturando uma postura de mulher com um toque de menina. Era o tipo de estilo que parecia casual, mas que Ana sabia exigir um esfo
velos apoiados na mesa de madeira escura, os braceletes tilintando suavemente com o movimento. Sua voz carregava uma nota de
vimento hipnótico do vinho. A luz do sol atravessava o líqui
o inferior, um gesto que traía sua insegurança. - Mas também estou preocupada. Rafael sempre
emoção que ela não conseguia nomear completamente. Era medo, sim,
a com o merlot de Ana – assim como suas personalidades frequentemente contrastavam, complementando-se.
um movimento decidido, o vidro encontrando a madeira com um som suave mas definiti
parecia dividido em categorias claras: certo e errado, bom e mau, verdadeiro e falso. Ana, por outro lado, vivia nas
pequena e, ao mesmo tempo, cheia de possibilidades não realizadas. Os arranha-céus, imponentes e majes
e pretendia. Algumas cabeças nas mesas próximas viraram-se momentaneamente em sua direção, fazendo-a encolher-se internamente. - O carro explodiu,
mente tola pela demonstração. Havia algo em seu tom que ia além da preocupação – uma espécie de ressentimento, talvez até invej
e Bianca estava vendo além das palavras, além da fachada cuidadosamente construída, direto para o coração da questão. O barulho das conversas ao redor parecia aumentar,
a primeira a concordar com Ana, a oferecer apoio incondicional, a ser o eco que Ana frequentemente precisava. Mas hoje havia algo diferente em seus olhos, u
s. Ela sentiu o calor subir pelo pescoço, colorindo suas bochechas c
m um gesto que, em qualquer outro momento, Ana teria considerado condescendente e irritante. Hoje, porém, havia algo
stava deliberadamente ignorando, cada dedo erguido como uma acusação silenciosa. - E agora, vai que esse empresár
ergia positiva, manifestações e destino. Ana, pragmática até a medula, sempre teve dificuldade em compreender essa faceta d
utra taça de vinho quase automaticamente, ignorando o olhar brevemente preocupado de Bianca. Ela precisava do álcool agora, precis
um quebra-cabeça particularmente complexo. Quando ficaram sozinhas novamente, o silêncio entre elas parec
mente – orgulho ferido, orgulho defensivo. Mas também havia algo mais profundo – um medo que ela mal conseguia admitir para si mesma, quanto mais para Bian
para serem ditas em voz alta. Ela não olhou para Bianca enquanto falava, não podia enfrentar o julgamento que sabia que encontraria. - Sei
r seu rosto como uma nuvem passageira em um dia ensolarado. O garçom voltou com a segunda taça de vinho, colocando-a silenciosamente
mando pequenas ondas contra o cristal. Como sua vida – aparentemente calma na s
regada de uma mistura de surpresa e desaprovação que fez Ana se encolher internamente.
a que via o melhor nas pessoas, a que oferecia segundas chances e benefícios da dúvida. Vê-la
r seus pensamentos mais íntimos expostos tão cruamente, como se fossem algo s
as, ensaiadas, como linhas de um roteiro que ela não acreditava realmente. - É só que... eu também tenho sonhos, sabe? Quero viajar, co
ava, planejava. Não era culpa dele que o mundo não oferecesse as mesmas oportunidades para todos, que algumas porta
o estava prestes a dizer algo que sabia que o interlocutor não queria ouvir. Seus olhos, normalmente calorosos como chocolate derretido,
rúrgica. - Ganhamos praticamente o mesmo. E o Rafael no seu trabalho que pra você é bem mais ou menos, se brincar ganha mais que nós duas juntas. Ele econ
ua garganta, espalhando um calor momentâneo que não chegava a tocar o frio que se instalara em seu peito. Lá fora, o Sol começa
has verdejantes ao fundo, o azul infinito do oceano. Era uma vista de tirar o fôlego, o tipo de paisagem que aparecia em cartões postais
carregada de memórias dos primeiros dias juntos, quando os sonhos dele pareciam encantadores, inspirado
areciam ver além da superfície, falando com paixão sobre seus planos, sobre como queria construir algo significativo, deixar uma marca no mundo. Na
nos de Ana, sua expressão uma mistura de compaixão e desafi
inado, testando o terreno antes de cada passo. Havia uma gentileza em sua voz agora, mas também uma firmeza inabalável que Ana conhecia
pronta para enfrentar. Era como se Bianca tivesse alcançado dentro de seu peito e exposto seus medos ma
ãos tremiam levemente, fazendo o vinho oscilar na taça como um pequeno mar turbulento. Ela colocou a taça na mesa com cuida
morava algo, as taças de champanhe erguidas em um brinde, os sorrisos brilhantes sob a luz dourada da tarde. Um grupo de executivos discutia animadamente um ne
de Bianca ecoavam em sua mente, despertando dúvidas e inseguranças que ela vinha tentando ignorar há meses, talvez anos. Eram como
esse operando no piloto automático, seguindo um roteiro pré-determinado enquanto sua mente aind
r status, a necessidade de aprovação externa, a sensação constante de que nada era suficiente. Deixou algumas notas sobre a mesa para cobrir sua pa
explicações ou desculpas, ela saiu do bar, sentindo o peso d
acalmar o turbilhão de emoções que a consumia – raiva, vergonha, confusão, medo. Lá embaixo, a cidade pulsava com vida – c
ua frustração para aquele simples ato. O painel digital mostrou que o elevador estava no térreo, subindo lentamente. E
o ruído de seus próprios pensamentos tumultuados. Por um momento, ela considerou ignorá-lo – provavelme
ho, deslizando o dedo pela tela para desbloque
ncrível que aconteceu hoje. Mal poss
s olhos que ela se recusava a reconhecer como lágrimas iminentes. As palavras de Rafael, tão cheias de ent
penas um vago desconforto, uma sensação inquietante de que algo estava prestes a mudar de forma irre
lhado, que refletia sua imagem de volta para ela – o blazer branco agora ligeiramente amassado, o rosto co
vislumbrou Bianca ainda sentada à mesa, observando-a com uma expressão que misturava preocupação e decepção, como se estivesse
com seu reflexo multiplicado infinitamente nos espelhos que revestiam o elevador. T
detalhes luxuosos que normalmente a fariam parar e admirar – o piso de mármore italiano, os arranjos florai
u seu celular novamente, abrindo o aplicativo de transporte com dedos que haviam recuperado parte de sua firmeza. Precisava ir para casa. Precisava pensar. Precisava entend
em sua mente, como um mantra indesejado que se recusava a ser silenciado
ída com distinção, o emprego estável, a aparência cuidadosamente mantida, as conexões sociais cultivadas? Como poderia
de pânico crescendo em seu peito, espalhando-se como tinta em água, colorindo cada pensamento com to
questionava: era isso mesmo que ela precisava? Ou era o que achava que deveria querer, o que havia sido c
culavam pela área. Ana entrou no veículo automaticamente, murmurando seu endereço para o motorista, um ho
m trabalhava, onde teriam que fingir que esta conversa nunca aconteceu, onde teriam que manter a fachada
sol poente. Os edifícios brilhavam como ouro, as janelas refletindo a luz em milhares de pontos cintilantes. Era boni
igando para amigos, compartilhando a notícia, seu rosto iluminado por aquele sorriso que ela costumava achar tão encantador. E
feminina que cantava sobre amor perdido e segundas chances. Ana fechou os olhos, deixando que a melodia a embalasse, tentand
, três pessoas – Rafael, Ana e Bianca – estavam prestes a descobrir que algumas escolhas, uma vez feitas, não podem ser desfeitas. Que alguns caminhos, u
spreocupados, conectados de uma forma que ela não conseguia lembrar de ter sentido com Rafael há muito tempo. Seria possível recuper
eflexão antes do plantão, Ana não tinha respostas. Apenas perguntas, dúvidas, e a sensação crescente de que est